Em
“BNDESOCIAL
o resgate do passivo
social”,
de 26 de setembro de
2008, prometíamos
publicar um artigo
relacionando o BNDES
e o PAD. Naquela
ocasião, deixamos em
aberto a expressão
PAD para posterior
definição.
Entendemos que agora
é o momento de
explicitá-la, o PAD
– Plano de
Aceleração do
Desenvolvimento –
seria a evolução
natural do Programa
de Aceleração do
Crescimento – PAC!
Na verdade, seria a
evolução de um
Programa para a
categoria de Plano
Estratégico de
Desenvolvimento.
“Desgovernança
global”
O mundo inteiro vem
cobrando governança
e responsabilidade
dos principais
dirigentes diante do
ambiente de
incerteza gerado
pela crise mundial.
Vimos, na semana de
31 a 4 de novembro,
uma performance
digna de “tragédia
grega” do premiê
grego George
Papandreou e nenhuma
definição concreta
dos dirigentes do
G20 diante do sério
impasse econômico:
“Grécia versus
Zona do Euro”! Vimos
um completo show de
“empurrar com a
barriga”; os
dirigentes da Zona
do Euro pressionando
a Grécia e o G20 não
soltando “um tostão”
para ajudar a
Europa; e agora a
situação econômica e
social se agrava na
Itália. Fica
parecendo que
anseiam pela eclosão
de uma grande crise
para, aí sim, após a
“casa arrasada”,
impor medidas sem
restrição de
natureza política.
Nessas condições a
crise se agravará
para um quadro de
recessão aberta, já
que os principais
dirigentes se veem
imobilizados diante
de seus processos
eleitorais que só se
definirão no próximo
ano.
Por outro lado, a
insatisfação social
e os desempregados
do mundo não
aceitarão mais a
política de
“salvação” dos
bancos à custa do
sacrifício social!
I - O PAD como
blindagem
antirrecessiva!
Nos artigos desta
Série estamos
alertando para o
agravamento da
situação econômica e
propondo como saída
um Plano Estratégico
para resguardar
nossas
potencialidades
conjunturais, ou
seja, resguardar
nossa agenda de
eventos e o
desenvolvimento do
Pré-Sal.
Nossa historiografia
e a do continente
sul-americano
demonstram que
sempre tivemos um
crescimento
subordinado aos
ditames da economia
internacional,
condicionados à
volatilidade das
cotações das
“commodities” do
momento.
Isso acontece por
ser um continente
extremamente rico em
recursos naturais
necessários ao
funcionamento e ao
consumo dos países
centrais. Portanto,
nosso
desenvolvimento
autônomo não é uma
questão fácil.
Agora, não resta
mais dúvida que
estamos no limiar de
mais um capítulo da
crise mundial, tanto
no aspecto
econômico, como na
ausência de
liderança e na
presença de
movimentações
contestatórias
sociais contra a
“elite” financeira.
Entretanto, diante
de crises mundiais,
sempre fomos
vulneráveis, mas
sempre apresentamos
“saídas para
frente”, que
infelizmente, com a
volta à normalidade,
não se consolidam.
Assim foi em 1929,
quando respondemos
com o processo de
industrialização; em
1973, com a explosão
da cotação do
petróleo, quando
criamos o Programa
do Pró-álcool; e,
agora, graças aos
esforços da
Petrobras somos
presenteados com a
província do Pré-Sal.
A exploração
petrolífera da nova
região, de forma
autônoma, nos
garantirá uma
blindagem para nossa
conta de transações
correntes, variável
crucial do balanço
de pagamento, nosso
eterno “calcanhar de
Aquiles”, razão de
todas as nossas
crises!
Entretanto,
precisamos estar
alertas devido à
importância da
descoberta e se não
nos acautelarmos no
aspecto
jurídico-institucional
abriremos a guarda
para os interesses
externos. É
compreensível a
movimentação dos
estrangeiros para
participar da
exploração dessa
província
estratégica; não
faltarão ofertas de
equipamentos,
empréstimos e
“cooperação”.
Entretanto, não
custa relembrar: no
caso específico da
exploração em
regiões profundas a
Petrobras é a maior
“expert” nessa
tecnologia, além do
que o país detém um
parque industrial de
bens de capital e
naval capacitado a
executar os
equipamentos
necessários à
empreitada. O
financiamento por
uma questão de
mitigação de risco
soberano, é claro,
que deve ser
fornecido pelo
arranjo
institucional
BNDES-TESOURO, já
que a tecnologia é
nacional!
