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A política de
preços da Petrobrás em xeque
Convocados pela Federação Única dos
Petroleiros (FUP), os trabalhadores
do Sistema Petrobrás iniciaram hoje
(30) uma greve nacional de
advertência de 72 horas. Eles
reivindicam que sejam reduzidos os
preços do gás de cozinha e dos
combustíveis e se posicionam contra
a privatização da empresa, pedindo a
saída do presidente Pedro Parente.
Confira, a seguir, notas da FUP, da
AEPET (Associação dos Engenheiros da
Petrobrás) e do Dieese sobre a
política de preços dos combustíveis
praticada pela estatal. |
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FUP
Esclarecimentos
sobre os preços
abusivos dos
combustíveis
A disparada dos
preços da gasolina,
do gás de cozinha e
do diesel não pode
ser tratada como uma
questão apenas de
tributação. É, acima
de tudo, um problema
de gestão da
Petrobrás, que vem
sendo administrada
para atender
exclusivamente aos
interesses do
mercado.
Com o aval do
governo Temer, o
presidente da
empresa, Pedro
Parente, adotou em
outubro de 2016 uma
política de preços
internacionais para
os derivados
produzidos pela
estatal, sem
estabelecer qualquer
mecanismo de
proteção para o
consumidor. A FUP
denunciou na época
que quem pagaria a
conta seria o povo
brasileiro e que o
país estaria refém
das crises
internacionais de
petróleo.
Mesmo sabendo das
consequências, Temer
e Parente optaram
por satisfazer o
mercado e, em julho
do ano passado, os
reajustes nas
refinarias passaram
a ser diários. Desde
então, a Petrobrás
alterou 230 vezes os
preços nas
refinarias. Isso
resultou em aumentos
de mais de 50% na
gasolina e diesel,
enquanto os preços
do GLP tiveram 60%
de reajuste.
Não adianta,
portanto, reduzir os
impostos, que o
governo já havia
aumentado em 100% no
ano passado, se não
houver uma mudança
estrutural na gestão
da Petrobrás. Os
combustíveis
continuarão subindo
de forma
descontrolada,
enquanto o principal
foco do problema não
for atacado.
O alinhamento
internacional dos
preços de derivados
faz parte do
desmonte da
Petrobrás. O
objetivo é
privatizar as
refinarias, os dutos
e terminais, assim
como já ocorreu com
os campos do
Pré-Sal, gasodutos,
subsidiárias, entre
dezenas de outros
ativos estratégicos
da estatal. Para
facilitar a entrega,
Pedro Parente
subutilizou o parque
de refino e passou a
estimular a
importação de
derivados por
empresas privadas.
Em 2013, a
Petrobrás tinha
capacidade de
atender 90% da
demanda interna de
combustíveis. Em
2017, esse
percentual caiu para
76%. Algumas
refinarias já operam
com menos da metade
da capacidade de
produção, como é o
caso da Refinaria
Landulpho Alves, na
Bahia, uma das
quatro unidades que
Parente colocou à
venda.
Beneficiadas por
essa política, as
importadoras de
combustíveis fazem a
festa. Os derivados
importados já
representam 24% do
mercado nacional. Ou
seja, a cada 10
litros de gasolina
vendidos no Brasil,
2,5 litros são
importados. Enquanto
isso, a Petrobrás
está sendo reduzida
a uma mera
exportadora de
petróleo, quando
poderia abastecer
integralmente o país
com diesel, gasolina
e gás de cozinha a
preços bem abaixo do
mercado
internacional.
Pedro Parente,
que no início dos
anos 2000, no
governo Fernando
Henrique Cardoso,
ficou conhecido como
o ministro do
apagão, de novo
criou uma armadilha
para o povo. Com a
enxurrada de
importação de
combustíveis, ficará
mais difícil
controlar os preços,
pois, sem a paridade
internacional, as
importadoras saem de
cena, deixando o
prejuízo para a
Petrobrás. Se a
estatal não voltar a
ocupar lugar de
destaque no refino e
na distribuição de
derivados, ficará
cada vez mais refém
dos preços
internacionais.
Estamos,
portanto, diante de
mais um apagão
imposto por Pedro
Parente. Um desmonte
que a mídia esconde,
fazendo a população
pensar que a
disparada dos preços
dos combustíveis é
apenas uma questão
de tributação.
