Compliance strikes back?

"O BNDES tem um quadro de funcionários muito competente, que pode responder a tudo que o país precisa em termos de desenvolvimento econômico e social. Mas a ditadura do controle está perseguindo (o banco) e fazendo coisas que poderiam ser feitas de forma diferente"… "O Brasil não pode ficar a reboque de órgãos de controle"... "Tudo que eu vi [na Operação Bullish] sendo feito sem comprovação, sem indícios efetivos… É um absurdo as conduções coercitivas" (Estado de São Paulo, 20/07/2017).

De quem são as declarações acima? Alternativas: (a) Diretoria da AFBNDES; (b) Luciano Coutinho (ex-presidente do BNDES); (c) Ciro Gomes (candidato a presidente do Brasil pelo PDT), (d) Ricardo Baldin, primeiro diretor da Área de Controladoria do BNDES na gestão Maria Silvia; e (e) NRA.

Quem trabalha no BNDES e viveu a gestão da presidente Maria Sílvia sabe a resposta. Quem não lembra da ex-presidente falando do absurdo de o BNDES não possuir uma Área de Controladoria (um dos comentários mais comuns além do senso de urgência e das opiniões da filha dela sobre a "caixa preta")?

Se tomarmos a opinião de Baldin em consideração, somos obrigados a algumas reflexões. Em primeiro lugar, o BNDES não cometeu irregularidades a despeito de não ter uma Área de Controladoria. Independente da importância de termos ou não essa área na Casa, a questão é que a organização já era dotada de órgãos responsáveis por tal atribuição. O histórico do BNDES é de acompanhar determinações do Banco Central e outros órgãos de controle como a CVM (esses controles quando citados parecem que não são importantes, que não contam. Até que nos deparamos com casos como da Empiricus – dona de metade de um "blog" que se especializou, entre outras coisas, a perseguir o BNDES e seus empregados, o Antagonista –, que foge da regulação da CVM como o diabo da cruz). Já é uma longa história. Óbvio que o Banco pode, deve e vem buscando aperfeiçoamentos. Por conta desse processo, podemos dizer que o Banco certamente tinha mais controles nos anos 2000 do que nos anos 90. Não seria anacrônico criticar a atuação do BNDES nas privatizações dos anos 90 por falta de uma Área de Controladoria?

Em segundo lugar, somos levados a perguntar: quais são as "coisas esquisitas" das quais o presidente Levy está tão certo que o diretor de Controladoria não encontrou em um ano de trabalho? Seria Baldim um petista enrustido? Ou um globalista? Um marxista cultural?

O presidente Joaquim Levy parece ser um economista metódico, criterioso. Ele está sob a pressão – as críticas e as pressões são divulgadas semanalmente na imprensa – de ter que emitir julgamentos negativos sobre o passado do BNDES. De fato, assistimos a um espetáculo absurdo em que ministros da área econômica parecem instados, como numa competição, a dar declarações ultrajantes a respeito das instituições sobre as quais são responsáveis. Julgado sobre esse ângulo, o presidente Levy está certamente perdendo a competição.

Talvez explicar falhas com base em problemas organizacionais possa ser entendido por ele como um esforço de centrar a discussão nesse tipo de questão e não no comportamento desse ou daquele empregado.

Infelizmente não podemos concordar. Muita gente parece querer acreditar que o governo do PT durou até o fim do ano passado. Nós que fomos uma das organizações mais atingidas pelo governo Temer, sabemos que isso não é verdade. Não começamos ontem a reavaliar nossos processos, a julgar operações passadas. Sugerimos, modestamente, outra agenda crítica. Vamos discutir os méritos e deméritos das opções feitas pelas administrações anteriores. O que foi errado? O que foi certo? Há o que aperfeiçoar no que foi feito? O que não deveríamos voltar a fazer?

Obrigar o BNDES a reviver infinitamente esses processos é uma forma de destruir ou desconstruir o moral da Casa. Será que já foram tão longe antecipando julgamentos, espalhando mentiras, se negando a aceitar os fatos, que consideram impossível voltar atrás não importando as evidências?

Talvez uma luz para entender o que está em curso, no BNDES e no país, e que poderia parecer apenas improviso, desorganização, foi dada pelo presidente da República (muitas vezes injustamente subestimado): "O Brasil não é um terreno aberto onde nós iremos construir coisas para o nosso povo. Nós temos que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz".

A primeira chapa da atual equipe da AFBNDES, eleita em 2016, se chamava "Reconstrução". Um sinal de que caminhamos em outra direção.

 

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Opinião

O papel do BNDES no desenvolvimento econômico do Brasil, por Maurício Borges Lemos

 

ESPECIAL FAPES/ELEIÇÃO 2019
Eleição para Conselhos acontece de 13 a 21 de março

 

VERSÃO IMPRESSA

(arquivo em PDF)

AGENDA

Aprovado calendário da eleição para CD e CF da AFBNDES

Foi aprovado ontem, no CD, o calendário oficial da eleição que renovará os Conselhos Deliberativo e Fiscal da AFBNDES (mandato 2019-2021). O edital de convocação do pleito será publicado em 5 de abril; a inscrição de candidatos se dará de 30 de abril a 14 de maio; a votação acontecerá em 29 de maio; a proclamação dos eleitos ficou marcada para 7 de junho; e a posse dos novos conselheiros para 1º de julho.

A eleição é para o preenchimento de, no máximo, 25 vagas no Conselho Deliberativo; e de seis vagas no Conselho Fiscal, sendo três efetivas e três suplentes.