Meu caro Demian Fiocca a quem saúdo
pelo seu espírito público e congratulo
pelo bom trabalho realizado à frente do
BNDES. Sei que recebo o Banco em ascensão
operacional e em processo de aperfeiçoamento
no campo da gestão.
Senhores empresários, Meus colegas
benedenses, Companheiros e Amigos,
Minhas Senhoras, Meus Senhores.
Quero, de início, homenagear o
Presidente Lula pela sua profunda
identificação com os anseios do povo
brasileiro por progresso, justiça e
esperança. Recebi do Excelentíssimo
Senhor Presidente a orientação de
colaborar junto ao Ministério do
Desenvolvimento na implementação de
uma política industrial de grande
envergadura. Uma política que dinamize
economia, acelere a criação de
empregos e promova a igualdade de
oportunidades. Sinto-me feliz por ter
recebido essa orientação que coincide
plenamente com os meus sonhos e convicções.
É inequivocamente mérito do Presidente
Lula ter conduzido o Brasil às portas
de um novo ciclo de desenvolvimento.
Finalmente! - depois de duas décadas e
meia de desempenho medíocre - a
economia brasileira pode criar condições
para crescer de forma sustentada a taxas
próximas de seu elevado potencial. Mais
do que o crescimento, almejamos o
desenvolvimento social, cultural,
ambiental e econômico do nosso país.
Não temos, porém, o direito de nos
enganar. A possibilidade de sonhar, o
raio de manobra que conquistamos graças
à recente consolidação da
estabilidade, tudo isso é fruto da rápida
e notável reviravolta de nossa posição
externa nos últimos anos. Transitamos,
com velocidade, de um estado de extrema
vulnerabilidade para uma situação de
robustez cambial relativamente confortável
graças à pujança do superávit
comercial em moeda forte. Não nos
iludamos quanto à necessidade de manter
o equilíbrio a longo prazo do balanço
de pagamentos, para que possamos
continuar desfrutando dos beneficios da
baixa volatilidade cambial - portanto,
de inflação estabilizada. Essa preciosíssima
e recente conquista confere autonomia ao
Estado brasileiro para empreender políticas
de desenvolvimento. Políticas que, num
ambiente democrático, devem refletir
escolhas públicas e anseios da
sociedade brasileira.
Balanço de pagamentos equilibrado a
longo prazo requer a persistência de um
superávit comercial suficientemente
alto para financiar nosso déficit
estrutural na conta de serviços não-fatores
e honrar o serviço (juros e lucros) dos
passivos externos. Superávit
suficientemente alto, também, para a
sustentação de reservas de divisas em
escala adequada para garantir confiança
aos investidores e solvência ao
movimento de capitais e investimentos
diretos. Portanto, é essencial que o
crescimento de nossas exportações seja
firme e compatível com o crescimento
também firme do fluxo de importações,
especialmente as necessárias ao aumento
dos investimentos. Por isso o BNDES
continuará desempenhando ativamente seu
papel de banco brasileiro de comércio
exterior.
Escusado lembrar o óbvio: sem a elevação
continuada da formação de capital não
há como sustentar o desenvolvimento sócio-econômico,
a estabilização e o equilíbrio
externo. Sendo assim, a subida
persistente da taxa nacional de poupança
e investimento é objetivo macroeconômico
chave. O esforço maior do BNDES estará
concentrado na consecução desse
objetivo, com a indispensável contribuição
do setor privado.
Não nos enganemos, também, em relação
à outra condição fundamental para o
desenvolvimento. Além da robustez
externa, há pela frente o desafio de
completar e consolidar o processo em
curso de fortalecimento fiscal e
financeiro do Estado.
No Brasil de hoje, a premência em
empreender os investimentos eficientes
de alto retomo social em educação, saúde,
meio ambiente, saneamento, habitação,
ciência e tecnologia e a urgência em
deslanchar inversões infra-estruturais
em energia e logística requerem um
incremento substancial da capacidade
fiscal do governo.
