Opinião

Edição nº1347 – quinta-feira, 30 de maio de 2019

Em busca do equilíbrio

Tiago Lezan Sant´Anna

Advogado do BNDES

Comecei a nadar aos 3 anos de idade. Desde então, nunca fiquei muito tempo afastado desse esporte. Não pratico apenas visando manter a saúde do corpo. A natação também ajuda a manter minha mente sã. Na vida, nem sempre há justiça. Na natação, contudo, há pouco espaço para a sorte. O resultado é proporcional à dedicação. Por isso gosto de competir e, quando posso, treino com afinco.

Fui federado dos 8 aos 14 anos. Depois de muito tempo afastado das competições, em 2006 comecei a treinar e a competir pelo Vasco, meu clube do coração. Logo, porém, ficou difícil conciliar com a advocacia e o estudo para concursos públicos. Até que em janeiro de 2009 ingressei no BNDES, tendo decidido dar um tempo nesses estudos.

Meu primeiro chefe aqui no Banco me incentivou a treinar e a competir. Apesar de flamenguista, aceitou abonar dois dias para que eu pudesse viajar para um Sul-Americano em Mar del Plata, mesmo sabendo que eu ia competir pelo Vasco. Agradeço muito a ele, que também apoiou meu mestrado e me ensinou muita coisa sobre o BNDES. Principalmente, agradeço por ter sido um chefe que se preocupava com a felicidade e bem-estar dos seus subordinados.  

Aquela competição foi uma experiência ótima e serviu para eu ver que precisava treinar mais se quisesse competir naquele nível. Meu melhor resultado foi um 6º lugar nos 200m borboleta, logo a prova que estava disputando pela primeira vez no Master.

Em 2011, já no contencioso, consegui disputar minha segunda competição internacional como nadador Master: um Pan-Americano, realizado aqui no Rio, no Julio Delamare. Desta vez, muito mais bem preparado, conquistei duas medalhas, uma delas nos 200m borboleta, que passou a ser a minha especialidade. O custo, porém, foram dois ombros lesionados, que me obrigaram a parar por cerca de um ano.

Pouco tempo depois, o Parque Aquático do Vasco foi interditado e nunca mais eu havia retomado o mesmo nível de dedicação, concentrando demais o meu foco no trabalho. Acontece que além do trabalho de rotina no antigo Decon, fui designado para atividades paralelas igualmente estressantes e, ao mesmo tempo, estimulantes.

Participei da primeira comissão de apuração interna (CAI), da primeira comissão responsável por um processo administrativo de responsabilização (PAR) e então veio a Operação Bullish.

Já tinha prestado a chamada assistência jurídica interna diversas vezes, inclusive tendo sido o único técnico da casa a acompanhar, como advogado, um depoimento na CPI da Câmara, em 2015.

Embora tendo prática em inquéritos policiais e tendo concluído recentemente uma pós-graduação em Direito Penal Econômico, o desafio era imenso, porque na Operação Bullish eram diversos colegas necessitando de assistência e não havia estrutura montada.

Na gerência onde estava lotado, uma colega estava de licença médica e as tarefas não paravam de chegar. Enquanto isso, o PAR estava ainda em curso...

Pedi ajuda aos meus superiores, mas não havia perspectiva de melhora. Até que decidi fazer minha autoreestruturação: optei por deixar o antigo Decon, depois de 6 anos.

Fiquei então apenas com o PAR, com o desafio de aprender o novo serviço e uma meta: voltar a me dedicar aos projetos pessoais. Em especial, desejava voltar a nadar em bom nível.

Recém-admitido no departamento, com muita coisa para aprender ali e ainda tendo decidido concorrer a uma vaga num doutorado, demorei um pouco para conseguir me organizar e só no ano passado comecei a treinar mais forte. Tracei uma meta ousada: nadar novamente um Pan-Americano Master. Desta vez em Orlando (sendo que tradicionalmente as competições na América do Norte são bem mais fortes do que as disputadas no hemisfério sul). Objetivo conquistado, com direito a um 6º lugar na prova que se tornou a minha especialidade: os 200m borboleta. Na última etapa do circuito brasileiro de 2018, conquistei o ouro nessa mesma prova.

Mais importante, porém, do que qualquer medalha, é conseguir manter o equilíbrio entre o trabalho e o lazer.

 

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Opinião

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