Acontece

Edição nº1349 – quinta-feira, 13 de junho de 2019

Noruega e Alemanha defendem em carta governança do Fundo Amazônia

Embaixadas destacam competência e independência do BNDES na gestão do Fundo e ressaltam que esse modelo vem funcionando bem há mais de dez anos

christina bocayuva

O ex-ministro Carlos Minc no Ato em Defesa do Fundo Amazônia

Os governos da Noruega e da Alemanha, dois países que mais injetam recursos no Fundo Amazônia, se posicionaram, em carta ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pela manutenção da atual estrutura do Fundo. "Na ausência de quaisquer mudanças concordadas quanto à governança do Fundo Amazônia, esperamos que o BNDES continue a gerir o fundo e aprovar os projetos seguindo os acordos e as diretrizes existentes", diz a carta, datada de 5 de junho, quando foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.

O ministro Ricardo Salles afirmou, recentemente, ter encontrado problemas nos contratos do Fundo e defendeu mudanças no mesmo, sem apresentar, contudo, qualquer denúncia a respeito. Na carta, Noruega e Alemanha discordam da afirmação do ministro e dizem que o BNDES faz auditorias anuais, seguindo padrões internacionais, e que, até agora, elas são "unânimes no reconhecimento do uso eficiente dos recursos do Fundo Amazônia e nos impactos mensuráveis na redução do desmatamento".

Os embaixadores da Noruega e da Alemanha elogiam a estrutura e o modelo de governança do Fundo Amazônia, com decisões tomadas a partir do esforço conjunto dos governos, empresas privadas, organizações não governamentais e comunidades locais. Destacam a competência e a independência do BNDES na gestão do Fundo e ressaltam que esse modelo vem funcionando há mais de dez anos.

A carta teve grande repercussão nos meios de comunicação, ontem e anteontem, com matérias na Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo, Jornal Hoje e Jornal Nacional, da TV Globo, entre outros veículos (links para as reportagens estão presentes no Facebook da AFBNDES).

O ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, fez comentários sobre a carta no Twitter: "O Jornal Nacional deu destaque à carta que os governos da Alemanha e da Noruega enviaram ao governo brasileiro refutando de maneira clara e dura o pedido de mudanças na gestão do Fundo Amazônia gerido pelo BNDES. Além disso, disseram que a gestão do Fundo por um grupo de funcionários do BNDES tem sido, desde o início, irretocável do ponto de vista de seus objetivos estatutários. Deixou a direção do BNDES em situação muito difícil por ter exonerado sem explicações seus dirigentes", tuitou o economista.

Nota da AFBNDES – Em nota divulgada à imprensa e citada na reportagem da Folha de S. Paulo, a AFBNDES ressalta a importância da posição dos governos da Alemanha e da Noruega para o futuro do Fundo Amazônia. "Não poderia ser maior o contraste entre o posicionamento dos governos dos dois países doadores de 99% dos recursos do Fundo e o comportamento do ministro do Meio Ambiente ao lado da atual diretoria do BNDES", destaca a Associação. A entidade salienta que, no texto, a gestão do Fundo pelo BNDES é defendida, assim como o modelo de governança implementado.

"Para a AFBNDES, as intenções de Ricardo Salles estão claras: a utilização dos recursos do Fundo para pagar indenizações relacionadas à desapropriação de terras por razões de preservação ambiental. Segundo ambientalistas, na Amazônia isso implicaria potencialmente no beneficiamento de grileiros, que invadem áreas de preservação para receber indenizações. Entre os planos do ministro estava desacreditar o corpo técnico do BNDES e obter o controle do Fundo, pois sabe-se que a atual estrutura do COFA, defendida na carta pelos países doadores, jamais concordaria com suas propostas" (confira a íntegra da nota abaixo).

A Associação também critica a direção do Banco por manter, em seu site, comunicado com posicionamento a respeito do afastamento da chefe do Departamento de Meio Ambiente, responsável pela gestão do Fundo Amazônia no BNDES. "Ofendendo, ao nosso ver, uma colega dedicada e de reputação ilibada, assim como toda a equipe que trabalha no Fundo".

YouTube – Vídeos do Ato em Defesa do Fundo Amazônia, organizado pela AFBNDES e pela Associação dos Servidores Federais da Área Ambiental no Estado do Rio de Janeiro (ASIBAMA-RJ), no dia 4 de junho, em frente ao BNDES, estão disponíveis no canal da nossa Associação no Youtube.

O ato contou com grande participação de entidades congêneres e relacionadas ao tema do meio ambiente, como as associações de servidores do ICMBio, Funai, Ipea, IBGE e INCRA, Observatório do Clima, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Funai, FASE, Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Articulação de Agroecologia da Amazônia, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ambientalistas, indígenas e apoiadores da causa ecológica. Também esteve presente e falou aos manifestantes o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc.

