Segundo o “Boletim
Especial
–
8 de março
–
Dia da Mulher”,
publicado pelo
Dieese, as mulheres
não tiveram muito o
que comemorar na
última quarta-feira.
Maioria
da população,
elas
estão
sub-representadas
nos espaços
políticos e de
poder, e, por essa
razão, é muito
difícil colocar no
debate legislativo
as questões
femininas.
Nas eleições de
2022, mesmo com o
aumento das
candidaturas
femininas
–
33,3% de registros a
mais nas esferas
federal, estadual e
distrital, segundo a
Agência Senado
–,
apenas 302 mulheres,
no total,
conseguiram se
eleger para a Câmara
dos Deputados, o
Senado, Assembleias
Legislativas e
governos estaduais,
enquanto o número de
homens eleitos
chegou a 1.394.
“A
baixa participação
das mulheres na
política e nos
espaços de liderança
inviabiliza as
pautas temáticas
sobre gênero,
dificultando
mudanças. É
necessário criar
condições objetivas
de participação
feminina em todos os
espaços de atuação,
que levem em conta
horários e a vida
familiar, a
maternidade, sem que
as mulheres sejam
obrigadas a escolher
entre carreira,
política ou família”,
ressalta o Dieese.
Quando se fala em
violência, conforme
dados do Fórum
Brasileiro de
Segurança Pública,
uma mulher foi
assassinada a cada
seis horas apenas no
primeiro semestre de
2022. No total desse
período, 699
mulheres foram
mortas em situações
de violência
doméstica ou devido
a questões que
envolvem desdém ou
discriminação à
condição de mulher,
crime denominado de
feminicídio.
“São
assassinatos
cometidos por
questões de poder,
de misoginia, de não
aceitação da
mulher em outro
papel que não seja
aquele desenhado
historicamente para
ela pelo sistema
social. Crimes
praticados,
majoritariamente,
por companheiros ou
conhecidos das
vítimas”, destaca o Boletim.
Mercado de trabalho
Os dados de
sub-representação e
violência somam-se
aos problemas
vivenciados pelas
mulheres no mercado
de trabalho, a
maioria relacionada
à falta de equidade
de gênero. Confira:
–
Do total da força de
trabalho
no Brasil, 44% eram
mulheres, segundo
dados da PnadC/IBGE
para o 3º trimestre
de 2022.
No
entanto,
elas
eram também a
maioria entre os
desempregados
(55,5%).
–
Do total de pessoas
fora da força de
trabalho, 64,5% eram
mulheres. Desse
percentual, 5,7%
delas estavam em
situação de
desalento.
–
Do total de mulheres
ocupadas, a
proporção de
subocupadas
foi superior à dos
homens: 7,8% delas
estavam nessa
condição, enquanto
entre os homens, o
percentual ficou em
5,1%. Quando se
analisa essa
informação por
cor/raça, nota-se
que, entre as
negras, a situação é
pior: o percentual
de trabalhadoras
negras subocupadas
foi 9,3% maior do
que o registrado
entre as não negras,
que ficou em 6,1%.
–
Assim, a taxa de
subutilização
das mulheres
era de
25,3%, enquanto para
os homens, estava na
casa de 15,9%. Entre
as negras, a taxa
ficou em 30,2% e,
entre as não negras,
em 19,2%.
–
Em termos de
rendimentos, as
mulheres ganharam,
em média, 21% a
menos do que os
homens.
–
Por setor de
atividade, mesmo
quando as mulheres
eram a maioria, elas
recebiam menos, em
média.
Nos serviços
domésticos, as
trabalhadoras
representavam cerca
de 91% dos ocupados
e o salário foi 20%
menor do que o dos
homens.
No grupamento
educação, saúde e
serviços sociais,
elas totalizaram 75%
dos ocupados e
tinham rendimentos
médios 32% menores
do que os recebidos
pelos homens.
–
A análise da renda
das chefes de
família no mercado
de trabalho apontou
que, em média, 75,5%
da fonte de renda
das famílias eram
oriundas do
trabalho; 18,2% de
aposentadoria e
pensão; e 2,6%, de
benefícios e
programas sociais.
– Para o conjunto
das famílias que
receberam até 1/2
salário mínimo,
71,1% eram
rendimentos do
trabalho; 13,8%, de
aposentadoria e
pensão; e 12,0%, de
programas e
benefícios
governamentais.
–
A maioria dos
domicílios no Brasil
é chefiada por
mulheres. Dos 75
milhões de lares,
50,8% tinham
liderança feminina,
o correspondente a
38,1 milhões de
famílias. Já as
famílias com chefia
masculina somaram
36,9 milhões. As
mulheres negras
lideravam 21,5
milhões de lares
(56,5%) e as não
negras, 16,6 milhões
(43,5%), no 3º
trimestre de 2022.
De acordo com o
Dieese, "os
indicadores
mostraram o que se
vivencia na prática:
um contingente de
mulheres que ganha
menos se insere de
forma precária e
leva mais tempo em
busca de colocação
no mercado de
trabalho".
"Esse quadro",
prossegue o Dieese,
"faz com que seja
perpetuada a
situação de
vulnerabilidade não
só da mulher chefe
de família, mas de
todos os familiares,
com a transferência
de milhares de
crianças e jovens da
escola para o
mercado de trabalho,
para que contribuam
com a renda da
família".
Mais retrocesso nos
últimos anos
Os técnicos do
Dieese ressaltam que
"os últimos anos
foram de retrocessos
no país, devido à
falta de
investimentos e
políticas capazes de
garantir emprego,
saúde e até mesmo a
vida das mulheres.
O caminho para uma
sociedade mais justa
e com igualdade de
gênero parece ter
ficado ainda mais
longo. A
desigualdade de
gênero no mercado de
trabalho reproduz e
reafirma esse
desequilíbrio já
existente em todas
as esferas da
sociedade, sob a
forma do machismo".
"A partir dos papéis
atribuídos a homens
e mulheres, negros e
negros, desenham-se
as desigualdades e
as relações de
poder, seja
econômico, sexual ou
político. E o
caminho para a
mudança passa por
refazer pactos,
reforçar políticas
transversais de
igualdade de gênero,
garantir igualdade
de oportunidades no
mercado de trabalho,
reduzir a
desigualdade
econômica e aumentar
o número de mulheres
em posição de
liderança, entre
outras ações. É
preciso que o país
cresça e gere renda
e emprego de
qualidade, mas é
necessário também
enfrentar as
desigualdades de
gênero e raça/cor e
que as mulheres
tenham mais voz na
sociedade, via
negociação coletiva
e políticas
públicas", conclui o
Boletim do Dieese.
Confira o Boletim do
Dieese
aqui.
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