Os governos da
Noruega e da
Alemanha, dois
países que mais
injetam recursos no
Fundo Amazônia, se
posicionaram, em
carta ao ministro do
Meio Ambiente,
Ricardo Salles, pela
manutenção da atual
estrutura do Fundo.
"Na ausência de
quaisquer mudanças
concordadas quanto à
governança do Fundo
Amazônia, esperamos
que o BNDES continue
a gerir o fundo e
aprovar os projetos
seguindo os acordos
e as diretrizes
existentes", diz a
carta, datada de 5
de junho, quando foi
celebrado o Dia
Mundial do Meio
Ambiente.
O ministro Ricardo
Salles afirmou,
recentemente, ter
encontrado problemas
nos contratos do
Fundo e defendeu
mudanças no mesmo,
sem apresentar,
contudo, qualquer
denúncia a respeito.
Na carta, Noruega e
Alemanha discordam
da afirmação do
ministro e dizem que
o BNDES faz
auditorias anuais,
seguindo padrões
internacionais, e
que, até agora, elas
são "unânimes no
reconhecimento do
uso eficiente dos
recursos do Fundo
Amazônia e nos
impactos mensuráveis
na redução do
desmatamento".
Os embaixadores da
Noruega e da
Alemanha elogiam a
estrutura e o modelo
de governança do
Fundo Amazônia, com
decisões tomadas a
partir do esforço
conjunto dos
governos, empresas
privadas,
organizações não
governamentais e
comunidades locais.
Destacam a
competência e a
independência do
BNDES na gestão do
Fundo e ressaltam
que esse modelo vem
funcionando há mais
de dez anos.
A carta teve grande
repercussão nos
meios de
comunicação, ontem e
anteontem, com
matérias na Folha de
S. Paulo, Estadão, O
Globo, Jornal Hoje e
Jornal Nacional, da
TV Globo, entre
outros veículos
(links para as
reportagens estão
presentes no
Facebook da
AFBNDES).
O ex-presidente do
BNDES, Luiz Carlos
Mendonça de Barros,
fez comentários
sobre a carta no
Twitter: "O Jornal
Nacional deu
destaque à carta que
os governos da
Alemanha e da
Noruega enviaram ao
governo brasileiro
refutando de maneira
clara e dura o
pedido de mudanças
na gestão do Fundo
Amazônia gerido pelo
BNDES. Além disso,
disseram que a
gestão do Fundo por
um grupo de
funcionários do
BNDES tem sido,
desde o início,
irretocável do ponto
de vista de seus
objetivos
estatutários. Deixou
a direção do BNDES
em situação muito
difícil por ter
exonerado sem
explicações seus
dirigentes", tuitou
o economista.
Nota da AFBNDES –
Em nota divulgada à
imprensa e citada na
reportagem da Folha
de S. Paulo,
a AFBNDES ressalta a
importância da
posição dos governos
da Alemanha e da
Noruega para o
futuro do Fundo
Amazônia. "Não
poderia ser maior o
contraste entre o
posicionamento dos
governos dos dois
países doadores de
99% dos recursos do
Fundo e o
comportamento do
ministro do Meio
Ambiente ao lado da
atual diretoria do
BNDES", destaca a
Associação. A
entidade salienta
que, no texto, a
gestão do Fundo pelo
BNDES é defendida,
assim como o modelo
de governança
implementado.
"Para a AFBNDES, as
intenções de Ricardo
Salles estão claras:
a utilização dos
recursos do Fundo
para pagar
indenizações
relacionadas à
desapropriação de
terras por razões de
preservação
ambiental. Segundo
ambientalistas, na
Amazônia isso
implicaria
potencialmente no
beneficiamento de
grileiros, que
invadem áreas de
preservação para
receber
indenizações. Entre
os planos do
ministro estava
desacreditar o corpo
técnico do BNDES e
obter o controle do
Fundo, pois sabe-se
que a atual
estrutura do COFA,
defendida na carta
pelos países
doadores, jamais
concordaria com suas
propostas" (confira
a íntegra da nota
abaixo).
A Associação também
critica a direção do
Banco por manter, em
seu site, comunicado
com posicionamento a
respeito do
afastamento da chefe
do Departamento de
Meio Ambiente,
responsável pela
gestão do Fundo
Amazônia no BNDES.
"Ofendendo, ao nosso
ver, uma colega
dedicada e de
reputação ilibada,
assim como toda a
equipe que trabalha
no Fundo".
