ESPECIAL

24/4/2018

 
 
Crise política e econômica, ataques ao BNDES e ao seu papel de indutor do desenvolvimento nacional, necessidade de uma AFBNDES mais representativa e mais forte na esfera institucional
Questões postas desde o início da gestão... A sorte estava lançada
 

reprodução

Protesto no BNDES contra as conduções coercitivas de funcionários no âmbito da Operação Bullish, em 12 de maio de 2017
 

Em 12 de maio de 2016, pouco mais de uma semana após a vitória na eleição para a Diretoria da AFBNDES, VÍNCULO publicou entrevista com o presidente eleito Thiago Mitidieri, que destacou a crise que atravessava o país, com reflexos sobre o BNDES: "A AFBNDES é a associação dos funcionários de um dos maiores e mais importantes bancos de desenvolvimento do mundo. Vivemos uma conjuntura de crise econômica e política, na qual o papel do BNDES vem sendo contestado pela opinião pública, ressaltando-se o marcante episódio da CPI. Nesse contexto, o corpo funcional tem sido exposto a uma série de questionamentos sobre nossa atuação – alguns pertinentes, outros inteiramente despropositados".

Na madrugada daquele mesmo dia saía a decisão do Senado Federal pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Após a sessão, Michel Temer assumia como presidente interino do Brasil. Cinquenta dias depois, ao tomar posse formalmente na AFBNDES, a nova direção da entidade já encontrou uma nova presidente no BNDES, a economista Maria Silvia Bastos Marques.

Nota da Diretoria – A posse solene da nova Diretoria da AFBNDES aconteceu em 7 de julho de 2016, no Auditório do Edifício Ventura Oeste. Publicada na mesma data, a edição 1209 do VÍNCULO trazia um texto assinado pela Diretoria da Associação intitulado "Por um BNDES melhor", já adiantando temas que iriam frequentar as preocupações do corpo funcional benedense e virar bandeiras de luta da entidade nos anos seguintes:

• "A chapa Reconstrução (...) assume a Diretoria da AFBNDES num dos momentos mais conturbados da história do Brasil e do BNDES. A grave crise por que passa o país conjuga recessão econômica, crise constitucional e alta instabilidade política, associada a uma forte contestação do BNDES pela mídia. Tudo isso, junto com medidas anunciadas pelo governo interino, traz grande preocupação ao corpo funcional da Casa".

• "Em tempos em que escândalos de corrupção são diariamente revelados pela imprensa, tanto no setor público quanto no setor privado, o posicionamento do corpo funcional como guardião de última instância da instituição e da ética na Casa adquire status de maior relevância quando comparado com épocas de normalidade institucional e econômica".

• "Propostas como a de retirar o FAT do BNDES, conforme PEC em tramitação no Senado Federal, o pagamento antecipado de R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional e a liquidação da carteira da BNDESPAR causam preocupação pelo esperado enfraquecimento que acarretarão ao BNDES como indutor da indústria e do emprego no Brasil".

• "Merece destaque o papel anticíclico do BNDES na crise financeira de 2008, quando o Banco capitalizado pelo Tesouro Nacional, que possui 100% do seu capital, permitiu a ampliação do crédito às empresas brasileiras do setor produtivo, impedindo que a economia brasileira se aprofundasse numa recessão como consequência da retração da economia mundial".

• "Responsabilizar o BNDES pelas altas taxas de juros ou pela inflação no Brasil soa bastante incoerente, assim como responsabilizá-lo pela ausência de um mercado de capitais privado de longo prazo. Esses fenômenos estão fundamentalmente relacionados a questões estruturais históricas da economia brasileira e de forma alguma decorrem da existência e atuação do Banco. Compreender as instituições brasileiras e, por exemplo, as causas dos altos juros no Brasil, forneceriam razões muito mais realistas para explicar a ausência de um mercado de capitais privado brasileiro de longo prazo".