Em prol do aumento dos gastos de
investimento socialmente eficientes
previstos no P AC, será preciso
disciplinar os gastos ineficientes,
cortar os desperdícios e superposições,
evitar o acúmulo irrefletido de obrigações
perdulárias que se projetem para o
futuro. Além do controle quantitativo
é hora, portanto, de aprofundar a
qualidade do esforço fiscal, no momento
em que a continuidade da queda das taxas
de juros economiza encargos e abre espaço
para substancial melhoria das condições
de financiamento do Tesouro Nacional. A
continuação desse processo abrirá,
também, espaço, esperemos, com a ajuda
do Congresso Nacional, para a
racionalização e suavização da carga
tributária.
Não é
demais sublinhar que a execução
do P AC é condição imprescindível
para crescer. Não há dúvida que
investimentos em infra-estrutura -
prioritariamente energia e sistema viário
- precisam ser acelerados. Para isso, além
da poupança pública, é decisiva a
participação do setor privado. O BNDES
dará suporte pró-ativo à necessária
coordenação entre empreendedores,
banca e o mercado de capitais na
estruturação de funding adequado,
especialmente para os projetos de maior
porte. As onze "salas de situação"
que administram a execução do P AC na
Casa Civil da Presidência da República
terão do Banco - sem medir esforços -
todo o apoio que se fizer necessário.
Senhoras e Senhores. A indústria de
transformação precisa voltar a
funcionar como motor propulsor da
economia brasileira. Embora hoje
represente apenas 18% do PIB
ela é fundamental. Suas
conexões para frente e para trás
promovem efeitos dinâmicos sobre 70% da
economia e, assim, desempenham
papel-chave para o crescimento do
emprego, da renda e da inovação técnica.
No entanto, para cumprir esse
papel-chave - além de condições
macroeconômicas que, esperemos, sejam
cada vez mais benignas em matéria de
taxas de juros e de taxa de câmbio - a
indústria precisará acelerar os seus
processos de inovação em todos os
planos: novos produtos diferenciados,
novos processos, aumento contínuo de
produtividade e de avanços na qualidade
da gestão e da governança. Na concepção
abrangente do grande Joseph Schumpeter,
a inovação tecnológica é a mola
propulsora da criação de dinamismo e
de capacidade de competir dos sistemas
nacionais. Por isso, a inovação no
plano empresarial deve merecer estímulo
e apoio sistêmico com empenho
redobrado, como fazem os países
desenvolvidos e os países em
desenvolvimento que estão logrando
dominar a 33 onda de
progresso industrial e tecnológico.
Isso exige olhar o futuro e divisar cenários
de longo prazo que auxiliem a definição
de rumos e permitam a formulação de
estratégias. Para isso encomendou-me o
Senhor Ministro do Desenvolvimento a
preparação de estudos setoriais
prospectivos.
Mercê do grande esforço histórico de
industrialização no após-guerra a
matriz industrial brasileira, como
sabemos, desenvolveu e revelou
capacidade competitiva em muitas cadeias
intensivas em recursos naturais, base
agrícola e economias de escala. Por
sorte, essas cadeias, produtoras de
commodities e de pseudo-commodities, vêm
desfrutando nos últimos anos de preços
externos superfavoráveis e têm
respondido positivamente a esses estímulos
com aceleração de seus programas de
investimento. Cumpre ao BNDES, como já
vem fazendo, apóia-Ias firmemente para
que possam capturar todas as
oportunidades para aumentar participação
no comércio mundial, não apenas com
ampliação de capacidade produtiva mas,
também, através da aceleração de
inovações. Cumpre, adicionalmente, ao
BNDES apoiar o robustecimento das
empresas, especialmente das nacionais,
no que respeita a capitalização, gestão,
governança e internacionalização de
operações. Incluo nessa categoria, sem
ser exaustivo, as cadeias de mineração,
siderurgia, metalurgia de não-ferrosos,
celulose e papel e petroquímica. Faço
questão de ressaltar nossa expressiva
gama de agroindústrias competitivas,
tais como soja e derivados, suco de
laranja, carnes, fumo e outras -
sublinhando, finalmente, as cadeias de açúcar
e álcool e de biocombustíveis que se
defrontam com extraordinárias
oportunidades de mercado.
