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Edição nº1347 –
quinta-feira, 30 de maio de
2019 |
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Em Defesa do BNDES e
do seu corpo
funcional
Ex-presidente
Luciano Coutinho e
vice-presidente da
AFBNDES, Arthur
Koblitz, respondem a
jornalista da
revista Exame que
atacou Banco e seu
corpo técnico |
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Na edição nº 1185 da
revista Exame, de
15/05/2019, o
jornalista J.R.
Guzzo faz graves
acusações ao BNDES.
"Durante os 13 anos
e meio dos governos
de Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma
Rousseff, o Banco
Nacional de
Desenvolvimento
Econômico e Social
funcionou como uma
sociedade de
ladrões", escreveu
Guzzo no artigo
intitulado "Até tu,
BNDES?". Mantendo o
mesmo tom, o
jornalista faz
críticas veementes
ao corpo técnico da
Casa e ao
ex-presidente do
Banco, Luciano
Coutinho.
Na edição seguinte
(nº 1186, de
29/05/2019), a
revista publicou, na
seção "Cartas &
E-Mails", trecho das
respostas de Luciano
Coutinho e do
vice-presidente da
AFBNDES, Arthur
Koblitz. Confira, a
seguir, a íntegra
dos dois textos.
Resposta de Luciano
Coutinho
"Li sua coluna na
revista Exame,
edição 1185. Em
respeito à sua
trajetória como
jornalista atento à
qualidade dos textos
publicados e,
especialmente, com a
integridade dos
fatos, passo a
esclarecer os pontos
seguintes:
1. O BNDES é uma
instituição íntegra,
que não esteve e não
está envolvida em
corrupção. Nenhuma
das delações
premiadas de
empreiteiras ou de
outras empresas
imputou ao Banco ou
à minha pessoa a
prática de ilícitos.
2. Os processos de
análise e de decisão
no BNDES são
técnicos, colegiados
e impessoais. As
regras de
compliance da
instituição foram
reforçadas na minha
gestão. Elas são
firmes e efetivas.
Diante da revelação
de ilícitos de
corrupção por parte
de empresas clientes
ou de postulantes a
apoio financeiro,
essas regras
permitiram a pronta
suspensão ou
cancelamento das
operações
correspondentes.
Assim foi feito, na
minha gestão, no
caso de várias
operações de
exportação de
serviços de
engenharia e de
alguns projetos no
Brasil.
3. Informo-lhe que
não estou indiciado
em "diversos"
inquéritos criminais
pela Polícia
Federal. Houve um
indiciamento
(operação Acrônimo)
que não prosperou e,
a pedido do
Ministério Público,
foi devolvido por
falta de
fundamentos. Há
outro (operação
Bullish) que foi
convertido em
denúncia pelo MPF e
se encontra sob
exame na 12ª Vara do
Distrito Federal.
Este indiciamento
não contém provas
materiais, nem
substância fática –
apenas ilações e
hipóteses. É
importante ressaltar
que não imputam, a
mim e aos
funcionários do
BNDES, o crime de
corrupção *.
4. Creio que o
respeito ao devido
processo legal é
pilar essencial à
democracia. Tenho
confiança na Justiça
de nosso país e a
certeza de que este
processo reconhecerá
a minha integridade
e a absoluta lisura
dos empregados do
Banco.
5. O bloqueio de meu
patrimônio e de
vários funcionários
do BNDES, por
iniciativa do MPF de
Dourados (MT do
Sul), baseou-se na
falsa premissa de
que o financiamento
à Usina São Fernando
careceu de
garantias. A
primeira instância
judicial de Dourados
já reconheceu a
improcedência desta
alegação e o TRF da
3ª região
desbloqueou os bens
dos funcionários do
Banco. No meu caso e
do
ex-vice-presidente
espero que este
equívoco venha a ser
sanado em breve.
6. Não posso aceitar
deliberação recente
do TCU, que reverteu
julgamento anterior
e me inabilitou ao
exercício de cargo
público, em razão de
‘pedaladas’ fiscais
para as quais não
contribuí. Ademais,
em 2015, antes de
deixar o cargo de
presidente do BNDES,
trabalhei junto com
o Ministério da
Fazenda e disso
resultou a plena
quitação dos
atrasados do Tesouro
Nacional devidos ao
Banco. Irei,
portanto, recorrer
desta injusta
decisão.
7. O apoio
governamental à
exportação de bens
de capital e
serviços de
engenharia data dos
anos 70. Na 2ª
metade dos anos 90
foi instituída a
Câmara de Comércio
Exterior-Camex e o
Comitê de
Financiamento e
Garantia das
Exportações-Cofig,
órgãos colegiados
que normatizam a
política de
exportação. Foram
também criados: o
Seguro de Crédito à
Exportação-SCE e o
Fundo Garantidor de
Exportações-FGE; bem
como o FAT-cambial e
a possibilidade de
equalização de taxas
de juros por meio do
PROEX.