YouTube –
Vídeos do Ato em
Defesa do Fundo
Amazônia, organizado
pela AFBNDES e pela
Associação dos
Servidores Federais
da Área Ambiental no
Estado do Rio de
Janeiro (ASIBAMA-RJ),
no dia 4 de junho,
em frente ao BNDES,
estão disponíveis no
canal da nossa
Associação no
Youtube.
O ato contou com
grande participação
de entidades
congêneres e
relacionadas ao tema
do meio ambiente,
como as associações
de servidores do
ICMBio, Funai, Ipea,
IBGE e INCRA,
Observatório do
Clima, Coordenação
das Organizações
Indígenas da
Amazônia Brasileira
(COIAB), Instituto
de Pesquisa
Ambiental da
Amazônia (IPAM),
Funai, FASE,
Articulação Nacional
de Agroecologia
(ANA), Articulação
de Agroecologia da
Amazônia, Movimento
dos Pequenos
Agricultores (MPA),
Movimento dos
Atingidos por
Barragens (MAB),
ambientalistas,
indígenas e
apoiadores da causa
ecológica. Também
esteve presente e
falou aos
manifestantes o
ex-ministro do Meio
Ambiente Carlos Minc.
Nota da AFBNDES
sobre carta dos
doadores do Fundo
Amazônia
A AFBNDES reitera a
importância da
posição dos governos
da Alemanha e da
Noruega em carta
sobre o futuro do
Fundo Amazônia
destinada ao
Ministério do Meio
Ambiente, enviada no
último dia 5 de
junho. No texto,
assinado pelos
embaixadores dos
dois países, a
gestão do Fundo pelo
BNDES é defendida,
assim como o modelo
de governança
implementado desde o
início do Fundo
Amazônia.
Sobre
a gestão do BNDES, a
carta destaca:
“A competência e
independência do
BNDES na gestão do
Fundo é essencial.
Para evitar qualquer
potencial conflito
de interesses, o
BNDES – e não o COFA
– avalia e aprova
projetos. Todo ano,
a gestão do Fundo do
BNDES é sujeita a
auditorias
financeiras e
avaliações de
impacto, conduzidas
de acordo com
padrões
internacionais. Até
agora, essas
auditorias e
avaliações foram
unânimes no seu
reconhecimento geral
do uso eficiente dos
recursos e de
impactos mensuráveis
de redução do
desmatamento do
Fundo Amazônia. O
BNDES tem
consistentemente
considerado as
recomendações dessas
auditorias para
aperfeiçoar a
efetividade e
impacto do Fundo”.
Não poderia ser
maior o contraste
entre o
posicionamento dos
governos dos dois
países doadores de
99% dos recursos do
Fundo e o
comportamento do
ministro do Meio
Ambiente ao lado da
atual diretoria do
BNDES.
Como apontamos em
nota anterior
divulgada pela
Associação a
respeito do caso,
todo o alarde do
ministro Ricardo
Salles sobre
irregularidades no
Fundo Amazônia não
passava de um blefe.
Até hoje nenhum
questionamento foi
enviado ao BNDES
sobre qualquer
operação do Fundo,
mesmo o Ministério
do Meio Ambiente
estando há meses em
posse de todas as
informações sobre as
operações
realizadas.
Para a AFBNDES, as
intenções de Ricardo
Salles estão claras:
a utilização dos
recursos do Fundo
para pagar
indenizações
relacionadas à
desapropriação de
terras por razões de
preservação
ambiental. Segundo
ambientalistas, na
Amazônia isso
implicaria
potencialmente no
beneficiamento de
grileiros, que
invadem áreas de
preservação para
receber
indenizações. Entre
os planos do
ministro estava
desacreditar o corpo
técnico do BNDES e
obter o controle do
Fundo, pois sabe-se
que a atual
estrutura do COFA,
defendida na carta
pelos países
doadores, jamais
concordaria com suas
propostas.
Por isso, reforçamos
nossa indignação com
o envolvimento do
BNDES nesta trama.
Até hoje, o Banco
mantém em seu site o
posicionamento a
respeito do
afastamento da chefe
do Departamento de
Meio Ambiente,
responsável pela
gestão do Fundo
Amazônia dentro do
BNDES. Ofendendo, ao
nosso ver, uma
colega dedicada e de
reputação ilibada,
assim como toda a
equipe que trabalha
no Fundo. A nota
segue disponível,
mesmo após as
declarações públicas
do presidente do
BNDES, negando
publicamente seu
conteúdo.
Acreditamos que a
diretoria do BNDES
ainda deve um pedido
formal de desculpas
pelo afastamento da
gestora, assim como
deve retirar o
texto, no qual
justifica a decisão,
tratando o
procedimento como
“natural”.