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Edição nº1359 – quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A outra nova estrutura

De boa vontade ou não, é impossível negar os 67 anos de atuação do BNDES, período em que fomentou o sonho de um Brasil desenvolvido – em muitos aspectos – e menos desigual. Tornou-se o principal instrumento de promoção do desenvolvimento a serviço do governo federal, atravessando décadas e governos, atendendo praticamente todos os setores da economia, servindo a empresas de todos os portes e regido por um conjunto de valores que incluem a Ética e a Transparência.

Era esperado que a alternância no poder trouxesse consigo reflexões acerca do papel do Banco. Era esperado também que essas reflexões assumissem o caráter de adaptações e mudanças no organograma e no foco das atividades do Banco. Mas era igualmente esperado que tais reestruturações pudessem ser justificadas e que caminhassem em consonância com os objetivos anunciados para a instituição.

Até a última gestão, com os relatórios produzidos por empresas de consultoria internacionalmente reconhecidas – Roland Berger e Mercer –, a Área de Administração e Recursos Humanos do Banco, capitaneada pelo então diretor responsável, dedicou-se à formulação de uma estrutura administrativa que, ao fim do processo, foi anunciada como sendo a mais ágil e mais adequada à missão incumbida ao BNDES pelo novo governo. Durante o longo processo de debate e apresentação da então "nova estrutura", a AFBNDES e o corpo técnico puderam acompanhar as motivações e justificativas da diretoria, em observância, ressalte-se, à Cláusula 9ª do Acordo Coletivo de Trabalho do Sistema BNDES, que prevê: "as Empresas comprometem-se, caso venham a instituir algum processo de reestruturação interna, a realizar amplo debate nas instituições e examinar as sugestões feitas pelos empregados, através de suas instâncias representativas".

A outra "nova estrutura" – outra forma de se dizer "re-reestruturação" – recentemente anunciada carece dos mesmos fundamentos que balizaram a anterior e que foram percebidos – pela AFBNDES, pela Alta Administração e pelas consultorias internacionais – como essenciais para a manutenção do desempenho do Banco e seu correto direcionamento para as missões que o aguardam no futuro. Não estavam previstos, por exemplo, cortes em funções de nível operacional com a única justificativa de se patrocinar o aumento no número de diretorias.

A extinção de mais de 40 funções comissionadas, em diversos níveis, para a contratação de dois novos diretores vai de encontro à outra reestruturação amplamente debatida com o corpo funcional, fere o Acordo Coletivo de Trabalho e não se fundamenta sequer na lógica econômica – ao contrário: as despesas com pessoal tendem a aumentar com o aumento das diretorias. Ignorar a tradição de diretores oriundos do corpo funcional também é uma má notícia e uma forma ruim de inaugurar uma nova administração.

É imprescindível que as justificativas para a nova reestruturação sejam apresentadas o quanto antes ao corpo funcional, em respeito ao ACT em vigor e às melhores práticas da Administração. As mudanças da nova reestruturação não podem estar sustentadas no mero silêncio, principalmente quando se opõem a decisões laboriosamente construídas. Afinal, não se pode negar a um novo governo que dê a sua cara ao BNDES: é parte da saudável alternância no poder. Mas se é verdade que o BNDES é grande demais para não mudar nunca, também é verdade que o BNDES é grande demais para ser mudado o tempo todo.

Grupo de empregados do Nível Médio

 

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Em 4 de setembro, último dia do seminário, haverá debate sobre “Novas vozes na imprensa – ação e reação”, com a jornalista Flávia Oliveira, colunista de O Globo e comentarista de economia na GloboNews e CBN Rio, e Carol Oms, jornalista de economia e diretora-executiva da Revista AzMina.

As palestras são realizadas às 17h, no Plenário Evandro Lins e Silva, localizado na Av. Marechal Câmara 150, 4º andar.