Opinião

Edição nº1533 – sexta-feira, 10 de março de 2023

Bom, era pra eu contar minha história no Banco...

Valéria Martins

 Conselheira da Comissão de Ética do BNDES

Pensei, será? Eu?

Aí olhei pr’um lado, olhei pro outro, e vi vocês, e me vi em vocês.

Eu comecei no Banco em 2001, trabalhando com Mariângela De Paoli, que estava há 28 anos treinando agentes financeiros e empresas, e adorava o que fazia. Sorriso largo, permanentemente no rosto.

Logo depois, participei da seleção de uma estagiária, que morava em São Gonçalo. No primeiro dia de estágio, eu fui deixá-la nas Barcas, às 10 horas da noite, porque ela ficou comigo trabalhando até tarde. A mesma garra e companheirismo que a vi demonstrar várias vezes depois, pra passar no concurso e virar gerente desta casa, Caroline Pantoja?

Fiquei muito tempo na gerência de relacionamento, lá tínhamos um trio incrível: Berta, Sandra Lima, Marilva.

Ah! Marilvinha, só quem teve o prazer de trabalhar com ela, pode entender.

Marilvinha era a diferença entre ter um grupo, um departamento e uma equipe, anjo da guarda, meu e de muita gente. Quantas aqui já não choraram abraçadas a ela?

Quantas mães recentes, culpadas e cansadas, cansadas e culpadas, sempre divididas entre carreira e maternidade, já não choraram no banheiro? Quantas não foram consoladas por outras mães, Gabriela Milhomem?

Mas, o tempo passa, e rápido!

Custo a perceber que estamos quase fazendo 22 anos de Banco, eu e minha amiga, irmã, braço forte e meigo.

Um dia, quando ela estava Sup AOI, me confessou que estava cansada, e, eu pensei... Ufa! Andava assustadíssima, pensando: Será que estou trabalhando com a Mulher Maravilha? Lembra quando te disse isso, Juliana Santos?

E, o que dizer dos grandes ativos intangíveis do Banco, mulheres que são exemplo vivo do que é espírito público, uma delas, mesmo já podendo se aposentar, escolhe permanecer defendendo o Banco, Fátima Farah?

Conheci tantas mulheres especiais, únicas, incríveis!

Uma eu conheci quando estava aprendendo a ser Chefe. Sabe, às vezes eu virava quase um pitbull, bom um pitbull do bem, foi o que me disseram, mas ainda assim, um pitbull. Nesses momentos, uma voz de uma doçura indescritível, se achegava e dizia, calma chefe, vamos tentar assim... E, na hora, eu voltava ao eixo, bom pelo menos, tentava, Flávia Félix?

Quantas mulheres fantásticas temos aqui!

Algumas eu conheci, antes de conhecer. De uma, a primeira coisa que eu soube, era que era brava, valente. Bom, de verdade mesmo, a primeira frase que ouvi foi: ...na hora de botar o pau na mesa, quem bota é ela!

E, é verdade, porque depois, eu mesma a ouvi dizer: “... falo mesmo, por isso nunca vou ser Sup, , Ana Costa?

Pois é, mas eu também já tive uma Chefe assim, leoa pra defender a equipe, tigresa pra defender o Banco, com ela aprendi que somos um órgão de Estado, não de Governo, né, Sandra Souza?

E, o danado do tempo continuava a passar...

E, aí veio um tsunami forte. De repente, tudo que fazíamos estava errado. Como assim?

Compromisso com desenvolvimento virou crime, ética deixou de ser um valor do Banco, colegas tendo a conta e os bens bloqueados, todo mundo de cabeça baixa, triste, confusos, mas nessa hora eu vi passar uma mulher.

Nunca trabalhamos juntas, só a conheço de ver e ouvir, que nem caviar...

E, ela mantinha a mesma postura de sempre, inabalável, inquebrantável, caramba! Quanto peso ela é capaz de suportar sem vergar? Será que serviu de inspiração pro Wolverine...

Não sei, mas até hoje, nunca a vi de cabeça baixa.

O olhar firme, sereno, a postura exatamente igual, sempre. Deve ser a certeza de que estava fazendo a coisa certa.

bom, eu posso imaginar que por dentro você devia estar rasgada, despedaçada. Mas, por fora, estava linda, Luciene!

E, o que dizer daquela que num piscar de olhos viu seu nome em todos os jornais, todas as notícias. Justo ela, sempre tão discreta. Mas, por quê? Como? Você estava apenas fazendo seu trabalho? Como é bom te ver de volta Daniela Baccas!

E, aí entramos num tempo confuso demais, com falas quadradas, meio que sem nexo, o discurso tinha som, não sentido, e no meio do burburinho confuso, ouço uma voz de feminina clareza: “... porque de desenvolvimento eu entendo!” Não foi, Lavínia!

Como manter a sanidade em meio a tormenta?

Às vezes, precisamos dar as mãos pra conseguir atravessar, foi o que fizeram 3 mulheres: Júlia Fonseca, Juliana Jonas e Beatriz Massena que ao criarem o Benedensas, fizeram história neste Banco!

Foi o que fizeram também as luzes femininas da AFBNDES: Pauliane, Vivi e tantas outras.

Mas, só estou falando de passado, e preciso apontar para o futuro.

E, no futuro eu vejo 2 mulheres, outra Juliana, esta, nossa recepcionista no 2º andar, que cuida dos filhos e da mãe, e me recebe sempre com um belo sorriso de bom dia.

E, vejo outra estagiária, Rebeca, que na entrevista disse: “Eu, uma filha de minha mãe, num lugar como este?”

Pois é, somos todas filhas de nossas mães!

Eu devo muito à minha, que saiu de Autazes no interior do Amazonas, na década de 60, sozinha, e trouxe toda a família pra São Paulo.

Porque no fundo somos todas Marias.

Marias, Maria que têm um dom, uma certa magia

Uma força que nos alerta

Mulheres que merecem viver e amar como todas no planeta

Marias que são som, cor e suor

Que são a dose mais forte e lenta

De uma gente que ri quando deve chorar

E, que não vive, apenas aguenta (e, já aguentamos tanto...)

Mas, temos força, temos raça, temos gana sempre

Pois quem traz no corpo esta marca

Tem a estranha mania de ter fé na vida

 

 

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