Para começarmos
nossa blindagem
antirrecessiva urge
ajustarmos nossa
taxa cambial,
“artificialmente”
valorizada pelos
juros
estratosféricos, dos
mais elevados do
planeta. Atualmente,
além da China, que
“cola” o yuan ao
dólar, os EUA, com
sua política de
“quantitative easy”
para manter o dólar
desvalorizado, vemos
a Suíça “grudar” sua
moeda no euro e o
Japão anuncia que
vai desvalorizar o
iene.
Enquanto isso o
real, de tão
valorizado, já se
mostra disfuncional,
acarretando não só a
desindustrialização
como, agora pasmem,
começamos a importar
arroz, feijão,
banana etc. de
países asiáticos (http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/11/05/cada-vez-mais-brasil-traz-alimentos-do-exterior-de-arroz-feijao-banana-925744153.asp)!
Equacionando as
contas externas,
complementadas com
políticas de
promoção de
exportações &
substituição de
importações,
estaremos livres
para programarmos um
Plano Estratégico de
Desenvolvimento
Nacional.
A crise como janela
de oportunidade!
Estamos diante do
seguinte quadro: uma
crise externa que se
agrava e deve
atingir nosso país.
Por outro lado, os
analistas internos
só focam em uma
questão, o nível da
inflação. Não querem
ver que nossa
economia começa a se
desaquecer e se
qualquer fator
externo “fora da
curva” acontecer e
resultar numa fuga
dos capitais
“corredores”,
poderemos passar
pela mesma situação
vivenciada no 4º
trimestre de 2008 –
um momento de
conturbação em que
muitas empresas
foram pegas de
surpresa, apostando
na valorização do
real e algumas
realmente sofreram
fortes reveses,
obrigando a atuação
das autoridades
econômicas. Agora
mesmo, no 3º
trimestre, a
desvalorização de
19% do real provoca
prejuízos nos
balanços parciais
das empresas,
mostrando-as
desprotegidas,
acreditando que o
real “forte” permite
a captação de
recursos externos
para o financiamento
de suas atividades.
Então, não é a
inflação. A
preocupação
primordial é a
recessão, que ronda
o mundo.
Em 2008, as
autoridades
econômicas das
economias avançadas
tiveram que
disponibilizar
moedas para segurar
o sistema financeiro
privado, realizando
o que o economista
Minsky, falecido em
1996, preconizava
que nas crises o
“Grande Governo” e o
“Grande Banco
(Bancos Centrais)”
devem intervir,
assegurando
liquidez. Aqui, os
bancos oficiais
aumentaram sua
atuação para
compensar a retração
dos bancos
privados.
Na ocasião, nos
antecipamos à quebra
do Lehman Brothers,
lançando artigos com
sugestões para a
proteção de nossa
economia com a
utilização de nossas
instituições, em
especial o BNDES. Em
21/08/08, no VÍNCULO
nº 867, explicitamos
a tese do arranjo
institucional
BNDES-TESOURO,
com a anuência do
Congresso Nacional.
No artigo, à luz da
Teoria das Finanças
Funcionais, dizíamos
que todo e qualquer
recurso alocado no
BNDES gera, pelo
efeito multiplicador
da renda, impostos
imediatos. E, ainda,
como o Banco libera
de acordo com a
verificação da
execução física do
projeto, cada
liberação
corresponderia, na
margem, a um
acréscimo da
capacidade produtiva
nacional; ou seja,
produziria efeitos
deflacionários a
médio prazo. E
ainda: empréstimos
do BNDES geram
contratos
financeiros –
Títulos ou Créditos
– na sua maioria de
melhor qualidade que
os contratos tóxicos
do “subprime” que
espalharam a
desconfiança pelo
mundo financeiro.
Então, no agregado,
a dívida pública
bruta teria de ser
abatida dos títulos
(contratos) gerados
no BNDES. Assim,
sob esse enfoque,
liberaria o BNDES
das restrições
financeiras e a
aliança
institucional
BNDES-TESOURO-CONGRESSO
promoveria o
desenvolvimento
sustentável e o
pleno emprego!
Livre da restrição
financeira, o BNDES
poderia se lançar
num plano de resgate
da dívida social –
tese explicitada no
artigo
“BNDESOCIAL o
resgate do passivo
social”
citado acima.
Nossa satisfação
foi ver, em janeiro
de 2009, a liberação
de R$ 100 bilhões do
TESOURO para o
BNDES, de certa
forma, a confirmação
da tese
BNDES-TESOURO!
Por outro lado,
assistimos a
imediata reação dos
setores
conservadores ao
arranjo
BNDES-TESOURO-CONGRESSO.