8. Sob esta
arquitetura, o BNDES
exerce, desde 1998,
um papel de
Eximbank, isto
é, de um banco
financiador da
exportação de bens e
serviços originados
do Brasil,
desembolsando em
reais, no país, à
medida em que as
exportações são
realizadas e
comprovadas. Assim,
o Banco não
transfere recursos
em moeda ao
exterior, ao
contrário, recebe de
importadores
estrangeiros
(empresas ou
governos) em moeda
forte, a longo
prazo. Sistemas
semelhantes de
financiamento a esta
categoria de
exportação existem
nos países
desenvolvidos e em
vários de países em
desenvolvimento.
9. O BNDES não
escolhe os países de
destino das
exportações que
financia e só inicia
a avaliação de uma
exportação a partir
de contrato
comercial já obtido
pela empresa
exportadora
brasileira e o
importador
estrangeiro. O Banco
não tem direito a
voto nem poder de
decisão na Camex e
no Cofig. Por
deliberação da Camex,
o seguro de crédito
à exportação,
amparado no FGE,
neutraliza
completamente o
risco-país para o
financiador. Por
isto, financiamentos
que contam com a
garantia do FGE,
cujo patrimônio é de
RS$ 30 bilhões, tem
nível de risco mais
baixo e taxas de
juros compatíveis
com as praticadas
por agências de
exportação de países
concorrentes.
10. Diferentemente
de empresas, países
não "quebram".
Conjunturas
desfavoráveis tendem
a ser superadas mais
à frente, sendo do
interesse de
qualquer país
regularizar seus
compromissos
externos para não
prejudicar o acesso
a créditos
comerciais em moeda
forte. A Venezuela
pagou em dia cerca
de 67% dos
financiamentos
recebidos e
sinalizou a intenção
de negociar uma
solução para os
atrasados. Cuba
também cogita
retomar pagamentos.
Em resumo, o governo
brasileiro tem plena
condição de negociar
com os países
devedores para
recuperar os
financiamentos em
mora.
11. Cerca de 700 mil
caminhões novos
foram financiados
pelo BNDES entre
2011 e 2014,
substituindo parcela
importante de
equipamentos velhos
e poluentes. Neste
mesmo período, em
termos líquidos, a
frota aumentou em
300 mil caminhões,
subindo de 1,6 para
1,9 milhões. Apesar
deste significativo
acréscimo não se
verificou excesso de
oferta pois os
fretes de granéis
sólidos subiram
aproximadamente 7,8%
em termos reais no
período acima, em
razão do crescimento
da demanda de
transporte,
especialmente para
escoamento das
safras agrícolas.
Dada a retração da
economia no período
de 2015 a 2017,
apenas 140 mil
caminhões novos
foram financiados,
mantendo-se estável
a frota brasileira.
Por sua vez, os
fretes de granéis
sólidos devolveram
pouco mais da metade
do ganho real obtido
antes da recessão. A
fração dos
financiamentos
destinados a
caminhoneiros
independentes
(pessoas físicas)
foi inferior a 5% do
total. Não é
correto, assim,
afirmar que os
financiamentos do
Banco concorreram
para a greve dos
caminhoneiros em
maio de 2018.
12. Todas as
operações do BNDES
com empresas do
grupo Odebrecht
foram lastreadas em
sólidas garantias
bancárias e estavam
adimplentes até que
o forte impacto da
operação Lava-Jato
e, especialmente, a
grande dificuldade
de concluir o
respectivo processo
de Leniência,
levaram o grupo à
beira do colapso
financeiro.
Diferentemente de
outros bancos, que
têm grande volume de
dívidas
não-garantidas, o
BNDES conta com boas
garantias, tais como
recebí-veis de
energia elétrica,
hipotecas, fiança
corporativa e ações
da Braskem.
13. O BNDES não
sofreu perdas em
suas operações de
crédito com o grupo
EBX. O Banco não
emprestou à OGX,
empresa de petróleo
cujo colapso levou à
ruína do grupo.
Protegido por
garantias de alta
qualidade (garantias
reais, fianças
bancárias) para
projetos
consistentes, o
Banco conseguiu ou a
quitação ou a
transferência das
dívidas para outros
credores de sólida
situação
patrimonial. Apenas
no caso da MPX,
vendida à E.ON
alemã, que mudou a
denominação da
empresa para Eneva,
ocorreram perdas
posteriores por
atrasos no
suprimento de gás.
