Institucional

Edição nº1521 – sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Rio 180 graus é o tema do Jornal dos economistas

O que aconteceu com o Rio de Janeiro vanguardista na política, da resistência à ditadura, de Brizola e das vitórias eleitorais de Lula e Dilma? Por que as camadas populares, em grande parte, votam em candidatos da extrema direita? Na edição de novembro do Jornal dos Economistas, publicado pelo Corecon-RJ, alguns autores aprofundam o debate.

José Luis Fevereiro, do Instituto por Direitos e Igualdade, destaca que historicamente o Rio tem uma classe média progressista e uma periferia com menor organização social, ao contrário de São Paulo. A esquerda precisa construir força política nas periferias empobrecidas da capital e na Baixada, que concentram evangélicos e trabalhadores sem vínculo. Lula tem que romper com o neoliberalismo para retirar os trabalhadores da hegemonia do conservadorismo.

 Alexandre Freitas, da UFRRJ, avalia que a ausência de um projeto de desenvolvimento econômico no estado possibilitou o casamento entre a milícia e o mercado, que criou currais eleitorais. O voto nessas regiões possui uma natureza social, econômica e política muito mais complexa do que o tradicional voto de cabresto.

Luciana Ferreira, da UFRRJ, faz um balanço histórico da evolução política e econômica do Rio. Políticas neoliberais adotadas no país a partir da década de 90 contribuíram para o esvaziamento econômico e pobreza no estado. A ausência do Estado criou condições para o fortalecimento das milícias e lideranças religiosas.

Bruno Sobral, da Rede Pró-Rio, e Leandro Damaceno e Vinícius Boechat, que trabalham no governo do estado, traçam um histórico dos problemas do estado desde a fusão ainda não consolidada até o Novo Regime de Recuperação Fiscal. Uma mudança de paradigma na política fluminense passa pelo fortalecimento da sua administração pública.

Karine Vargas, da Alerj, e Fabio Pontes, do Banco do Brasil, detalham a evolução da dívida, receita, resultado primário e investimentos do estado nas duas últimas décadas. O estado investiu com recurso de terceiros e sem sustentabilidade financeira, levando à crise fiscal em 2015 e à venda de patrimônio (Cedae).

Nadine Borges, da OAB/RJ, afirma que o que vimos no Rio é um alinhamento com o fascismo. Muitos dos eleitores que votaram em Castro são evangélicos e vivem em áreas com milícias. Esse domínio é agravado pela política de amnésia forçada sobre a população. O voto não uma escolha às claras, mas sim um caminhar vendado para o cadafalso.

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