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Edição nº1359 – quinta-feira, 22 de agosto de 2019

O Estado necessário ao desenvolvimento brasileiro no Século XXI

Ingerência do Poder Executivo em assuntos de natureza técnica ou científica no âmbito da Administração Pública 

Audiências Públicas no Senado Federal (Comissão de Direitos Humanos) e na Câmara dos Deputados (Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público) convocadas para os dias 26 e 27 de agosto

O ano de 2019 vem sendo marcado por uma postura agressiva do governo federal em relação a organizações fundamentais do Estado brasileiro, dentre as quais instituições federais de pesquisa e produção de conhecimento.

IBGE, INPE, INEP, FIOCRUZ, FINEP, IBAMA, ICMBIO, ANCINE, ANVISA, FUNAI, BNDES, CNPQ, CAPES, Universidades e Institutos Federais, dentre outros órgãos de excelência, estão sendo alvos de críticas e ameaças sem fundamento técnico, asfixia orçamentária, censura nas divulgações, cerceamento da autonomia institucional, substituição de funcionários de carreira por indicados políticos sem conhecimento pleno das respectivas áreas, e até tentativa de violação do sigilo de dados pessoais de servidores concursados.

As agressões sofridas por essas instituições e seus servidores não são isoladas e nem desconexas. Pelo contrário, indicam uma política deliberada de desconstrução da capacidade do Estado brasileiro na produção de dados, informações e avaliações com independência, rigor e transparência.

Não à toa, podemos chamar de colapso civilizatório o momento situacional que o país atravessa. Tal colapso não diz respeito apenas ao desprezo com que vem sendo tratados os valores republicanos (esses ligados às virtudes cívicas da busca pelo interesse geral do país e o bem comum das pessoas) e democráticos (esses relacionados aos princípios da representatividade, participação e deliberação da sociedade na vida política e processos decisórios relevantes). Trata-se, ainda, das nefastas consequências do desmonte do Estado sobre a trajetória e possibilidades de desenvolvimento nacional.

Desta forma, somos forçados a concluir que o atual governo Bolsonaro caminha rapidamente para uma estratégia de acirramento de contradições relativamente aos segmentos da sociedade não alinhados a seu projeto de poder. Mas sendo tais segmentos mais numerosos e representativos da diversidade brasileira que os seus seguidores, deverá haver uma inclinação autoritária crescente por parte das frações de classe no poder no governo Bolsonaro, com vistas a impor – até mesmo pela força bruta – os seus anseios e projetos.

Neste sentido, oxalá a comunidade internacional democrática e a sociedade brasileira consciente do perigo autoritário em curso possam rapidamente perceber a abrangência, a profundidade e a velocidade desta agenda retrógrada para então se reorganizarem coletivamente e se reposicionarem politicamente com vistas à recuperação das tendências recentes de construção da República, da Democracia e do Desenvolvimento no espaço nacional.

É dentro deste contexto maior que as entidades aqui representadas organizaram essa Audiência Pública, com vistas a:

1. Apresentar panorama sobre o andamento das iniciativas de desmonte do Estado nacional, chamado pelo governo e grande mídia de reforma administrativa;

2. Alinhar informações das organizações sobre a situação em curso, seus aspectos e desdobramentos, com vistas à organização de ações coletivas de enfrentamento ao desmonte do Estado;

3. Identificar as ações necessárias para a produção de informação qualificada, reflexão crítica e intervenção política na agenda de reforma do Estado;

4. Elaborar plano de ação para a proposição de uma reforma do Estado brasileiro de natureza republicana, democrática e inclusiva, voltada para o desenvolvimento nacional integral.

Entidades que participarão das Audiências Públicas:

ASSIBGE/RJ, AFBNDES/RJ, ASSINEP/DF, ANDEPS/DF, ASSIBAMA/DF e SINDGCT–CNPq/DF.

(*) Além das seis entidades que comporão as mesas principais dos eventos, haverá a oportunidade de fala das demais entidades presentes em plenário.

(**) A Audiência Pública no Senado Federal acontecerá no dia 26 pela manhã, das 9 às 12h; e na Câmara dos Deputados, no dia 27, das 14 às 17h. O presidente Arthur Koblitz representará a AFBNDES nos dois eventos.    

 
 

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Seminário sobre imprensa, democracia e história

A OAB/RJ, com o apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), está realizando o seminário “Imprensa, democracia e história – da abertura política ao governo Bolsonaro”. O tema do próximo dia 28 será “A liberdade de imprensa está em risco?”, com o jornalista Jânio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo.

Em 4 de setembro, último dia do seminário, haverá debate sobre “Novas vozes na imprensa – ação e reação”, com a jornalista Flávia Oliveira, colunista de O Globo e comentarista de economia na GloboNews e CBN Rio, e Carol Oms, jornalista de economia e diretora-executiva da Revista AzMina.

As palestras são realizadas às 17h, no Plenário Evandro Lins e Silva, localizado na Av. Marechal Câmara 150, 4º andar.