“(...) Num país tropical, abençoado por Deus e bonito por
natureza...” – “País Tropical”, de Jorge Ben Jor
Fim
de um ano de forte
crescimento e nova
presidente eleita para o próximo
quadriênio. Crise nos países
desenvolvidos e crescimento
nos em desenvolvimento, uma
situação inusitada e
complexa!
Comunidade Europeia, EUA, Japão, China & Índia e Nós
Europa: se der certo estraga!
A
zona do Euro, exceto
Alemanha e França,
encontra-se sob as regras rígidas
do receituário amargo a
la FMI.
Desse
remédio já tomamos: é
tóxico, lento e não dá
certo. Por conta dele
abdicamos de um crescimento
médio de 7% a.a. nos
cinquenta anos anteriores ao
acordo assinado com o Fundo,
em 1983, para passarmos para
um sofrível patamar médio
de 3% a.a., nos últimos 30
anos. Se, por hipótese, tivéssemos
achado o Pré-Sal nos anos
1970 e tivéssemos
continuado a crescer a 7%,
nosso PIB seria, hoje, em
2010, de US$ 6 trilhões,
atrás apenas dos EUA e na
frente da China. Entretanto,
a triste realidade é que
nos
“desindustrializamos” e
acumulamos nesse período
todo tipo de mazelas
sociais, que só agora começamos
a melhorar por orientação
do último governo que avançou
no enfrentamento dessas
questões. Por fim, se der
certo, estraga, ou seja, se
o aperto e a estagnação
provocarem a apreciação do
Euro como acontece com o
Real, a China avança no comércio
com seu Yuan “baratinho, né?”.
EUA dos republicanos!
O
Obama do “nós podemos”,
da esperança democrata, a
refém dos republicanos.
Resultado: um presidente
“amarrado”, na metade de
seu mandato, sem
possibilidade de exercer
plenamente a política econômica
(fiscal) para promover a
recuperação
norte-americana. Resta, tão-somente,
pelo caminho econômico:
emitir, emitir e emitir para
depreciar o Dólar e tentar
competir como o Yuan.
Japão, o Império do Sol nascendo entre nuvens!
O
Japão era a China até os
anos 1990, enquanto manteve
o Iene depreciado, forte
crescimento e a tendência a
encostar no PIB americano
– até aceitar a recomendação
de valorizar sua moeda no
acordo secreto do G5 (EUA,
Japão, Alemanha, Reino
Unido e França) realizado,
em 1985, no Plaza Hotel de
Nova York. Resultado: até
hoje amarga uma recessão
permanente e foi
ultrapassado pela China.
China, a Grande!
Tudo
lá é grande – a Grande
Marcha, a Grande Muralha, a
Grande população, a Grande
extensão territorial.
Devido à grande população,
tudo tem que ser controlado
e planejado. País com 1,3
bilhão de habitantes,
qualquer quebra de safra
representa fome de milhões,
ou uma epidemia onde muitos
correrão risco de morte. A
Economia é planificada e
segue planos quinquenais
desde 1953. Em 1984, Deng
Xiaoping – o secretário-geral
do PCC de
1976 a
1992 – implantou a
modernização da Economia
na agricultura, indústria,
comércio na tecnologia e no
exército. Criou o sistema
de Zonas Econômicas
Especiais, onde seria
permitido a associação com
empresas externas com acordo
de repasse de tecnologia. O
sucesso dos planos
quinquenais constata-se pelo
crescimento. É a economia
que mais cresce nos últimos
25 anos – 10% a.a.. Em
2009, ano da recessão
mundial, cresceu 8,7% e
passou o Japão, ocupando a
segunda posição, atrás
dos EUA. Hoje, o Grande Dragão
chinês, com suas
mercadorias a preço de
liquidação e sua grande
fome por “commodities”,
representa um desafio para
as economias ocidentais.
Índia, a Enigmática!
País
de grandes contrastes, com
1,1 bilhão de habitantes,
é a maior democracia da
terra. Alguém já disse que
tudo o que se fala da Índia
é verdade, tanto nos
aspectos positivos como nos
negativos. Tudo cabe!
Após sua liberação
da colonização britânica,
em 1947, apesar de um
processo político complexo,
também recorreu a planos
quinquenais. Sua economia
custou a deslanchar nos
primeiros anos, mas a partir
dos anos 1970 conquistou
grandes avanços em energia,
tecnologia e na área
aeroespacial. Na década de
1990 engrenou um forte
crescimento na área de
tecnologia da informação e
comunicações. Cresce a
mais de 7% a.a. nos últimos
20 anos – 7,4% em
2009. A
lição aprendida com a
dupla China & Índia
é que com autodeterminação
e planejamento oficial não
parece haver crises e
limites para o crescimento.
Aparentam ter, “na mão”,
o controle de suas
economias.
Nosso País: oportunidade ou crise?
Jorge
Ben Jor sintetizou em “País
Tropical” o que é o nosso
país: “abençoado por
Deus e bonito por
natureza”. Só faltaria
incluir: “mas que riqueza
(mal distribuída)!”.
Na
próxima década temos uma
carteira de excelentes
projetos econômicos e
oportunidades: o Pré-Sal, a
energia do etanol, a
biomassa, a energia limpa
das hidroelétricas, os
projetos ambientais de
preservação, a
infraestrutura –
entremeados por grandes
eventos esportivos.
No
curto prazo, entretanto,
temos que solucionar alguns
desafios, fundamentalmente,
o resgate da dívida social,
trabalho bem iniciado, mas
que temos que avançar
rapidamente através dos
investimentos oficiais. Não
podemos continuar a ser o País
naturalmente muito rico, com
população muito pobre. Não
é justo e não faz sentido!
Entretanto, um alerta: temos
que desarmar a armadilha
representada pela taxa de
juros mais alta do planeta.
Num mundo cheio de liquidez
na mão dos operadores
financeiros, essa taxa e os
bons fundamentos financeiros
conjunturais brasileiros
fazem o delírio dos
capitais corredores, que no
primeiro sinal de risco voam
para os treasuries bonds.
A apreciação artificial do
Real provocando déficits
crescentes no saldo de
transações correntes é o
nosso verdadeiro “risco-Brasil”.
Resumo da Ópera: Planejar é preciso!
Dos
quatro do BRIC somos o único
que não recorre a um
sistema de planejamento
oficial, já que a Rússia,
após as experiências de
“mercado” mal sucedidas,
retorna ao sistema, com a
dupla Putin/Medvedev. China
e Índia, que o fazem há
mais de 60 anos, são os
espetáculos do crescimento!
Portanto,
diante dos desafios, temos
que retornar a um
planejamento estratégico
oficial e lançar um
Plano de Desenvolvimento
Nacional, que organize o
caminho para o resgate do
nosso passivo social e econômico,
nos colocando em linha com o
crescimento permanente dos
nossos companheiros do BRIC.
Com
a palavra e a ação, a nova
Presidenta da República!
No mais, Boas Festas e um Feliz Ano Novo para todos! Para nós e para o
Brasil.
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