A trajetória do novo
coronavírus no Brasil
continua preocupante.
Dados da noite da última
quinta-feira (4),
divulgados pelo site
Poder360,
mostram que o país
chegou a 614.941 casos
(+ 30.925 em um dia);
34.021 mortes (+ 1.473
em um dia); com 238.617
recuperados. O Brasil já
é o segundo em número de
casos, perdendo apenas
para os EUA (1.924.051);
e o terceiro em número
de mortes, atrás de EUA
– 110.173 e Reino Unido
– 39.904.
O
Estado do Rio de Janeiro
– com
60.932
casos e
6.327
mortos – só perde para
São Paulo (129.200
casos e
8.560
mortos). O Ministério da
Saúde admite que o
número de mortes possa
estar subnotificado. O
número de testes per
capita também é baixo. E
o que é pior: nossa
curva permanece
ascendente.
Diante desses números,
prefeituras e estados
começam a discutir e pôr
prática a reabertura do
comércio, após as
restrições impostas para
evitar a propagação da
doença. Não é à toa que
o Grupo de Trabalho
Multidisciplinar da
Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ)
sobre a covid-19 (GT
UFRJ) recomenda medidas
mais duras, como o
bloqueio total, chamado
de lockdown, em áreas do
estado do Rio de
Janeiro.
De acordo com Nota
Técnica, divulgada
no último fim de semana,
não há evidências que
mostrem diminuição no
nível de contágio no
estado, que pode ter o
pico do processo
epidêmico a partir do
próximo final de semana
[6 e 7/6]. Segundo
análise dos cientistas,
destaca a
Agência Brasil,
os esforços iniciais
para conter a pandemia
contribuíram para
reduzir a velocidade da
propagação da doença ao
longo do tempo, chamado
tecnicamente de valor do
indicador de
reprodutibilidade da
doença (R). Mas a nota
ressalta que a situação
ainda é “extremamente
preocupante”.
“Os resultados indicam
que o valor do indicador
de reprodutibilidade da
doença (R) ainda é muito
alto (um valor maior do
que 2!), sugerindo que
ações mais firmes (lockdown)
para desacelerar com
mais intensidade a
velocidade de
espalhamento do SARS-CoV-2
e a consequente
propagação da doença em
larga escala na
população ainda devam
ser consideradas nas
diferentes localidades
do estado do Rio de
Janeiro”, diz o
documento.
Em todas as áreas
analisadas, o
Covidímedro da UFRJ
indica a necessidade de
lockdown, já que o nível
de espalhamento da
doença está maior do que
2, ou seja, cada pessoa
com covid-19 contamina
pelo menos outras duas.
O nível moderado de
espalhamento seria R
entre 0,9 e 1,2. Para o
Estado do Rio de Janeiro
R foi calculado em 2,25
e para a cidade do Rio
de Janeiro ficou em
2,15.
No início das medidas de
isolamento social, em
meados de março, o nível
de espalhamento da covid-19
no estado estava em
5,5.
A nota indica também a
relação entre o nível de
isolamento no estado e o
número de casos de covid-19,
com base na mobilidade
de telefones celulares,
desde 1º de fevereiro
até o dia 23 de maio.
Segundo os cientistas, o
aumento ou diminuição do
nível de isolamento se
reflete no número de
casos 16 dias depois
“É possível observar que
o nível de isolamento
social, de acordo com
esse indicador de
mobilidade, se manteve,
em média, acima de 50%
de 16/03 a 02/05, sendo
que a partir de 03/05,
esse indicador de
mobilidade sugere que o
nível de isolamento
social foi próximo de
40%, portanto com
aumento de movimentação
nas ruas”.
A nota aponta para um
maior número de casos a
partir do final da
primeira semana de junho
e a desaceleração na
queda da propagação da
doença no estado.