O Comando Nacional dos Bancários entregou para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na última quinta-feira (23), em videoconferência, a minuta com as reivindicações da categoria para a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2020. Entre as reivindicações apresentadas estão as que tratam de aumento real de 5%, manutenção dos direitos e mesa única de negociação, além de questões relacionadas à saúde dos trabalhadores. 

Ao falar da minuta, Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, destacou a importância da negociação coletiva dos bancários e da mesa única. A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, ressaltou alguns pontos da minuta: “Essa campanha é importante para manter os direitos dos bancários e bancárias de todo o país, a mesa única, o aumento real e a PLR”. 

O papel dos bancos no enfrentamento da crise também foi questionado. “Só 18% das micro e pequenas empresas conseguiram crédito. São empresas responsáveis por 54% dos empregos do país. Como os bancos podem dar respostas a isso?”, perguntou o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto. 

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Menezes Ferreira, também concordou com a importância da negociação única no setor. “Temos uma experiência muito exitosa de décadas de negociações unificadas, no mais amplo processo de negociação nas relações de trabalho em todo o país. Temos sido reconhecidos pelos órgãos externos e pelo próprio Ministério Público do Trabalho”, declarou o representante dos bancos. 

O Comando Nacional dos Bancários notou a ausência do representante da Caixa Econômica no encontro.  O diretor de Políticas e Relações Trabalhistas da Febraban, Adauto de Oliveira Duarte, explicou que os representantes estavam ali não em nome de bancos, mas pela comissão de negociação, e informou que o representante da Caixa havia sido chamado para outra reunião. 

Prioridades

Entre as prioridades da categoria para a campanha nacional deste ano, aprovadas na Conferência Nacional e apontadas na consulta feita aos bancários e bancárias de todo o país, está a defesa do emprego. 

Os trabalhadores querem saber quantas agências fechadas durante a pandemia voltarão a funcionar. Em todo o Brasil, 243 unidades bancárias foram fechadas. As demissões feitas durante esta crise sanitária e econômica, como nos casos do Santander e do Mercantil do Brasil, também preocupam os sindicalistas. 

“Além da questão do emprego da categoria, nós sabemos que cresce o número de cidades no país sem sequer uma unidade bancária. Já são mais de 400 municípios nesta situação. O sistema financeiro precisa ter compromisso social, inclusive o de garantir crédito barato para micro e pequenas empresas e contribuir para a recuperação econômica do país”, destaca Adriana Nalesso. 

Teletrabalho

As condições de trabalho e a preservação dos direitos previstos na CCT no momento em que os trabalhadores sofrem ataques do governo Bolsonaro também estão na minuta de reivindicações. Outra preocupação é garantir os direitos dos empregados que venham a permanecer no trabalho remoto. 

“Bancos e empresas já deixaram claro que o teletrabalho é uma tendência que veio para ficar, com o objetivo de reduzir custos e aumentar os lucros. É preciso garantir os direitos destes bancários que, inclusive, têm elevação de despesas com Internet, impressora, energia elétrica e material de trabalho, e também definir a questão da jornada de trabalho”, defende Adriana.