14. A possibilidade
de apoiar a
construção de sondas
no país, sob
contratos da
Petrobras com a Sete
Brasil, visava criar
empregos e
desenvolver o nosso
setor naval. Essa
possibilidade
tornou-se inviável
tão logo se tornaram
públicos atos
ilícitos de
corrupção. A Área
Jurídica do Banco
teve um papel
proativo de
compliance ao
introduzir
oportunamente
cláusulas
contratuais
preventivas de
corrupção. Essas
cláusulas foram
também fundamentais
para o cancelamento
ou suspensão de
operações de
exportação de
serviços de
engenharia ainda na
minha gestão.
15. Em meu recente
depoimento à
CPI-BNDES falei a
verdade e respondi
com assertividade e
clareza a todas as
questões que estavam
ao alcance de minha
memória. Assumi o
compromisso de
complementar
informações em
relação a algumas
poucas sobre as
quais não lembrava
de detalhes. Só não
pude responder a
alegações de um
relatório técnico do
TCU sobre o qual não
tinha conhecimento".
(*) A carta é datada
de 21/05/2019, antes
de a denúncia da
Operação Bullish ter
sido rejeitada por
juiz federal em
relação aos
empregados e
ex-empregados do
BNDES.
Resposta da AFBNDES
O artigo "Até tu,
BNDES" é o texto
jornalístico que
fez, até agora, as
acusações mais
duras, levianas e
indiscriminadas ao
BNDES e ao seu corpo
técnico. Como meros
leitores, não como
empregados do BNDES
indignados com tais
injúrias, deveríamos
esperar alguma
proporcionalidade
entre as acusações e
as evidências
apresentadas no
texto. Porém, não
encontramos. O texto
imputa a todo o
corpo funcional
acusações graves, ao
classificá-lo como
"ladrão", mas não
informa aos leitores
que não existe
qualquer condenação
ou evidência que
comprove a
participação dos
funcionários em atos
ilícitos. Não há nem
mesmo delação
premiada que envolva
empregados do BNDES
em atos de
corrupção.
Sobre os
financiamentos a
Cuba, Venezuela e
Moçambique, todos
foram feitos com
garantias do Tesouro
Nacional aprovadas
por conselhos
interministeriais,
onde o BNDES não
possuía voto. Vale
ressaltar que também
é uma falácia que o
Banco obteve
prejuízo, pois não
perderá sequer um
real com essas
operações.
Também não há
notícia de que o
BNDES viva uma crise
de inadimplência
junto a
caminhoneiros.
Trata-se de uma
forma de empréstimo
igualmente segura,
em que a garantia é
o próprio caminhão.
Quanto à Odebrecht,
a companhia era
financiada por
instituições em todo
o mundo. Bancos
multilaterais,
bancos privados,
mercado de capitais.
Os desembolsos do
BNDES para
exportações de
serviços de
engenharia da
empresa correspondem
a menos de 10% da
receita da Odebrecht
no exterior (entre
os anos 2010-2016).
Importante
esclarecer também
que o Banco esteve
completamente
protegido nos
financiamentos ao
Grupo X. O BNDES não
chegou a se envolver
na Sete Brasil, ao
contrário dos
principais bancos
privados nacionais.
De forma geral, a
taxa de
inadimplência do
BNDES é muito baixa.
O artigo erra
completamente o
alvo. O que sobra?
Acusações ofensivas
e de cunho político
sem nenhum fato que
as consubstancie.
Não poderia ser essa
a definição no
dicionário de
calúnia?" |
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VERSÃO IMPRESSA |
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(arquivo em PDF) |
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MOVIMENTO |
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Acordo de Jornada de
Trabalho em pauta
A
Área de Recursos Humanos
deve apresentar nesta
sexta-feira (31), em
reunião com as
Associações de
Funcionários e o
Sindicato dos Bancários
do Rio, a proposta do
Banco para o Acordo de
Jornada de Trabalho
(AJT) dos empregados do
Sistema BNDES, que terá
validade até julho de
2021.
A crise da macroeconomia
Vídeos da palestra do
professor Daniel
Negreiros Conceição
(UFRJ) sobre "A crise da
macroeconomia"
estão disponíveis
no
canal da AFBNDES no
YouTube.
Correção
No
ato de desagravo do dia
20 de maio, falando
sobre o afastamento da
chefe do departamento de
Meio Ambiente do Banco,
em função de críticas à
gestão do Fundo
Amazônia, o
vice-presidente da
AFBNDES, William Saab,
afirmou que também
estava sendo destituído
o exercício legítimo de
autoridade dos
superintendentes da
Casa, acrescentando ser
isto "inadmissível".
Contudo, na matéria
publicada no VÍNCULO, a
palavra foi trocada por
"admissível". Está feita
a correção.
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