A liberação do
Tesouro para o BNDES
foi atacado
fortemente pela
mídia, guardiã do
conservadorismo
financeiro, alegando
que os recursos do
Tesouro ao custo
Selic e emprestado
pelo BNDES à TJLP
mais 6% representava
um subsídio que
prejudicaria as
contas públicas.
Economistas
heterodoxos se
apresentaram dentro
de nossa linha de
argumentação,
defendendo que
financiamentos do
BNDES geram impostos
pelo efeito
multiplicador; que
se consolidados
eliminam a defasagem
alegada. Criam
aumento de
capacidade produtiva
com efeitos
deflacionários em
médio prazo, além de
gerar créditos
financeiros de muito
menor risco que as
carteiras tóxicas
dos “suprimes”.
A força do ataque
midiático permaneceu
por todo o ano de
2009 e no ano
eleitoral de 2010.
O novo governo tomou
posse prometendo
rigor fiscal e,
assustado com o
aumento de 2% no
nível inflacionário
proveniente de uma
tendência mundial
advinda da elevação
das cotações das
commodities,
acabou atendendo aos
anseios dos setores
das altas finanças,
aumentando a taxa
Selic de 10,75%,
deixada pelo governo
anterior, até o
patamar da maior
taxa de juros do
mundo, alcançando
12,50% aa, em
25/07/11.
Entretanto, diante
do desaquecimento
externo e da
economia nacional, o
governo começa a
reduzir, muito
cautelosamente, a
taxa, provocando
novamente a crítica
e a ira dos setores
rentistas.
Diante desse quadro,
como, então, quebrar
essa muralha
estabelecida?
Só vemos saída
através da
mobilização, reunir
todos aqueles e as
organizações que
entendem a questão
geopolítica em
jogo.
Os bastidores
revelados!
Em 10/10/08 enviamos
e-mail ao presidente
do BNDES, Luciano
Coutinho,
solicitando
audiência para
explicitarmos nossa
tese BNDES-TESOURO
como parte da
estratégia de
sairmos da crise de
2008 e a
possibilidade da
saída “por cima” com
possibilidade de
resgatarmos nossa
dívida social e
pensarmos em
acelerar o PAC.
Agora, entendemos
por que Coutinho não
nos respondeu,
estava ocupado,
totalmente
absorvido,
costurando a
liberação de
recursos do TESOURO
para o BNDES. A partir da
entrevista dada ao
Caderno de
Desenvolvimento nº 9
(http://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/wp-content/uploads/2011/10/CD9_entrevista1.pdf),
Luciano Coutinho
revela os bastidores
das razões para a
liberação dos R$ 100
bilhões ao BNDES!
O momento para o
debate de um plano
estratégico. A hora
do PAD!
No encontro do G20,
terminado no dia 4
de novembro de 2011,
a presidente Dilma
Rousseff
conclamou os países
maduros a
flexibilizarem suas
políticas fiscais
restritivas
para evitar o
agravamento da crise
e, para ser
coerente, prometeu,
no caso brasileiro,
fazer investimentos
em infraestrutura
para eliminar
gargalos e aumentar
o crescimento do
país.
Em18/11/11, o Valor
Econômico publica a
manchete destacada
no início desse
artigo:
“Investimento é a
maior blindagem
contra a crise
econômica, diz
Dilma”.
A matéria inicia com
a seguinte
assertiva:
“A presidente Dilma
Rousseff afirmou
nesta sexta-feira,
em cerimônia do
Programa de
Aceleração do
Crescimento (PAC),
em Salvador, que os
investimentos
públicos são “a
maior blindagem
contra a crise
econômica” e que
esta estratégia está
sendo utilizada para
minimizar o impacto
da crise no Brasil”(http://www.valor.com.br/brasil/1101290/investimento-e-maior-blindagem-contra-crise-economica-diz-dilma).
Vamos tomar isso
como um férreo
compromisso e vamos,
então, nos empenhar
para a apresentação
de um Plano
Estratégico, o PAD,
para eliminar os
gargalos sociais e
estruturais!
Entendemos que
diante dessa
recessão cada vez
mais presente, a
China e a Índia,
lastreadas na sua
consistente política
de planos
quinquenais há mais
de 50 anos, ainda
podem ter chance de
diminuir os impactos
negativos do que vem
pela frente.
