Associação dos
Funcionários do
BNDES (AFBNDES), a
Associação dos
Servidores Federais
da Área Ambiental no
Estado do Rio de
Janeiro (ASIBAMA-RJ)
e a Associação
Nacional dos
Servidores da
Carreira de
Especialista em Meio
Ambiente (ASCEMA-Nacional),
com o apoio das
demais Associações
do Sistema BNDES,
convocam para um
Ato em Defesa do
Fundo Amazônia
na próxima
terça-feira (4), às
17h, no térreo do
Edserj. As entidades
combatem o
desmatamento da
Amazônia, se
posicionam em defesa
do meio ambiente e
da sustentabilidade
e repudiam a
intervenção
autoritária do
Ministério do Meio
Ambiente na gestão
do Fundo.
No curso desta
intervenção, o
ministro Ricardo
Salles, não
satisfeito com os
acontecimentos
lamentáveis
envolvendo a gestão
do Fundo Amazônia
pelo BNDES – que
levaram ao
afastamento da chefe
do Departamento de
Meio Ambiente,
Daniela Baccas, à
renúncia do
superintendente da
Área de Gestão
Pública e
Socioambiental,
Gabriel Visconti, e
ao ato de desagravo
do dia 20 –, agora
quer mexer na
destinação dos
recursos do Fundo
para custear
indenizações a donos
de propriedades
privadas que viviam
em áreas de unidades
de conservação. Para
tanto, o governo
trabalha na edição
de um decreto com o
objetivo de alterar
as normas do Fundo
Amazônia.
As regras do Fundo,
no entanto, não
permitem o uso do
dinheiro para o
pagamento de
indenização por
desapropriação. Suas
decisões são
monitoradas pelos
doadores, que exigem
compromissos, como a
redução do
desmatamento.
Organizações ligadas
à conservação da
natureza estão
preocupadas com a
proposta do ministro
do Meio Ambiente. O
diretor de políticas
públicas
do WWF-Brasil, Raul
do Valle, diz que já
existe um fundo de
compensação por
obras públicas, com
R$ 1 bilhão, para
ser usado
prioritariamente em
regularização
fundiária. E que a
mudança proposta
pelo ministro pode
levar a um aumento
do desmatamento.
O ministro também
quer aumentar o
número de
representantes do
governo no Fundo
Amazônia, reduzindo
a representação do
terceiro setor, com
o argumento de que
isso levaria a uma
gestão mais
eficiente, o que
também é alvo de
críticas das
organizações que
participam do comitê
que orienta as
diretrizes e os
critérios para a
aplicação dos
recursos.
Na última
segunda-feira (27),
houve uma reunião de
Ricardo Salles com
os embaixadores da
Noruega e da
Alemanha, principais
patrocinadores do
Fundo Amazônia, que
insistem em ver todo
o dinheiro aplicado
na conservação da
mata. A embaixada
alemã informou que
haverá decisão sobre
a permanência ou não
do país como doador
do Fundo. O governo
alemão está
descontente com a
manifestação de
Salles de alterar o
destino das verbas
sem comunicar os
países doadores. A
saída dos alemães
pode ocorrer se o
governo brasileiro
insistir em usar os
recursos em outra
finalidade que não
seja a preservação
da floresta.
Em 8 de maio
passado, oito
ex-ministros do Meio
Ambiente assinaram
em São Paulo um
manifesto contra
as políticas
ambientais do
governo Bolsonaro.
Segundo o
ex-ministro
Carlos Minc
(2008-2010), que
confirmou presença
no Ato em Defesa
do Fundo Amazônia,
nunca o meio
ambiente no Brasil
esteve tão ameaçado.
"Nenhum de nós
enquanto ministros
tentou pôr em risco
o Ibama ou o ICMBio
(Instituto Chico
Mendes de
Conservação da
Biodiversidade).
Estamos descumprindo
acordos assinados. O
país de maior
diversidade começa a
negar os tratados
que assinou e pode
ser a maior ameaça
ao clima".
Também ex-ministro
do Meio Ambiente
(1993-1994),
Rubens Ricupero
enviou mensagem à
AFBNDES lamentando
não poder comparecer
ao ato do dia 4:
"Infelizmente, não
poderei viajar ao
Rio de Janeiro. No
entanto, rogo
aceitar minha
solidariedade e
adesão a essa
iniciativa, que
julgo oportuna e
justificada em razão
da ameaça que pesa
sobre o Fundo.
Expresso minha
indignação pela
atitude da superior
direção do Banco,
que não soube ou não
quis defender
funcionária que
vinha cumprindo seu
dever com destacado
mérito.
Cumprimento-o com
admiração e aos
demais participantes
desse ato em defesa
da integridade de
uma de nossas
melhores realizações
concretas em favor
de um
desenvolvimento
sustentável e
equitativo para a
Amazônia".