MANIFESTO (*)
Acorda, BNDES!

Você já viu quanto o Banco aprovou no 1º trimestre de 2019?

"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós" – Sartre, J.P.

Caro colega Benedense,

Uma consulta rápida aos projetos aprovados pela Diretoria do BNDES no primeiro trimestre de 2019 não deixa dúvida: o volume de aprovações de novos financiamentos apresentou substancial queda quando comparado, por exemplo, ao fraco desempenho dos anos de 2017 e 2018. Inclusive em segmentos nos quais o BNDES é historicamente um ator relevante, como em infraestrutura, os números não são animadores.

Diante desse quadro, alguns dirão que a culpa é da economia1.

De fato, o ritmo de retomada da economia brasileira nos últimos anos tem sido muito lento e aquém do necessário, pelo menos, para reduzir o elevado desemprego no país. Porém, há evidências de que não é apenas o baixo dinamismo econômico que explica a queda nas consultas e aprovações do Banco. Exemplo disso é o recente recor-de observado na emissão de debêntures em 20172 e 20183. Contudo, mesmo em nível recorde, esse volume representa apenas 0,5% do PIB, quando seria necessário investir algo como 2% do PIB apenas para repor a depreciação da infraestrutura no Brasil (4 vezes mais!).

O cenário externo está dado e a grande questão com que nós, Benedenses que acreditamos no poder de contribuição e reação do Banco, nos defrontamos é: o que fazer? Evidentemente o corpo de Chefes, Superintendentes e a Diretoria da Casa, que compõem os comitês decisórios, têm importante papel nesse processo de reação. No entanto, é fundamental que toda a Casa, que cada um de nós se questione: como podemos mudar isso? Não temos tempo para desânimo e inércia. Temos responsabilidade, compromisso com o desenvolvimento e devemos assumir postura ativa e propositiva para enfrentar essa conjuntura adversa.

Uma forma clara de reação consiste na implementação imediata de novos produtos e políticas, além de revisão urgente de processos que representam barreiras à eficiência do BNDES e obstáculos ao cumprimento efetivo de nossa missão institucional de apoio ao investimento.

Como cada Área do BNDES pode contribuir? Como cada um de nós pode contribuir? Quais produtos têm a capacidade de atrair novos clientes, reforçando nosso papel no desenvolvimento econômico e social do país? Como podemos melhorar nossos processos? Como fazer com que operações menos complexas sigam trâmites igualmente menos complexos? Como reduzir custos financeiros e transacionais? O trabalho de cada um, na ponta e no suporte, é fundamental!

Na "rádio corredor" não faltam boas ideias, mas elas precisam imediatamente ser conduzidas às instâncias decisórias do Banco e ser implementadas com celeridade.

Por que não podemos atuar com debêntures incentivadas em operações de infraestrutura nos produtos de renda fixa, diminuindo o custo de captação de projetos tão importantes para o país?

Por que o BNDES não pode aproveitar sua madura carteira de projetos de infraestrutura para alavancar novos investimentos (realavancagem)?

Que novos serviços e tecnologias o BNDES pode oferecer a seus clientes no âmbito de um modelo de negócios/regulação que caminha cada vez mais, no Brasil e no mundo, para o open banking?

Por que não oferecer um novo FINAME de serviços tecnológicos, consultorias de engenharia, exportação, capacitação em manufatura enxuta e manufatura avançada?

Podemos fazer algo para acelerar a contratação de novos programas?

Como o BNDES pode contribuir para que os estados e municípios construam agenda de desenvolvimento urbano sustentável, pautada na ampliação das capacidades técnicas e institucionais e no planejamento de longo prazo para o enfrentamento dos crescentes desafios das cidades brasileiras?

Como reformular nossas políticas creditícias e minutas contratuais para atender melhor os clientes em tempos de TLP?

Como o BNDES pode ter acesso a outros fundings ou condições tributárias diferenciadas que permitam reduzir o custo de investir no Brasil? Nossa atual estrutura de composição dos spreads (básico e risco) é adequada?

Pergunte e provoque em sua área: como cada um pode contribuir? Os Chefes de Departamento e Superintendentes, certamente, capitanearão as boas ideias e iniciativas resultantes desse processo criativo e levarão as mudanças propostas à nossa Diretoria. Com o apoio dos funcionários, temos certeza de que não faltarão ação e motivação às maiores lideranças da Casa para defenderem na Diretoria propostas de novas formas de atuação do BNDES, com a celeridade necessária.

Em suma, é URGENTE que essas e outras novas ideias sejam rapidamente debatidas e implementadas; sejam transformadas em produtos e incorporadas nas políticas corporativas. O tempo urge!

O BNDES não pode se furtar a construir rapidamente soluções de estruturação e financiamento que promovam a atualização dos padrões de produção, de comercialização e de competição nacionais e que contribuam para que o Brasil rapidamente volte a crescer e torne sua economia mais competitiva.

Sigamos rumo aos próximos passos! The Game is not over! (Re)agir é preciso!

___________________

1 Vide o texto Análise Econômica nº 51 da Área de Planejamento do BNDES.

2 Vide https://financeone.com.br/ mercado-de-debentures-2018/.

3 Diversos outros instrumentos financeiros contam com isenções ou estímulos tributários (subsídios!), caso das debêntures de infraestrutura, LCA, LCI, CRA, CRI etc. Não é pública qualquer avaliação consolidada do impacto desses subsídios e de seu retorno social.

__________________

(*) Ana Raquel Paiva, André Teixeira, Arthur Koblitz, Eduardo Kaplan, Fernanda Nader Garavini, Laura Vidon, Lucas Linhares, Luiza Sidonio, Marconi Viana, Marcus Cardoso, Raquel Zanon, Rodrigo Madeira, Rodrigo Mendes Leal, Roy Frankel, Vitor Pimentel.

Somos um grupo de Benedenses, como muitos, preocupados com os rumos do país e do Banco. Nossa intenção é dialogar com demais colegas para juntos pensarmos em ideias e somarmos esforços em prol do desenvolvimento.

 

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ENCONTRO
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Escritório Ayres Britto conduzirá ação judicial

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MOVIMENTO
A ascensão da Ásia no cenário econômico global

Opinião

Milícias, por Paulo Moreira Franco

 

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AGENDA

Eleição para CD e CF: inscrições a partir do dia 30

Começa no dia 30 de abril a inscrição de candidatos e chapas para as eleições que renovarão os conselhos Deliberativo e Fiscal da AFBNDES – biênio 2019/2021. Somente são elegíveis os sócios efetivos que tenham se filiado à Associação 90 dias antes da data da eleição, marcada para 29 de maio; e que não tenham sofrido quaisquer das penalidades previstas estatutariamente no ano de 2018.

Para candidatar-se ao CD, o interessado deverá apresentar à secretaria da entidade requerimento de inscrição assinado pelo próprio ou por cinco eleitores. Para o CF, o requerimento deverá ser assinado por todos os componentes da chapa ou por pelo menos 25 eleitores. Importante: os membros do CD e do CF só podem ser reeleitos para, no máximo, um mandato consecutivo.

As eleições são para o preenchimento de, no máximo, 25 vagas para o Conselho Deliberativo e de seis vagas para o Conselho Fiscal, sendo três efetivas e três suplentes. Para a eleição dos membros do CD, os sócios efetivos poderão sufragar os nomes de, no máximo, nove candidatos.

A votação para o CD será feita em cédula impressa contendo o nome dos candidatos inscritos. Para o CF, a votação será por chapa.