• "E mesmo que o Brasil tivesse um mercado de capitais privado de longo prazo desenvolvido, a existência do BNDES se justificaria, uma vez que o mercado livre, no sistema capitalista, acentua a desigualdade social e regional, ao invés de reduzi-la. Acabar com o BNDES e não botar nada em seu lugar significa enfraquecer a possibilidade do Brasil superar seus desafios históricos em busca do Desenvolvimento".

Na mesma edição, VÍNCULO convocava os empregados para um seminário dedicado à privatização, marcado para dali a uma semana. "O tema da privatização volta a ganhar explícita prioridade na agenda do BNDES. Quem prestou um pouco de atenção ao discurso da nova presidente do Banco ou à imprensa recente não tem dúvidas a respeito. A hora não poderia ser mais propícia para um balanço da experiência nacional com essa política de reforma estrutural. Por isso o primeiro seminário proposto pela nova Diretoria da AFBNDES consiste num reexame crítico da privatização: Será essa a melhor alternativa para o Brasil?"

Discurso de posse – O discurso de posse do presidente Thiago Mitidieri, publicado no VÍNCULO seguinte, trazia mais reflexões sobre o momento político:

• "O processo da CPI do BNDES trouxe muito desgaste e mexeu com a autoestima da Casa. O clima ficou pesado, mesmo que a CPI não tenha trazido nada que pudesse macular a ética do corpo funcional".

• "Nos elegemos com o lema da reconstrução. Não no sentido de voltar ao passado, porque isso é impossível. Mas no sentido de resgatar uma certa tradição que se perdeu. Tanto em relação à parte associativa quanto representativa e institucional. Ao mesmo tempo passamos por processo de mudança do corpo funcional. A própria Casa se encontra em um processo de amadurecimento e de aumento da compreensão sobre a cultura e os valores que norteiam a instituição BNDES".

• "A missão do desenvolvimento requer que trabalhemos dentro de uma unidade. E hoje estamos muito fragmentados. Ativos e aposentados, PUCS, PECS, ‘porta-joias’, diferenças entre Nível Médio, Nível Superior, anistiados, Grupamento C etc. Uns têm a incorporação de gratificação para a função. Outros não. A situação da FAPES, sua sustentabilidade, o futuro do PBB e os déficits sucessivos. A grande frustração em relação ao plano de carreira, que não temos. Enfim, são demandas e problemas antigos à espera de solução.

• "Defendemos a ideia de que a AFBNDES volte a assumir papel institucional mais atuante no sentido externo: mediante relacionamento com entidades da sociedade organizada, governo etc.; participando mais do debate e das reflexões sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro; atuando como uma associação de funcionários de um dos mais importantes bancos de desenvolvimento do mundo – onde trabalham pessoas muito qualificadas tecnicamente, especialistas em diversas áreas, que podem contribuir com ideias e propostas para a solução dos problemas que afetam o país".

Esses dois textos – de julho de 2016 – deixam claro que algumas das questões políticas e institucionais que a AF iria enfrentar a partir dali já estavam postas, ainda que a agressividade e o desrespeito aos funcionários com que a nova Diretoria tentaria impor sua agenda tenham dado uma dramaticidade imprevista ao processo.

 
 
 
 
VERSÃO EM PDF
 
Questões postas desde o início da gestão... A sorte estava lançada
 
A luta político-institucional da AFBNDES em defesa do BNDES
 
Buscando atuação conjunta em oposição à agenda do desmonte
 
Os desafios das questões trabalhistas
 
Seminários, debates e entrevistas promovidos pela AFBNDES
 
Os temas complexos que envolvem
a previdência e a saúde no BNDES
 
As ações da AF na Área Jurídica
 
O fortalecimento da área financeira
 
AFBNDES investe em novos negócios
 
Atendimento, Secretaria e RH
 
Patrimônio da AFBNDES é revitalizado
 
Avançando na informática
 
Esporte para todos
 
Mostras culturais uniram gerações de talentos benedenses
 
Eventos sociais continuaram agitando a Associação