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Edição nº1396 – sábado, 13 de junho de 2020

O papel dos bancos públicos diante da crise em lives no canal da AFBNDES no YouTube

Na próxima terça-feira (16), às 15h, tem nova live no canal da AFBNDES no YouTube, com o presidente da AFBNDES, Arthur Koblitz, e o professor Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp, sobre “A desigualdade da riqueza financeira no Brasil”.  

Na primeira live promovida pela Associação na última terça-feira (9), reunindo Koblitz e o economista Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a conclusão foi que é necessária ação coordenada do BNDES com os outros bancos públicos para enfrentar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.       

O governo precisa utilizar mais os bancos públicos sobretudo o BNDES na linha de frente do combate à crise, injetando mais recursos nessas instituições para salvar empresas, e para isso será necessário muito mais que os R$ 40 bilhões recentemente anunciados como “socorro” ao mercado, defendeu Nelson Marconi.

 

“O governo tem uma atuação pífia, muito modesta em relação à pandemia”, destacou o economista da FGV, para quem são poucos os países em desenvolvimento que podem contar com um banco de desenvolvimento com as características do BNDES: “É a menina dos nossos olhos e sempre foi muito importante para nós”.

 

A pandemia pegou muitos governos de surpresa, reconheceu Arthur Koblitz, criticando, entretanto, a postura da equipe econômica, que no começo da crise menosprezou os possíveis e trágicos desdobramentos do avanço do coronavírus no país. “O resultado é que o governo saiu daquela reunião parecido com o que era no início”, afirmou o presidente da AFBNDES, referindo-se ao polêmico encontro ministerial realizado no dia 22 de abril e cujo conteúdo foi tornado público por decisão do ministro Celso de Mello, do STF.

 

Subestimar a crise e achar que as reformas propostas pela equipe econômica deveriam prosseguir como solução para os danosos efeitos da pandemia foi salientou Marconi — uma temeridade. “Eles [da equipe econômica] não têm perfil para lidar com uma crise que exige intervenção mais forte. Não se pode esperar que o setor privado resolva isso. É uma pandemia forte como há 100 anos não tivemos. O governo foi muito modesto em sua reação”, afirmou o economista, alertando que o auxilio emergencial cujas polêmicas não cessam é uma criação que pertence mais ao legislativo que propriamente ao governo. “Ainda tem muita gente de fora. Os recursos não estão chegando às pessoas, às empresas e é muito escasso”, completou.

 

O presidente da AF endossou o comentário de Marconi e alertou que deveria haver uma coordenação, igualmente a outras promovidas no passado, do BNDES com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Para ele, é um risco deixar o fluxo e o preço do crédito com os bancos privados durante a crise.

 

Marconi concordou com Koblitz e alertou: “Teria de ter um volume maior de crédito para atingir todos os spots de empresas. Está difícil o crédito chegar nelas”, comentou o economista da FGV, destacando também que a chamada PEC do Orçamento de Guerra deveria definir o papel do Tesouro de forma mais contundente no combate à crise, forçando-o a entrar mais intensamente nos programas de socorro ao mercado e à sociedade. “É preciso ter linhas de créditos mais claras. Uma coisa é o BNDES ter linhas de créditos específicas para setores, outra coisa é a situação atual. O BNDES não teria braço para isso tudo, por isso tem de haver outros bancos públicos nessa linha”, concluiu Marconi. 

(*) Com a Assessoria de Imprensa da AFBNDES.

 

 

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