A última semana
continua,
infelizmente,
confirmando a
previsão
de aprofundamento
das três crises
simultâneas que o
país vive. No plano
político,
as ameaças do clã
Bolsonaro quase não
chocam mais.
Trabalham sistemática
e abertamente para
reverter a ordem
democrática. Estão
em busca de aliados
que topem a
aventura. Controlam
hordas
de milicianos nas
polícias de boa
parte do país e
disputam quadros na
Polícia
Federal
e
nas Forças
Armadas,
em particular no
Exército.
São flexíveis. O
desenho específico
do arranjo
autoritário que
almejam
é
negociável.
O objetivo é
garantir que
investigações
policiais não
atinjam os negócios
suspeitos da família
(que
vão desde
trambiques
como desvio de
dinheiro
parlamentar, a
famosa
“rachadinha”,
até a parte mais
sinistra:
os milicianos
com
quem
mantinham relações e
que recebiam, entre
outras coisas, parte
das
tais “rachadinhas”)
e estabelecer
um regime em que
Justiça,
imprensa e
Congresso
tenham
que se dobrar ao
governo. A
criminalização da
oposição
é
certamente um
desejo, mas talvez
desnecessário se as
outras demandas
forem satisfeitas.
Perseguem isso
porque é o entendimento
que têm
do poder. Veem
a si mesmos
como
“revolucionários”.
Mas são
na verdade um grupo
de obscurantistas
lunáticos de extrema
direita.
Nunca
na história
brasileira
um grupo tão
perigoso chegou ao
poder.
Contra eles, algumas
consequências
da própria visão
obscurantista.
Resolveram declarar
guerra ao combate ao
coronavírus.
Claramente,
esperavam um quadro
mais ameno da
doença, apesar de
todas
as
evidências
em contrário
– científicas
e a própria
experiência dos
demais países
atingidos pela
pandemia. A
confirmação da
realidade da
Covid-19,
potencializada pelo
caos instaurado no
aparelho de
Estado
para combatê-la,
será um dos vetores
da destruição do
bolsonarismo.
Outra associação que
custa e ainda
custará muito caro
foi a estabelecida
com o liberalismo
tresloucado e gagá
de Paulo Guedes.
Temos reivindicado
aqui predições
feitas ainda em 2019
sobre o desastre
inevitável das
políticas
preconizadas pelo
ministro da
Economia. Fomos
otimistas. O
ministro é o Olavo
da economia.
Incompetente,
despreparado e
liderando uma equipe
de discípulos que
deve estar vivendo
momentos de
desespero parecido
ao grupo de
comandantes
militares que
conviviam com Hitler
em seu bunker nos
momentos finais.
Retratada com
perfeição no famoso
filme “A Queda! As
últimas horas de
Hitler”. Não é
difícil imaginar o
clima de ‘bateção’
de cabeça e
desilusão ao ver a
completa falta de
estatura do suposto
grande homem; e os
erros grotescos, a
falta de contato com
a realidade, o
isolamento
intelectual.
Dissemos,
há algumas semanas,
que sua autoridade
se circunscrevia
à
equipe. Vários
sinais foram dados
de que mesmo
nesse grupo
a autoridade está
corroída. A
desavença com
Rogério Marinho
revelada
no vídeo da reunião
ministerial
de 22 de abril e
as
críticas abertas
ao
seu
dogmatismo
mostram
que a coisa toda já
azedou
– e
muito.
Diante desse
desarranjo
poderíamos esperar
crescer o espaço
para o BNDES colocar
uma agenda em
movimento.
Mas,
infelizmente, talvez
nenhum lugar esteja
sob um comando mais
domesticado, mais
submetido ao
presidente e ao
ministro. O
presidente do BNDES
será o último a
aceitar o retumbante
fracasso de seus
ídolos. Sua frase
que irá para a
história, entre
tantas
inesquecíveis, será
a previsão de que o
programa de
financiamento da
folha de pagamento
era tão inovador que
seria imitado por
outros países. Em
pouco mais de um mês
o próprio Guedes
reconhece o fracasso
do esquema.
A razão de ter
repetido e louvado
tanto um
mecanismo que não
foi nem desenhado
pelo BNDES
é
um mistério.
No desespero, sobrou
a Bolsonaro recorrer
ao Centrão,
esvaziando o poder
de Rodrigo Maia no
Congresso e se
arriscando a perder
mais um grau de
legitimidade, mais
um comprometimento
do discurso que o
levou ao poder.
Conseguirá o clã
Bolsonaro instaurar
o regime autoritário
que pretende
antes da dissolução
ainda maior de sua
base social? Ou esse
ponto já passou? Ou
será o
desbaratamento da
máquina
de fake news e
propaganda
do ódio,
com conexões
empresariais,
o golpe final das
instituições
democráticas no
fascismo
bolsonarista?
País
à
deriva como nunca
antes na história,
tudo pode acontecer
no Brasil. Uma coisa
é certa, a atual
ordem
é instável demais,
não
tem como
continuar.
E para os empregados
do BNDES, o que
resta a fazer?
Certamente
não
há espaço na atual
administração por
tudo
o
que foi dito acima.
Inocentes e cínicos
continuarão a
desempenhar o papel
que os mantenham
em seus cargos.
Diante da acintosa
imposição da
realidade, se houver
alguma mudança, será
no caráter caricato
do desempenho de
seus papéis como se
nada
estivesse
acontecendo.
Cabe
à
geração de
empregados que viu a
promessa de um
grande BNDES, que
experimentou um
pouco, mesmo de
maneira
desordenada, sem
estratégia, o poder
do Banco, pensar de
forma ousada o seu
futuro. É tarefa se
preparar para
implementar dessa
vez uma estratégia
organizada de
recuperação do que
sobrou da indústria
e da tecnologia e
recolocar o país no
rumo do
desenvolvimento.
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