Mas, se a indústria brasileira revela
pujança competitiva nas cadeias
mencionadas é importante reconhecer que
pouco avançamos, quando não
retrocedemos, no que toca ao conjunto
mais dinâmico das cadeias
manufatureiras, quais sejam, as
pertencentes ao complexo das tecnologias
de informação e de comunicações.
Essas cadeias, cuj as taxas de
crescimento são duas vezes e meia
superiores à média internacional
representam apenas 5,5% do valor
agregado da indústria brasileira, em
contraposição a uma ponderação média
(dados de 2005) de 27,5% no valor
agregado da indústria dos países
desenvolvidos. Não há dúvida de que,
nesse campo, o Brasil marcou passo,
enquanto as economias asiáticas em
desenvolvimento vêm avançando
celeremente na manufatura e na exportação
de bens e serviços associados às
tecnologias de informação e de
comunicações. Isso explica, em larga
medida, o peso crescente e o sucesso
dessas economias no comércio mundial de
manufaturas desde o início dos anos 90.
A economia brasileira não deve
abster-se de participar dessas correntes
altamente dinâmicas de produção, comércio
e investimentos. É preciso construir
junto com o setor privado estratégias
realistas de desenvolvimento competitivo
nesses campos. Para minimizar o risco de
frustrações, o critério diretor das
políticas deve ser o da promoção de
empreendimentos claramente competitivos,
abertos, voltados ao mercado mundial e não
apenas ao mercado doméstico. Embora
nessas áreas o país tenha bases de
produção frágeis e seja escassa a
experiência em engenharia de software e
manufatura, é preciso, com realismo,
preparar as nossas empresas para o
desafio de aproveitar as oportunidades.
Estas surgem em função do rápido
ciclo de vida dos produtos e das
ocasionais quebras de paradigma que
fluem da inovação acelerada das
tecnologias de informação e de
comunicações.
Sem esquecer nunca o pressuposto da
competitividade é possível desenhar
projetos que tirem proveito da escala do
mercado brasileiro e da América do Sul
para empreendimentos em materiais e
equipamentos de telecomunicações; em
digitalização da TV; em bens de informática;
em equipamentos de automação
industrial, comercial e bancária; em
bens eletrônicos de consumo; em
equipamentos digitais dedicados a áreas
como medicina, eletrônica embarcada,
instrumentação científica, defesa,
aeronáutica e complexo espacial. E, por
último - por que não? - no setor de
componentes microeletrônicos. As nossas
bases empresariais e de engenharia,
embora sejam pequenas, exibem excelência
em certos campos e isso deve servir de
ponto de apoio para a construção de
sinergias e para a busca de especializações
competitivas visando a captura das
janelas de oportunidade. Não é preciso
dizer que esse desafio requer a
intensificação da formação de
engenheiros e de cientistas aplicados em
várias esferas de conhecimento.
Tampouco poderse-á prescindir de
excelência na gestão e na formulação
das estratégias privadas. O sucesso na
inovação nesses setores exige,
decerto, a confluência das políticas
industrial, de comércio exterior, de ciência
e tecnologia e de educação.
A política industrial no primeiro
mandato do Presidente Lula já concedeu
prioridade à
microeletrônica, ao
desenvolvimento de software e aos bens
de capital. O BNDES já vem fomentando
iniciativas nessas áreas. Conforme a
orientação que recebi do Presidente é
preciso, doravante, encorpar muito essas
iniciativas, mobilizar o setor privado
nacional e estrangeiro, acelerar decisões
e processos. É preciso andar rápido. O
futuro tem pressa!
