Especialista em finanças públicas, integrante da equipe que elaborou o artigo 239 da Constituição Federal, que prevê a destinação para o BNDES de 40% dos recursos das contribuições do PIS/Pasep, e benedense aposentado, José Roberto Afonso enviou vídeo com mensagem de apoio ao ato de quinta-feira passada em defesa do BNDES.

Segundo ele, a discussão relativa à destinação do FAT para a Previdência é um equívoco. "Me lembra durante a Constituinte, quando um deputado, líder trabalhista, perguntou, em relação à proposta então encabeçada pelo José Serra, porque não se destinava 100% dos recursos do PIS/Pasep para pagar o seguro-desemprego. E a gente explicou que os 40% do BNDES não eram a fundo perdido; voltam, geram juros, são recursos que você acumula no crescimento para poder usar em caso de recessão, quando o desemprego é maior. E, acima de tudo, sendo bem aplicados, esses recursos geram crescimento e emprego. O que não faz sentido é agora a gente transformar um fundo público, o único que tem fundos, no amparo a ex-trabalhadores. É a hora de a gente lutar para preservar o BNDES e, sobretudo, o FAT".

Entrevistado pela Folha de S. Paulo, em edição de 21/6, José Roberto Afonso dá mais ênfase à sua crítica: "Além de perder a receita recorrente, o banco será descapitalizado. Não descarto a hipótese de ser fechado. Aliás, parece que esse é o objetivo maior do governo", disse. Segundo Afonso, o FAT vai deixar de receber os juros do BNDES e não será remunerado pelos recursos que vão para a Previdência. Com isso, haverá uma piora nas contas do fundo. "Com menos juros e com mais desemprego, o déficit do FAT vai aumentar, e o Tesouro vai ter que cobrir". Ele ainda ressalta que o direcionamento do dinheiro do FAT para a Previdência não trará ganho fiscal, um dos objetivos da reforma.

De acordo José Roberto Afonso, o déficit previdenciário irá recuar no mesmo valor em que o déficit do Tesouro Nacional irá aumentar, pois a poupança do FAT aplicada no BNDES é contabilizada hoje como superávit primário (receita menos despesas antes do pagamento de juros da dívida).