Em 12 de maio de
2016, pouco mais
de uma semana
após a vitória
na eleição para
a Diretoria da
AFBNDES, VÍNCULO
publicou
entrevista com o
presidente
eleito Thiago
Mitidieri, que
destacou a crise
que atravessava
o país, com
reflexos sobre o
BNDES: "A
AFBNDES é a
associação dos
funcionários de
um dos maiores e
mais importantes
bancos de
desenvolvimento
do mundo.
Vivemos uma
conjuntura de
crise econômica
e política, na
qual o papel do
BNDES vem sendo
contestado pela
opinião pública,
ressaltando-se o
marcante
episódio da CPI.
Nesse contexto,
o corpo
funcional tem
sido exposto a
uma série de
questionamentos
sobre nossa
atuação – alguns
pertinentes,
outros
inteiramente
despropositados".
Na madrugada
daquele mesmo
dia saía a
decisão do
Senado Federal
pela
admissibilidade
do processo de
impeachment da
presidente Dilma
Rousseff. Após a
sessão, Michel
Temer assumia
como presidente
interino do
Brasil.
Cinquenta dias
depois, ao tomar
posse
formalmente na
AFBNDES, a nova
direção da
entidade já
encontrou uma
nova presidente
no BNDES, a
economista Maria
Silvia Bastos
Marques.
Nota da
Diretoria –
A posse solene
da nova
Diretoria da
AFBNDES
aconteceu em 7
de julho de
2016, no
Auditório do
Edifício Ventura
Oeste. Publicada
na mesma data, a
edição 1209 do
VÍNCULO trazia
um texto
assinado pela
Diretoria da
Associação
intitulado "Por
um BNDES
melhor", já
adiantando temas
que iriam
frequentar as
preocupações do
corpo funcional benedense e
virar bandeiras
de luta da
entidade nos
anos seguintes:
• "A chapa
Reconstrução
(...) assume a
Diretoria da
AFBNDES num dos
momentos mais
conturbados da
história do
Brasil e do
BNDES. A grave
crise por que
passa o país
conjuga recessão
econômica, crise
constitucional e
alta
instabilidade
política,
associada a uma
forte
contestação do
BNDES pela
mídia. Tudo
isso, junto com
medidas
anunciadas pelo
governo
interino, traz
grande
preocupação ao
corpo funcional
da Casa".
• "Em tempos em
que escândalos
de corrupção são
diariamente
revelados pela
imprensa, tanto
no setor público
quanto no setor
privado, o
posicionamento
do corpo
funcional como
guardião de
última instância
da instituição e
da ética na Casa
adquire status
de maior
relevância
quando comparado
com épocas de
normalidade
institucional e
econômica".
• "Propostas
como a de
retirar o FAT do
BNDES, conforme
PEC em
tramitação no
Senado Federal,
o pagamento
antecipado de R$
100 bilhões ao
Tesouro Nacional
e a liquidação
da carteira da
BNDESPAR causam
preocupação pelo
esperado
enfraquecimento
que acarretarão
ao BNDES como
indutor da
indústria e do
emprego no
Brasil".
• "Merece
destaque o papel
anticíclico do
BNDES na crise
financeira de
2008, quando o
Banco
capitalizado
pelo Tesouro
Nacional, que
possui 100% do
seu capital,
permitiu a
ampliação do
crédito às
empresas
brasileiras do
setor produtivo,
impedindo que a
economia
brasileira se
aprofundasse
numa recessão
como
consequência da
retração da
economia
mundial".
•
"Responsabilizar
o BNDES pelas
altas taxas de
juros ou pela
inflação no
Brasil soa
bastante
incoerente,
assim como
responsabilizá-lo
pela ausência de
um mercado de
capitais privado
de longo prazo.
Esses fenômenos
estão
fundamentalmente
relacionados a
questões
estruturais
históricas da
economia
brasileira e de
forma alguma
decorrem da
existência e
atuação do
Banco.