No que toca aos vários setores de bens
de capital seriados e de encomenda -
cuja intersecção com as tecnologias de
informação é crescente e decisiva - a
estratégia de desenvolvimento também
deve transitar pela especialização
competitiva em produtos diferenciados. O
fornecimento de bens de capital aos
blocos de setores industriais e
agroindustriais competitivos, que estão
em fase de firme expansão graças aos
bons preços internacionais, constitui
uma oportunidade evidente para vários
segmentos. Além disso, é preciso
fomentar novas especializações,
fortalecer as empresas nacionais e reforçar
o papel das plataformas das empresas
transnacionais que produzem equipamentos
no país.
Quanto à farmoquímica também se
afigura necessária uma estratégia de
desenvolvimento mais consistente e
ambiciosa que viabilize a produção
competitiva de medicamentos relevantes,
capitalize e fortaleça financeira e
tecnologicamente as empresas brasileiras
de capital nacional, estimule os
investidores estrangeiros e tire proveito
do inexplorado potencial derivado da
biodiversidade brasileira. A coordenação
do poder de compra do sistema brasileiro
de saúde deve funcionar como alavanca
desse processo, para impulsionar
empreendimentos eficientes compreendendo,
além dos fármacos, outros produtos,
equipamentos e insumos.
O complexo automotivo pela sua importância
não pode deixar de receber atenção
especial. A cadeia automobilística
brasileira tem a chance de se consolidar
nos próximos anos como uma das 7 ou 8
cadeias globais de produção viáveis,
com escala e com acúmulo de sinergias
suficientes para lhe assegurar
sustentabilidade. Isso requer mais
especialização e escalas produtivas mais
eficientes, maior capacidade de
desenvolver produtos mundiais e mais
competitividade de custos ao longo de toda
a cadeia. O bom desempenho competitivo do
complexo automotivo é essencial para o
futuro da indústria metal-mecânica e
para um vasto leque de setores
fornecedores de partes e peças que, por
sua vez, demandam aços, metais não-
ferrosos, resinas petroquímicas,
borracha, vidro e produtos químicos.
Além disso, o complexo automotivo
demanda equipamentos de automação e
eletrônica embarcada, bens de capital e
movimenta uma extensa cadeia de serviços
de revenda, comercialização de peças,
financiamento, manutenção, distribuição
de combustíveis. As perspectivas nos próximos
anos de firme expansão da demanda doméstica
e mundial já tomaram urgente a concretização
de expressivos investimentos em plantas
novas, com alta eficiência competitiva. O
BNDES está a postos para financiar tais
empreendimentos e para apoiar os
investimentos que se farão necessários
em toda a cadeia de fornecimento.
Diante das pressões decorrentes da
apreClaçao da valorização cambial
recebi orientação dos Ministros do
Desenvolvimento e da Fazenda no sentido de
apoiar os setores intensivos em trabalho
que, apesar da presença de algumas
empresas líderes, têm, em geral, grande
contingente de médias e pequenas empresas
predominantemente concentradas em arranjos
produtivos locais. Refiro-me a cadeias ou
aglomerados produtores de calçados, vestuário,
mobiliário, artigos de plástico e outros
pequenos artefatos. Considero de
fundamental importância o fomento às
atividades de inovação cooperativa
nesses arranjos produtivos como parte de
uma verdadeira regionalização da política
industrial. Ressalte-se, a tempo, que a
dimensão regional do desenvolvimento
industrial precisa contemplar também a
descentralização dos empreendimentos de
grande porte, em estreita cooperação com
os governos estaduais.
Neste sentido é obrigação do BNDES
ser pró-ativo no que toca ao
desenvolvimento das regiões mais
atrasadas: Nordeste, Norte, Centro-Oeste.
E os espaços subdesenvolvidos no Sul e no
Sudeste precisam receber atenção
diferenciada.
A importante cadeia da construção
civil, que comanda um amplo conjunto de
indústrias fornecedoras de materiais,
estimula a indústria de mobiliário e
movimenta uma extensa rede de serviços de
comercialização, vendas e financiamento
está iniciando um ciclo de expansão que
tem tudo para ser duradouro. Será possível
nos próximos anos expandir muito o
financiamento imobiliário com taxas de
juros e prazos compatíveis com a
capacidade orçamentária das famílias de
classe média. Será também possível e
é intenção do Presidente Lula reforçar
as bases de financiamento orçamentário
para a habitação social. Isto significa
que a construção civil será um
importante vetor de criação de empregos,
de geração de renda e de desenvolvimento
regional. O BNDES deverá trabalhar em
parceria com o Ministério das Cidades,
com a Caixa Econômica Federal e com o
setor privado para reforçar essa expansão.
