Gostaríamos enormemente de
ter iniciado 2015 com a
tradicional saudação de
feliz ano novo, com o desejo
de paz e prosperidade para
todos, saúde e dinheiro no
bolso. É... Este continua
sendo o nosso desejo, mas,
infelizmente, alguns casos
não se resolvem tão somente
na passagem de ano, na
virada da folhinha, no olhar
das paisagens estampadas no
novo calendário. Não. Quando
se trata da realidade, os
brindes de ano novo não
fazem sumir os problemas,
podem nos causar ressaca e
estragar o fígado.
Quando se trata da
realidade, estamos
observando a seguinte
tradição: começarmos o novo
ano com um triste acordo
velho. Triste porque em nada
conseguimos avançar.
Vejamos:
- A proposta de acordo
rejeitada em dezembro
último, em grande parte, é
composta por cláusulas
apenas de renovação, que já
estariam asseguradas pela
Súmula do TST, Enunciado n°
277, que trata da
ultratividade dos acordos
coletivos; e
- Os índices expressos na
parte financeira são
oriundos da Convenção
Coletiva de Trabalho (CCT),
conquistados pela
mobilização da categoria
bancária, e replicados na
proposta de ACT apenas em
parte.
As alterações apresentadas
se manifestam como:
a) alterações de cunho
administrativo, que
independem de acordo
coletivo:
- antecipação do período de
promoção; e
- unificação dos cargos de
nível médio do PECS.
b) aumento dos dias de gozo
da licença paternidade, algo
já previsto e tratado em
negociações anteriores.
c) retirada da gratificação
salarial anual (o abono)
habitualmente paga; e
d) nova promessa de um GEP
Carreira modificado, em
substituição ao já acordado
e ainda descumprido, que é
hoje apelidado pelos
corredores de “gepinho”.
De todas, esta última parece
ser a que mais desceu mal ao
corpo funcional. Depois de
anos ouvindo o discurso de
valorização, meritocracia da
carreira técnica, concessão
de níveis de senioridade;
depois de propaganda
reiterada; depois de ter
contado com a contratação da
renomada FIA - Fundação
Instituto de Administração
para o seu desenvolvimento;
depois de tudo acordado, de
prazos dados, vencidos e
renovados; depois de tudo
isso, repentinamente, assim
como se virou o ano, o GEP
também virou outra coisa,
completamente estranha ao
corpo funcional. E a
explicação é?... Decidiu-se
por outro caminho.
Pergunta-se: esqueceu-se de
que já havia algo acordado?
O “NÃO”, expresso em
dezembro, foi a manifestação
de que o corpo funcional não
esqueceu. E é isso que nos
traz aqui. Contudo, quais
são os caminhos?
A AFBNDES, após o resultado
da última AGE e de nova
rodada na qual a situação
permaneceu inalterada, tem
atuado no sentido de:
1- buscar traçar os próximos
passos de nossa negociação,
e, não obstante as
dificuldades impostas pelo
calendário do fim de ano,
oficiamos as entidades
sindicais conforme o art.
617 da CLT, de modo que se
manifestem em até oito dias
para retomarmos o processo
negocial; e
2- buscar, de maneira
independente, auxílio
jurídico externo, para
avaliarmos os caminhos
alternativos em caso da
manutenção do cenário atual.
Entretanto, o melhor caminho
sempre será o Acordo. Do
contrário, qual a garantia
de resultado? Greve por
tempo indeterminado foi
recusada pela última
assembleia. Teríamos que
fazer nova consulta sobre o
tema? E em caso de dissídio
coletivo, o que se ganha?
Contudo, uma consequência é
certa: ficaria sacramentada
a falência do processo, e o
resultado disso não é bom
para ninguém.
Até o momento, não nos cabe
comemorar: temos um triste
acordo velho em mãos. Não
morremos de véspera como a
ave natalina. Não nos cabe
agora pagarmos o pato, e
sermos foie gras, a
pasta feita do fígado
inchado de patos, gansos e
marrecos, após lhe
empurrarem algo goela
abaixo. A proposta
apresentada pelo Banco
precisa mudar. E assim ser
apreciada, não apenas com o
sentido de examinar,
avaliar; mas de gostar,
prezar, dar apreço, mostrar
admiração, estimar valor.
Pelo que se vê até agora,
não temos nada disso. A
AFBNDES faz votos de que a
virada do ano minimamente
tenha sensibilizado a
Administração do BNDES, pois
dar valor também significa
dar ouvidos. O corpo
funcional disse não. A
Administração parece que
ainda não ouviu.
Estimamos melhoras. Estamos
em busca de um melhor
resultado para todos.
Desejosos do recomeço, de
fato, de um ano novo e bom.
Precisamos disso.
A DIRETORIA
(Texto publicado
no Informativo
Extra, em
8/1/2015) |