Institucional

Edição nº1396 – sábado, 13 de junho de 2020

Estímulo à economia em tempos de pandemia, em nota do Dieese 

Como financiar os “pacotes” de estímulo e auxílio à economia brasileira no contexto da crise do coronavírus?

O Dieese publicou, no último dia 11, a Nota Técnica nº 242, sobre o financiamento dos ‘pacotes’ de estímulo à economia brasileira no contexto da crise do novo coronavírus. Segundo o Departamento, o combate à pandemia mostrou novamente a obsolescência do debate sobre o Estado Mínimo: “Independentemente do viés ideológico, todos os governos do mundo, sem exceção, têm utilizado seus respectivos estados para intervir fortemente na economia e na sociedade em geral, dado que, nessas circunstâncias, o setor privado se retrai”. Com isso, ‘pacotes’ de gastos, pagamento de benefícios a cidadãos, financiamento de folhas de pagamento, entre outros, têm sido fartamente praticados. 

Para os economistas do Dieese, nesse cenário de risco de perdas de dezenas de milhares de vidas, a discussão fiscal se torna uma questão secundária. “Garantir a renda das pessoas é, acima de tudo, financiar a mais efetiva política de combate à pandemia que se conhece até o momento: o isolamento social”, destacam.  

Diante desse quadro – defende a entidade –, diversas medidas deveriam ser tomadas pelos governos de todos os níveis administrativos, cabendo ao governo federal articular as ações de estados e municípios. “Isso, porém, não tem ocorrido no Brasil: enquanto muitos governos estaduais e municipais têm atuado para evitar a ampliação do contágio – por meio de medidas de contenção de circulação de pessoas e criação de estruturas de saúde –, o governo federal trava uma guerra de narrativas, minimizando o risco de descontrole da pandemia e focando nos supostos prejuízos econômicos. Essa visão, além de cruel, também oculta um dos principais problemas estruturais do país, que na atual situação se aprofunda e amplifica: a desigualdade”.

“A desigualdade é traço característico da sociedade brasileira, permeando a população de forma perene: do acesso à saúde e educação, passando pelas perspectivas profissionais e pelo direito à aposentadoria ou pensão na velhice. E, apesar das inúmeras possibilidades de combate que poderiam ser adotadas, muito pouco tem sido feito nessa direção”, enfatiza o Dieese. 

Para a íntegra da Nota Técnica, clique aqui.

O Dieese publicou mais duas Notas Técnicas no mês de junho:

NT 240 (03/06/2020): “Brasil pós-pandemia: mais do mesmo? Ideias urgentes para o futuro do trabalho e do meio ambiente”. 

NT 241 (04/06/2020): Lei Complementar 173/2020 – Socorro emergencial a estados e atendimento às demandas por políticas públicas”.  

 

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As questões geopolíticas ao redor da Covid-19, segundo Márcio Fortes  

Vice-presidente do Clube de Engenharia e ex-presidente do BNDES (jan/1987 a set/1989), o engenheiro Márcio Fortes fala, na série Brasil Amanhã – Encontros virtuais em tempos de pandemia, promovida pelo Clube de Engenharia, sobre as questões geopolíticas ao redor da crise da Covid-19. Para ele, as disputas entre EUA e China desestruturam as relações políticas e econômicas também de outros países, com um horizonte ainda incerto. No Brasil, além da crise estrutural (política, econômica e de saúde), as eleições municipais e mesmo a sucessão próxima na presidência da Câmara dos Deputados terão reverberações na administração pública. “Estamos diante de um grande ponto de interrogação em um cenário onde a economia e a vida das pessoas parecem administradas por líderes sem qualquer preparo e compromisso com a Nação”, afirma. 

Márcio Fortes é engenheiro civil, especialista em Desenvolvimento Urbano, com larga experiência na gestão pública e privada em áreas como Economia, Comércio e Indústria, tendo passagens em cargos de liderança no Ministério da Fazenda, BNDES, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Petrobras, Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (organismo ligado à Organização das Nações Unidas/ ONU). Integra o Conselho Monetário Nacional e os Conselhos da Fundação Getúlio Vargas e da Pontifícia Universidade Católica /PUC. Foi deputado federal por dois mandatos e presidente da João Fortes Engenharia.