O setor de serviços que representa
nada menos que 2/3 da formação do
emprego e da renda nacional será objeto
de atenção especial. Desde logo há um
conjunto muito importante de serviços
associados à produção dentre os quais
sublinho os serviços de informática e
software, de engenharia, de gestão e de
consultoria em vários campos
profissionais. Esses serviços essenciais
à inovação e ao desempenho da indústria
precisarão se expandir de modo firme e
concomitante ao crescimento da economia. O
BNDES deverá estar atento e apoiar tais
transformações.
O comércio varejista e atacadista; os
serviços associados à importantíssima
cadeia do Turismo (hotelaria, gastronomia,
lazer, esporte e cultura); os variados
serviços e atividades da "indústria"
cinematográfica, das artes e da cultura;
os serviços privados associados à saúde
e à educação; as atividades industriais
e de serviços do setor de comunicações
(imprensa, Internet, TV e rádio difusão);
os serviços de telecomunicações (em
processo acelerado de convergência com os
antes citados) - todos esses precisarão e
receberão o apoio do BNDES para sua rápida
expansão.
Não poderia deixar de mencionar os
serviços de transporte e logística,
evidentemente essenciais para a eficiência
econômica geral, e que necessitam de
urgente atenção. As empresas de
transporte ferroviário recentemente
apoiadas pelo BNDES; as empresas de
transporte rodoviário; a marinha
mercante; o transporte aéreo; a navegação
fluvial, os portos, aeroportos e
infraestruturas correlatas receberão
firme suporte, conforme as prioridades
estabelecidas no P AC.
Finalmente uma palavra a respeito dos
grandes complexos tecnológicos
estruturados. Refiro-me ao de Petróleo e
Gás, prioritário para o desenvolvimento
industrial e para o suprimento de energia.
Sem esquecer os atores privados desse
complexo o BNDES trabalhará em cooperação
direta e intensa com a Petrobras, cuja
tradição de fomento à indústria
brasileira sempre foi exemplar. Refiro-me
aos complexos aeronáutico e aeroespacial
brasileiros, motivo de orgulho, com os
quais espero poder intensificar a cooperação
e fomento, apoiando o desenvolvimento de
redes eficientes de fornecimento de
equipamentos, materiais e serviços e
auxiliando o desenvolvimento avançado da
sua capacitação tecnológica. Menciono
ainda a necessidade de apoiar ou reforçar
a estruturação de complexos
industriais-tecnológicos nas áreas de
energia nuclear, agricultura e pesquisa
agropecuária, saúde, ciências
ambientais.
Senhoras e Senhores. O tremendo desafio
climático-ambiental provocado pelo
processo de aquecimento global tomou-se
uma questão crucial para a vida das
futuras gerações. O Brasil precisa se
mobilizar para protagonizar um papel mais
decisivo, a despeito da miopia e da
imprevidência de muitas nações
desenvolvidas. Conforme orientação do
Presidente Lula é preciso engajar e
apoiar firmemente o setor privado
socialmente responsável em atividades
compatíveis com a sustentabilidade sócio-ambiental
de modo a barrar o desmatamento predatório
da Amazônia. A inteligência dos quadros
do BNDES está desde já chamada a
contribuir, junto com os organismos do
Ministério do Meio Ambiente e com os
governos estaduais, para a construção de
um novo modelo de desenvolvimento sócio-ambiental
inclusivo e sustentável.
Senhores empresários e executivos.