Por isso os
petroleiros farão a
maior greve da
história da
Petrobrás. Uma greve
que não é por
salários, nem
benefícios. Uma
greve pela redução
dos preços do gás de
cozinha, da gasolina
e do diesel. Uma
greve pela retomada
da produção de
combustíveis nas
refinarias
brasileiras e pelo
fim das importações
de derivados de
petróleo. Uma greve
contra o desmonte da
empresa que é
estratégica para a
nação.
Porque defender a
Petrobrás é defender
os interesses do
povo brasileiro.
Federação Única dos
Petroleiros (FUP) |
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AEPET
Sobre a política de
preços da Petrobrás
A Petrobrás adotou nova
política de preços dos
combustíveis, desde
outubro de 2016. A
partir de então foram
praticados preços mais
altos que viabilizaram a
importação por
concorrentes. A estatal
perdeu mercado e a
ociosidade de suas
refinarias chegou a um
quarto da capacidade
instalada. A exportação
de petróleo cru
disparou, enquanto a
importação de derivados
bateu recordes. A
importação de diesel se
multiplicou por 1,8
desde 2015, dos EUA por
3,6. O diesel importado
dos EUA que em 2015
respondia por 41% do
total, em 2017 superou
80% do total importado
pelo Brasil.
Ganharam os produtores
norte-americanos, os "traders"
multinacionais, os
importadores e
distribuidores de
capital privado no
Brasil. Perderam os
consumidores
brasileiros, a
Petrobrás, a União e os
estados federados com os
impactos recessivos e na
arrecadação. Batizamos
essa política de
"America first!", "Os
Estados Unidos
primeiro!".
Diante da greve dos
caminhoneiros
assistimos, lemos e
ouvimos, repetidamente
na "grande mídia", a
falácia de que a mudança
da política de preços da
Petrobrás ameaçaria sua
capacidade empresarial.
Esclarecemos à sociedade
que a mudança na
política de preços, com
a redução dos preços no
mercado interno, tem o
potencial de melhorar o
desempenho corporativo,
ou de ser neutra, caso a
redução dos preços nas
refinarias seja
significativa, na medida
em que a Petrobrás pode
recuperar o mercado
entregue aos
concorrentes por meio da
atual política de
preços. Além da
recuperação do mercado
perdido, o tamanho do
mercado tende a se
expandir porque a
demanda se aquece com
preços mais baixos.
A atual direção da
Petrobrás divulgou que
foram realizados ajustes
na política de preços
com o objetivo de
recuperar mercado, mas
até aqui não foram
efetivos. A própria
companhia reconhece nos
seus balanços
trimestrais o prejuízo
na geração de caixa
decorrente da política
adotada.
Outra falácia repetida
24 horas por dia diz
respeito à suposta
"quebra da Petrobrás" em
consequência dos
subsídios concedidos
entre 2011 e 2014. A
verdade é que a geração
de caixa da companhia
neste período foi
pujante, sempre superior
aos US$ 25 bilhões, e
compatível ao desempenho
empresarial histórico. |
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Geração operacional
de caixa – US$
bilhões |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
2015 |
2016
|
2017 |
33,03 |
27,04 |
26,03 |
26,60 |
25,90 |
26,10 |
27,11 |
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A Petrobrás é uma
empresa estatal e existe
para contribuir com o
desenvolvimento do país
e para abastecer nosso
mercado aos menores
custos possíveis. A
maioria da população
quer que a Petrobrás
atue em favor dos seus
legítimos interesses,
enquanto especuladores
do mercado querem
maximizar seus lucros de
curto prazo.
Nossa Associação se
solidariza com os
consumidores brasileiros
e afirma que é
perfeitamente compatível
ter a Petrobrás forte, a
serviço do Brasil, e
preços dos combustíveis
mais baixos e
condizentes com a
capacidade de compra dos
brasileiros.
Associação dos
Engenheiros da Petrobrás
(AEPET) |
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DIEESE
Medidas que podem
mitigar a atual crise
nos preços de
combustíveis
No cerne desse conflito
está a disputa sobre
quais grupos ganham e
quais perdem com a atual
política de preços da
Petrobrás. Ao que tudo
indica, o consumidor
final acaba,
literalmente, pagando a
conta, já que os custos
de produção (incluindo o
transporte) acabam
repassados ao preço
final, com maior impacto
sobre as camadas médias
e mais pobres da
sociedade.
