Movimento

Edição nº1395 – sábado, 6 de junho de 2020

A trajetória e a “oportunidade” criminosa de Ricardo Salles 

Nota da Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente

 

A ASCEMA Nacional, representando os servidores da carreira de Especialista em Meio Ambiente, tem denunciado as atitudes do antiministro Ricardo Salles desde o começo de seu trabalho de desmonte do Ministério do Meio Ambiente, do IBAMA e do ICMBio, seguindo as diretrizes inconsequentes, irresponsáveis e anticientíficas de seu chefe, Bolsonaro. Não por acaso, suas credenciais para assumir o cargo foi a condenação pela fraude no Plano de Manejo da APA das várzeas do Rio Tietê. 

Em verdade, o vídeo da reunião ministerial representa prova concreta do oportunismo criminoso que Ricardo Salles vem aplicando desde que foi nomeado para executar a tarefa de desmontar a área ambiental através do esvaziamento de sua própria pasta e de um criminoso processo de desregulamentação da política ambiental do Brasil. 

A começar pela propaganda de campanha de Jair Bolsonaro, essa página infeliz da nossa história foi marcada por ataques aos nossos povos originários, indígenas e quilombolas, hostilizados em comícios repletos de discursos de ódio e preconceito, passando pela proposta de extinção do Ministério do Meio Ambiente, com ataques diretos aos servidores do IBAMA e ICMBio. Com a vitória nas eleições de 2018 e a péssima repercussão da proposta de extinção do MMA à imagem do agronegócio exportador, Bolsonaro colocou em prática a estratégia de dilapidação da proteção ao meio ambiente através do desmonte de seus órgãos executivos. Para isso Ricardo Salles foi nomeado. 

Não por acaso, assistimos ao aumento vertiginoso dos desmatamentos na Amazônia, detectados pelas imagens de satélite ainda em novembro de 2018, logo após o resultado das eleições. Com a posse de Bolsonaro, de imediato, a Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas foi extinta e a Secretaria de Recursos Hídricos e o Serviço Florestal Brasileiro foram para outras pastas, retirando da área ambiental a responsabilidade pela gestão das nossas águas e florestas públicas. Também a sociedade civil foi vilipendiada no desmonte do CONAMA, perdemos o Fundo Amazônia, o sistema de julgamento de multas foi paralisado pela criação dos Núcleos de Conciliação Ambiental, o ICMBio foi ocupado e desestruturado por Policiais Militares e o IBAMA exonerou a cadeia de comando da fiscalização, perdemos o controle do avanço do desmatamento em 2020, apenas para mencionar algumas credenciais que compõem a ficha corrida recente do antiministro do governo Bolsonaro. 

É nesse cenário, no momento em que a pandemia da COVID-19 ultrapassa 21 mil mortos, que Ricardo Salles relatou a seus colegas a “oportunidade” de passar uma “boiada” na forma de portarias e medidas infralegais, visando “desregulamentar” as normas de proteção ao Meio Ambiente, utilizando-se de pareceres encomendados, enquanto as atenções da imprensa estariam desviadas para o estado de calamidade na saúde pública. É inaceitável que um criminoso de ocasião permaneça destruindo o patrimônio ambiental do Brasil. FORA RICARDO SALLES! 

 

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Diante da gravidade da pandemia do novo coronavírus e do desmonte do Estado e das políticas públicas no atual governo, a ASCEMA Nacional e a MARÉ Socioambiental promoveram na última quinta-feira (4) – véspera do Dia Mundial do Meio ambiente, um debate sobre as relações entre a política ambiental e o direito à saúde. Foram abordados temas como os desafios da conservação da natureza, as relações entre degradação ambiental, mudanças climáticas e doenças, o ataque à legislação ambiental e o enfraquecimento das instituições de proteção ao meio ambiente.

Para conferir o debate, clique
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