Nota da AFBNDES sobre carta dos doadores do Fundo Amazônia

A AFBNDES reitera a importância da posição dos governos da Alemanha e da Noruega em carta sobre o futuro do Fundo Amazônia destinada ao Ministério do Meio Ambiente, enviada no último dia 5 de junho. No texto, assinado pelos embaixadores dos dois países, a gestão do Fundo pelo BNDES é defendida, assim como o modelo de governança implementado desde o início do Fundo Amazônia.

Sobre a gestão do BNDES, a carta destaca:

“A competência e independência do BNDES na gestão do Fundo é essencial. Para evitar qualquer potencial conflito de interesses, o BNDES – e não o COFA – avalia e aprova projetos. Todo ano, a gestão do Fundo do BNDES é sujeita a auditorias financeiras e avaliações de impacto, conduzidas de acordo com padrões internacionais. Até agora, essas auditorias e avaliações foram unânimes no seu reconhecimento geral do uso eficiente dos recursos e de impactos mensuráveis de redução do desmatamento do Fundo Amazônia. O BNDES tem consistentemente considerado as recomendações dessas auditorias para aperfeiçoar a efetividade e impacto do Fundo”.

Não poderia ser maior o contraste entre o posicionamento dos governos dos dois países doadores de 99% dos recursos do Fundo e o comportamento do ministro do Meio Ambiente ao lado da atual diretoria do BNDES.

Como apontamos em nota anterior divulgada pela Associação a respeito do caso, todo o alarde do ministro Ricardo Salles sobre irregularidades no Fundo Amazônia não passava de um blefe. Até hoje nenhum questionamento foi enviado ao BNDES sobre qualquer operação do Fundo, mesmo o Ministério do Meio Ambiente estando há meses em posse de todas as informações sobre as operações realizadas.

Para a AFBNDES, as intenções de Ricardo Salles estão claras: a utilização dos recursos do Fundo para pagar indenizações relacionadas à desapropriação de terras por razões de preservação ambiental. Segundo ambientalistas, na Amazônia isso implicaria potencialmente no beneficiamento de grileiros, que invadem áreas de preservação para receber indenizações. Entre os planos do ministro estava desacreditar o corpo técnico do BNDES e obter o controle do Fundo, pois sabe-se que a atual estrutura do COFA, defendida na carta pelos países doadores, jamais concordaria com suas propostas.

Por isso, reforçamos nossa indignação com o envolvimento do BNDES nesta trama. Até hoje, o Banco mantém em seu site o posicionamento a respeito do afastamento da chefe do Departamento de Meio Ambiente, responsável pela gestão do Fundo Amazônia dentro do BNDES. Ofendendo, ao nosso ver, uma colega dedicada e de reputação ilibada, assim como toda a equipe que trabalha no Fundo. A nota segue disponível, mesmo após as declarações públicas do presidente do BNDES, negando publicamente seu conteúdo. Acreditamos que a diretoria do BNDES ainda deve um pedido formal de desculpas pelo afastamento da gestora, assim como deve retirar o texto, no qual justifica a decisão, tratando o procedimento como “natural”.

 

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Boleto para o pagamento da ação da CGPAR

Alguns associados deixaram de receber e-mail da AFBNDES com o boleto referente à primeira parcela da contribuição extraordinária que custeará os honorários do escritório de advocacia Ayres Britto, contratado pelas Associações para propor ação judicial contra as mudanças trazidas pela Resolução n.º 23/2018 da CGPAR.

O associado que não recebeu o e-mail deve comparecer ao Setor de Atendimento da AFBNDES, localizado no mezanino do Edserj, até o dia 21 de junho, para fazer o referido pagamento, que também pode ser efetuado por meio de transferência bancária para a conta corrente n.º 11136-1, agência 1964, do Banco Itaú. Nesta hipótese, o comprovante da operação deve ser encaminhado até o dia 21 para o seguinte endereço eletrônico: afatendi@afbndes.org.br.

O boleto da ação da CGPAR também foi enviado aos associados pelo correio. Caso a contribuição tenha sido quitada antes do recebimento da correspondência, a AF pede para que a cobrança seja desconsiderada.

Este pagamento se refere às duas primeiras parcelas do contrato de prestação dos serviços advocatícios (ajuizamento da ação e atuação em 2ª instância) e corresponde a 0,21% da remuneração de cada associado (ou seja: do valor que serve de base para o cálculo da contribuição mensal à AFBNDES). Caso o associado queira informações sobre o valor a pagar, pode entrar em contato com o Atendimento da AF.

Assembleia – A medida judicial contra a Resolução 23 da CGPAR foi aprovada em assembleia geral das Associações de Funcionários e da APA realizada em 15 de abril no térreo do Edserj. Na oportunidade houve concordância com a contratação do escritório do ex-ministro do STF, Ayres Britto, para conduzir a ação. Também foi aprovada a contribuição extraordinária de até 0,65% da remuneração do associado para o custeio da ação.

O escritório apresentou orçamento de R$ 700 mil para o custeio total do processo, assim divididos: R$ 130 mil na 1ª instância; R$ 100 mil na 2ª instância; R$ 150 mil na 3ª instância; R$ 120 mil em caso de decisão liminar favorável; e R$ 200 mil na sentença favorável “transitada em julgado”.