Uma eventual redução dos
preços dos combustíveis
via diminuição de
impostos implica,
necessariamente,
renúncia fiscal. Nesse
momento de baixa
arrecadação e déficit
público, em que o
financiamento de
políticas públicas já
está comprometido, essa
solução compromete mais
ainda a capacidade de
ação do Estado
brasileiro. Os cortes na
Cide (Contribuição de
Intervenção de Domínio
Econômico), no PIS/Cofins
ou no ICMS (Imposto
sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços)
resultarão em medidas
paliativas, se não
houver uma mudança na
política do setor de
petróleo no Brasil que
transforme, de forma
mais estrutural, a
dinâmica de preços. Além
disso, é um custo que
novamente será pago pela
população.
É fundamental o
fortalecimento da
capacidade do Estado
brasileiro para
administrar as
flutuações externas de
custos, reduzindo o
impacto da dinâmica
geopolítica
internacional do
petróleo, e, ao mesmo
tempo, direcionando a
política interna de
preços para o
atendimento dos
interesses dos
consumidores. Como
empresa estatal, a
Petrobras deveria ter a
atuação voltada para
esses interesses e não
favorecer os
investidores
estrangeiros e
especuladores que ganham
em torno da livre
flutuação de preços.
As empresas estatais
diferem das privadas na
medida em que, pela
natureza, deveriam tomar
decisões orientadas pelo
interesse coletivo e não
apenas por critérios
econômico-financeiros. É
possível gerir empresas
estatais de forma
eficiente, sob a
perspectiva do interesse
público. A análise das
experiências de países
desenvolvidos mostra a
viabilidade de
diferentes tipos de
gestão no setor público,
com controle social, que
possibilitam reduzir
acentuadamente problemas
relacionados à corrupção
e à apropriação indevida
por interesses privados.
Conforme mostrado na
Nota Técnica 189,
do DIEESE, as empresas
estatais cumprem
importante papel no
atendimento aos
interesses da sociedade.
Entre outras funções,
desenvolvem setores de
atividade econômica e
gestão de recursos
estratégicos para a
garantia da soberania
nacional. Cumprem também
o importante papel no
provimento de bens e
serviços essenciais à
vida, conforme define
inclusive a Constituição
Federal de 1988.
Nesse sentido, diante do
atual cenário, algumas
iniciativas podem ser
adotadas pela Petrobras
e pelo governo federal
para tentar resolver o
conflito com o movimento
que envolve
caminhoneiros, com
redução de preços também
para a população em
geral. Vale chamar
atenção para o fato de
que a principal
reinvindicação do
movimento é a redução
dos preços do diesel.
Medidas:
– Recuar da política de
paridade internacional
nos preços dos
derivados,
principalmente diesel,
gás de cozinha e
gasolina, e levar em
consideração outros
fatores, como a produção
de petróleo e refino no
país, custos para essas
produções, câmbio e
demanda por derivados.
– Aumentar o volume de
petróleo refinado em
refinarias próprias, que
atualmente utilizam
apenas 68% da capacidade
total. Como apontado
anteriormente, é
possível refinar 2,4
milhões de barris/dia e
atender a demanda
interna (com cerca de
2,2 milhões/dia),
dependendo menos do
mercado internacional
(seja de produção ou
preço dos refinados).
_________________
(*) O
texto acima integra
Nota Técnica do DIEESE
nº 194, de
26/05/2018, intitulada
"A escalada do preço dos
combustíveis e as
recentes escolhas da
política do setor de
petróleo", que analisa
os motivos do aumento
dos preços de derivados
de petróleo no Brasil e
os efeitos da política
de paridade
internacional dos preços
dos derivados. |
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VERSÃO IMPRESSA |
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(arquivo em PDF) |
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AGENDA |
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Doações para Campanha do
Agasalho até 8/6
Até o dia 8 de junho é
possível contribuir para
a Campanha do Agasalho
organizada pelo Comitê
da Cidadania do BNDES.
Nos postos de coleta,
localizados nas garagens
e no térreo do Edserj,
podem ser depositados
agasalhos, calçados,
cobertores, toalhas,
alimentos não-perecíveis,
itens de higiene
pessoal, fraldas e
material escolar. O
Comitê também aceita
doações através de
depósito (Itaú, agência
1964, conta corrente
11.280-7). As doações
serão encaminhadas para
projetos assistidos pelo
Comitê. |
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