A
inclusão do Brasil em
uma lista de países que
devem prestar
esclarecimentos à
Organização
Internacional do
Trabalho (OIT) fez as
centrais sindicais
reforçarem a defesa da
revogação da "reforma"
trabalhista, a Lei
13.467, implementada em
11 de novembro de 2017.
O principal
questionamento refere-se
à Convenção 98 da OIT,
sobre direito à
organização e negociação
coletiva, ratificada
pelo Brasil em 1952.
Representantes das
centrais participam da
107ª Conferência da
entidade, que começou
segunda-feira (28), em
Genebra.
Ontem
(29), segundo dia de
evento, que vai até 8 de
junho, foi divulgada uma
lista do Comitê de
Aplicação da Normas, com
24 países cujos governos
são chamados a dar
explicações. Antes, o
Brasil estava na
chamada long list,
uma relação ampliada de
países, elaborada pelo
Comitê de Peritos, o que
já havia acontecido em
2017, por causa do
projeto de "reforma".
Agora, o país figura na
lista reduzida, a short
list, com
recomendação de revisar
alguns artigos da nova
lei.
Para os
dirigentes das centrais,
a decisão confirma
denúncias de "práticas
antissindicais do
governo que se tornaram
ainda mais graves com a
tramitação do projeto da
reforma no Congresso
Nacional, aprovada sem
diálogo com as
representações de
trabalhadores e
trabalhadoras, neste
caso, violando também a
Convenção 144 da OIT".
Esta norma, que trata de
consulta tripartite
sobre convenções
internacionais, foi
ratificada pelo país em
1994.
As
centrais afirmam que a
inclusão do Brasil se
deu em consequência da
aprovação da lei
"que retirou dezenas de
direitos das
trabalhadoras e
trabalhadores
brasileiros, violando
normas fundamentais da
OIT". Segundo as
entidades de
trabalhadores, "a OIT
avalia que a
possibilidade do
negociado prevalecer
sobre o legislado para
retirar ou reduzir
direitos e de ocorrer
negociação direta entre
trabalhador e
empregador, sem a
presença do Sindicato,
são dispositivos que
contrariam a referida
convenção".
Para o
presidente da Associação
Nacional dos Magistrados
da Justiça do Trabalho (Anamatra),
Guilherme Feliciano, "a
notícia consterna, mas
não surpreende". Ele
lembra que a entidade já
alertara para os riscos
"de uma alteração tão
restritiva – e tão mal
construída – sem o
necessário diálogo com a
sociedade civil
organizada". Para a
vice-presidente da
Associação, Noemia
Porto, que está em
Genebra, a credibilidade
do país ficou "abalada".
Já a
Confederação Nacional da
Indústria (CNI), que em
grande medida "inspirou"
o projeto aprovado no
Congresso, entende que a
lei "está em linha" com
todas as convenções da
OIT. A entidade
considera "que a
inclusão do Brasil na
lista de 24 países,
cujos casos serão
analisados pela Comissão
de Aplicação de Normas
da OIT, se deu sem
qualquer fundamento".
A decisão também foi
respondida pelo governo
Temer com duros
comentários. "Uma pesada
injustiça está sendo
cometida contra o Brasil
pela inclusão do país na
lista de 24 casos a
serem examinados pela
Comissão de Normas da
Organização
Internacional do
Trabalho, sem qualquer
base técnica,
desrespeitando o devido
processo e com o único
propósito de promover
projeção pública
internacional aos
opositores da
modernização
trabalhista", escreveu
Helton Yomura, ministro
do Trabalho.