Compreender as
instituições
brasileiras e,
por exemplo, as
causas dos altos
juros no Brasil,
forneceriam
razões muito
mais realistas
para explicar a
ausência de um
mercado de
capitais privado
brasileiro de
longo prazo".
• "E mesmo que o
Brasil tivesse
um mercado de
capitais privado
de longo prazo
desenvolvido, a
existência do
BNDES se
justificaria,
uma vez que o
mercado livre,
no sistema
capitalista,
acentua a
desigualdade
social e
regional, ao
invés de
reduzi-la.
Acabar com o
BNDES e não
botar nada em
seu lugar
significa
enfraquecer a
possibilidade do
Brasil superar
seus desafios
históricos em
busca do
Desenvolvimento".
Na mesma edição,
VÍNCULO
convocava os
empregados para
um seminário
dedicado à
privatização,
marcado para
dali a uma
semana. "O tema
da privatização
volta a ganhar
explícita
prioridade na
agenda do BNDES.
Quem prestou um
pouco de atenção
ao discurso da
nova presidente
do Banco ou à
imprensa recente
não tem dúvidas
a respeito. A
hora não poderia
ser mais
propícia para um
balanço da
experiência
nacional com
essa política de
reforma
estrutural. Por
isso o primeiro
seminário
proposto pela
nova Diretoria
da AFBNDES
consiste num
reexame crítico
da privatização:
Será essa a
melhor
alternativa para
o Brasil?"
• "O processo da
CPI do BNDES
trouxe muito
desgaste e mexeu
com a autoestima
da Casa. O clima
ficou pesado,
mesmo que a CPI
não tenha
trazido nada que
pudesse macular
a ética do corpo
funcional".
• "Nos elegemos
com o lema da
reconstrução.
Não no sentido
de voltar ao
passado, porque
isso é
impossível. Mas
no sentido de
resgatar uma
certa tradição
que se perdeu.
Tanto em relação
à parte
associativa
quanto
representativa e
institucional.
Ao mesmo tempo
passamos por
processo de
mudança do corpo
funcional. A
própria Casa se
encontra em um
processo de
amadurecimento e
de aumento da
compreensão
sobre a cultura
e os valores que
norteiam a
instituição
BNDES".
• "A missão do
desenvolvimento
requer que
trabalhemos
dentro de uma
unidade. E hoje
estamos muito
fragmentados.
Ativos e
aposentados,
PUCS, PECS,
‘porta-joias’,
diferenças entre
Nível Médio,
Nível Superior,
anistiados,
Grupamento C
etc. Uns têm a
incorporação de
gratificação
para a função.
Outros não. A
situação da
FAPES, sua
sustentabilidade,
o futuro do PBB
e os déficits
sucessivos. A
grande
frustração em
relação ao plano
de carreira, que
não temos.
Enfim, são
demandas e
problemas
antigos à espera
de solução.
• "Defendemos a
ideia de que a
AFBNDES volte a
assumir papel
institucional
mais atuante no
sentido externo:
mediante
relacionamento
com entidades da
sociedade
organizada,
governo etc.;
participando
mais do debate e
das reflexões
sobre os rumos
do
desenvolvimento
brasileiro;
atuando como uma
associação de
funcionários de
um dos mais
importantes
bancos de
desenvolvimento
do mundo – onde
trabalham
pessoas muito
qualificadas
tecnicamente,
especialistas em
diversas áreas,
que podem
contribuir com
ideias e
propostas para a
solução dos
problemas que
afetam o país".
Esses dois
textos – de
julho de 2016 –
deixam claro que
algumas das
questões
políticas e
institucionais
que a AF iria
enfrentar a
partir dali já
estavam postas,
ainda que a
agressividade e
o desrespeito
aos funcionários
com que a nova
Diretoria
tentaria impor
sua agenda
tenham dado uma
dramaticidade
imprevista ao
processo.