"Depois de tanto orgulho
e tanta estranha
Ociosidade (...)"
(O
Cemitério Marinho
– Paul Valery)
"Ótimo artigo. Foi bom
ter trabalhado com
você." Assim um dos meus
usuais leitores comentou
a versão beta (dica:
sempre passe o que você
for fazer por vários
olhos de diferentes
matizes interpretativos)
do artigo
Milícias. Falava
desse parágrafo que
acabei retirando:
"Enquanto o isso, o
Felipão da economia
brasileira, o homem que
secundado por Nelson
Murtosa comandou este
sete a um que foi uma
recessão de quase 4% do
PIB sem que estivéssemos
sob nenhum choque
externo, sob nenhuma
crise energética, sete a
um por pura incapacidade
de sair de uma fórmula
preestabelecida de
condução
anti-inflacionária, este
poeta da austeridade que
ao final nos deu o
brexit de Jair
Messias e Araújo, nos
conduz, pacientemente. É
abril, e finalmente há
uma diretoria. Mas até
agora se foi um
trimestre de uma espécie
de escola
construtivista, com
muita apresentação,
muita perguntinha
curiosa, mas aprovação
de matéria que é bom,
nada! Aprovação só
automática. Mas assim
como consigo ler o verso
de muito mais que 100
bilhões sendo
devolvidos, furadeiras
no armário de
disponibilidades de
caixa do ativo do Banco
à espera de uma Marie
Kondo, lembro que
Felipão foi campeão
nacional, e quem sabe há
uma esperança que um
raio de Coutinho (não
convocado em 2014) e
Ha-Joon Chang venha a
iluminar Levy."
E do
último artigo
acabei tirando isso, em
parte por saber em cima
da hora das mudanças em
curso (e me desculpem as
repetições em relação ao
texto acima):
"Mas voltando a mais
Joaquim do que Levy,
houve um tempo em que
achei que ele estava
aqui com a maquiavélica
intenção de deixar o
Banco parado para
devolver mais do que 150
bi ao final do ano. O
atraso em nomear um sup
definitivo para a AC, o
trimestre sem diretoria,
as perguntas ao mesmo
tempo interessadas, ao
mesmo tempo inúteis para
quem tem decisões
imediatas a tomar, que
me foram relatadas por
pessoas de diferentes
áreas em diferentes
assuntos, tudo isso
seria o que eu faria com
essa única missão. A
diretoria enquanto
colégio construtivista,
com perguntinhas
criativas,
apresentações, grupos de
trabalho – mas matéria
para aprovação, necas!
aprovação só automática!
– seria uma forma
fabulosa de fazê-lo sem
ninguém se dar conta,
com as pessoas tendo a
ilusão de se estar
fazendo alguma coisa.
Hoje vejo falta de
criatividade. Vejo uma
incapacidade de entender
o que é o problema
complexo de reger um
barco em movimento ao
invés da simples
execução de uma missão
de arrecadação e corte".
No meu andar ele passou
a se despedir. Jogou a
história de convergência
etc. de sempre. Fiz um
questionamento sobre o
fato de que lá fora todo
mundo opera sobre
quantitative easing,
Ele veio com o papinho
de
savings glut,
o que pra mim é o papo
preguiçoso dos que não
encararam a
empiria da
crise pra cá e
os
desdobramentos teóricos
que ela suscita, sintoma
do
entendimento obsoleto
de economia que o levou
a presidir a catástrofe
de 2015. Não há o mínimo
sintoma de autocrítica
em Levy.
Joaquim Levy caiu por
nada, literalmente. Há
alguns aprendizados para
quem vier, como, por
exemplo, não tirar a
BPAR da Lustosa (pois o
Sistema – coff coff
Globo – vai vir em cima.
Lembram do timing em que
a matéria da Época veio
e ficou por isso mesmo,
sem seguimento, ao mesmo
tempo em que apenas uma
mudança da
reestruturação foi
revertida?). Outro
ensinamento: é bom
entrar aqui sabendo o
que vai fazer e tendo
equipe. O problema é que
saber o que vai fazer e
ter equipe prévia para
tal é mercadoria escassa
nesse governo. A única
que aparentemente havia
está sendo desbaratada
pelos seus telegrams.
Guedes, pelo visto, tem
muito trabalho com os
Russos do Congresso
pela frente. E agora
mais um na República do
Chile, que aparentemente
ele resolveu colocar sob
um controle pessoal mais
estrito. No seu papel de
vilão/bad cop,
Jair livrou seu Posto
Ipiranga de assumir
publicamente uma decisão
errada. Quantas mais
poderá fazê-lo?
Torçamos pra que Bacha
tenha saído e Mendonça
de Barros chegado.