Essa nova etapa do desenvolvimento
brasileiro exigirá criatividade e
virtuosismo no campo da governança
corporativa e excelência em matéria de
gestão. Estou confiante de que
caminharemos a passo firme e acelerado na
direção da capacitação e do
fortalecimento do nosso sistema
empresarial , sintonizados, sobretudo, com
os cada vez mais exigentes requisitos do
mercado de capitais e do sistema de crédito.
As empresas nacionais continuarão
recebendo, como sempre, firme apoio
financeiro do BNDES, mas esperamos
colaborar, além disso, para o aperfeiçoamento
dos seus padrões de governança, para o
avanço da qualidade das suas estratégias
de inovação e, quando pertinente, para a
internacionalização de suas operações.
As empresas transnacionais aqui instaladas
e as novas investidoras estrangeiras terão
todo o apoio necessário para fortalecer o
papel das suas operações brasileiras
especialmente em matéria de exportação
e de adensamento das atividades tecnológicas
no país.
O Presidente Lula desafiou-me a fazer
com que o BNDES chegue mais próximo das médias,
pequenas e microempresas. Conto com a
criatividade dos técnicos do Banco para
multiplicar as iniciativas nessa direção
- por exemplo, ampliando o quanto possível
a experiência exitosa do Cartão-BNDES e
desenvolvendo novos instrumentos de
transferência e de neutralização
microeconômica de riscos, que permitam
que o crédito alcance os pequenos empresários.
Neste sentido o BNDES pode e deve
colaborar muito para acelerar o
desenvolvimento do mercado de capitais e,
especialmente, para impulsionar a inovação
na esfera financeira. A vigorosa onda de
inovação financeira global nos últimos
anos de alta liquidez estimulou sobremodo
a expansão do crédito por ter permitido
a distribuição dos riscos e por ter
facilitado a gestão dos descasamentos e
prazos de maturidade entre ativos e
passivos. A sofisticação dos
instrumentos securitizados auxiliou o rápido
crescimento do crédito de longo prazo às
famílias e às empresas em várias
esferas, dentre as quais se destaca a do
crédito imobiliário. No meu entender a
inovação financeira saudável para o
Brasil deve aumentar o incentivo à poupança,
reduzir os custos de transação,
aprofundar a liquidez dos mercados e
lubrificar os canais de arbitragem e de hedge
para oferecer, primordialmente, funding
às estratégias empresariais de
investimento. Destaco, em tempo, que essa
contribuição positiva ao desenvolvimento
brasileiro requererá um avanço simultâneo
da capacidade institucional de regular
eficientemente a operação desses
mercados para prevenir a formação, no
futuro, de bolsões de alto-risco e de
altaalavancagem geradores de riscos sistêmicos.
Pretendo contar com a cooperação de
especialistas do mercado, da academia, de think
tanks e das instituições de regulação
para, junto com a inteligência do BNDES,
contribuirmos, com entusiasmo, para o avanço
da inovação financeira.
Confio na competência dos quadros do
BNDES e os convido para empreender um
grande esforço inovador e criativo, que
combine ousadia e prudência, no sentido
de promover o desenvolvimento sustentável
do Brasil.
Desenvolvimento que precisa ser
socialmente inclusivo, distribuído
regionalmente, gerador de empregos
crescentemente qualificados, gerador de
oportunidades empresariais, gerador de
renda e de canais de ascensão para os
pobres e para os pequenos.
Desenvolvimento que precisa ser social
e ambientalmente responsável e
regenerador das inaceitáveis mutilações
de nosso patrimônio natural.
Desenvolvimento que sinalize um horizonte
promissor para a nossa juventude.
Desenvolvimento que precisa ser
culturalmente afirmativo e estimulador da
extraordinária criatividade do povo
brasileiro.
Desenvolvimento que precisa ter,
definitivamente, a inovação tecnológica
e o avanço científico como eixos estratégicos.
Desenvolvimento, enfim, que signifique,
nas palavras do grande pensador Celso
Furtado, a retomada da "construção
interrompida" de uma nação
soberana, próspera, mais fraterna e menos
desigual com os seus filhos.
Obrigado! Vamos à luta, pois o futuro
tem pressa!
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