Luiz Gonzaga
Belluzzo e Julio G.
de Almeida, na Carta
Capital, em “Novos
tempos, nova
postura” (http://books.boxnet.com.br/books/impressao.aspx?ID_CLIP=17895487&ID_MESA=607&TP_CLIPPING=I),
diante da crise,
recomendam “uma
redução mais rápida
e intensa da taxa
Selic...”, e
complementam:
“
A ação do governo
deveria se
concentrar na
aceleração do
investimento dito
autônomo em
infraestrutura e
gastos de capital da
Petrobras e da
Eletrobras...”.
II - O PAD
Desenvolvimento e
integração
Conforme afirmamos
acima, o
desenvolvimento
integrado
sul-americano por
sua riqueza cultural
e material não é
desejável aos países
centrais.
Isso acontece por
ser um continente
cujos materiais são
necessários ao
funcionamento e ao
consumo dos países
centrais. Portanto,
nosso
desenvolvimento
autônomo e a
integração
sul-americana não é
uma tarefa fácil.
Eles dependem de
nossas matérias
primas e, agora, se
preocupam com o
aparecimento dos
dois novos gigantes
asiáticos com um
imenso apetite por
recursos naturais,
além de se blindarem
na Zona Asiática.
Daí, ser complexo o
caminho da
integração e a
formação de um Bloco
Sul-Americano,
diante das imensas
riquezas.
Só para exemplificar
citamos relevantes
descobertas: o
potencial do Pré-Sal
brasileiro, o
redimensionamento
das reservas
petrolíferas
venezuelanas, as
reservas bolivianas
de lítio (40% das
reservas mundiais) –
material estratégico
na tecnologia de
baterias eletrônicas
– e todos os
materiais
estratégicos das
novas tecnologias
espalhados pelo
nosso território,
como nióbio, terras
raras e urânio, só
para citar os mais
relevantes.
Entretanto, por
outro lado, sempre
que os países
centrais se
encontram com
problemas internos é
o momento dos
avanços
institucionais. A
independência dos
países latinos do
jugo do império
espanhol e a do
Brasil aconteceram
nas primeiras
décadas do século
XIX, durante as
guerras
napoleônicas. E
durante a II Guerra
o continente avançou
economicamente ao
fornecer recursos
aos aliados.
Diante desse
contexto, fica
claramente evidente
a complexa tarefa de
promover o
desenvolvimento
autônomo de nosso
país, o maior em
extensão territorial
e importância
econômica do
continente. Os
países centrais
sabem que o
continente vai para
onde nosso país
for.
Isso ao invés de
significar empáfia
só dá mostra da
imensa
responsabilidade na
tarefa de conduzir a
bom termo uma
verdadeira
integração
continental, tendo
como norte o
desenvolvimento
social e
institucional, já
que o sucesso
econômico seria um
resultado natural.
Esperamos ter
demonstrado ao longo
de nossa
argumentação porque,
para os setores
conservadores, é
fundamental manter
nosso país em baixo
crescimento para não
provocar tensões e
para evitar um maior
grau de emancipação
do povo brasileiro.
A estratégia
utilizada, para
tanto, fica bem
clara, manter o país
especializado em
agrobusiness e
exploração mineral,
além de proporcionar
concomitantemente
alta rentabilidade
financeira, liquidez
e reduzido risco,
através dos títulos
públicos muito bem
remunerados.
Entretanto, agora é
hora de mudar esse
status quo,
além da questão
estratégica, é o
momento da blindagem
econômica diante dos
riscos de uma
recessão mundial.
Plano
de Desenvolvimento a
obrigação
constitucional!
A AFBNDES participa
do
Fórum de
Planejamento e
Desenvolvimento
Nacional (FPDN), que
reúne as associações
de servidores de
carreiras ligadas a
planejamento e
desenvolvimento. A
missão do FPDN é
zelar pelo
cumprimento do Art.
3º da Constituição
Federal, que
estabelece como
objetivos
fundamentais da
República Federativa
do Brasil:
I - construir uma
sociedade livre,
justa e solidária;
II - garantir o
desenvolvimento
nacional;
III - erradicar a
pobreza e a
marginalização e
reduzir as
desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem
de todos, sem
preconceitos de
origem, raça, sexo,
cor, idade e
quaisquer outras
formas de
discriminação.
Para efetivar tais
objetivos, as
associações reunidas
no FPDN construíram
esta primeira versão
de
Plano de
Desenvolvimento
(PDF),
visando subsidiar a
sociedade brasileira
e seus
representantes
eleitos no que se
refere ao
cumprimento da
Constituição
Federal,
particularmente em
seus artigos 21,
inciso IX; 43,
parágrafo 1º, inciso
II; e 174, parágrafo
1º. |