O Copom (Comitê de
Política Monetária)
do Banco
Central voltou a
ignorar a pressão da
sociedade pela
redução dos juros e
manteve na
quarta-feira (21)
a taxa básica (Selic) em
13,75% ao ano, sem
sinalizar um corte à
frente.
Em comunicado,
a autoridade disse
que o cenário
demanda "cautela e
parcimônia",
ressaltando ser
necessário
"paciência e
serenidade".
A Central Única dos
Trabalhadores (CUT),
a Federação das
Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp)
e um grupo de 51
integrantes do
Conselho de
Desenvolvimento
Econômico Social
Sustentável da
Presidência da
República, dentre
eles a
empresária Luiza
Heleno Trajano,
escreveram notas
pedindo a redução na
taxa de juros. Os
documentos da Fiesp
e dos membros do
Conselhão foram
divulgados antes do
anúncio da
manutenção da Selic
em 13,75%, já a CUT
publicou nota após o
comunicado do Copom.
"É hora de baixar os
juros para retomar a
atividade econômica,
gerar emprego e
renda. É urgente uma
política monetária
adequada",
dizia o texto
capitaneado pela
empresária do
Magazine Luiza.
“Por conta disso,
integrantes do
Conselho de
Desenvolvimento
Econômico Social
Sustentável, o
Conselhão,
representando
empresários,
trabalhadores e
sociedade civil,
somam suas vozes
para manifestar sua
preocupação com a
necessidade de o
Copom iniciar o
processo de redução
da taxa de juros,
sem o qual o Brasil
não poderá voltar a
crescer”, acrescenta
o texto.
Fiesp –
“Depois de dez meses
com a Selic
estacionada em
13,75%, tendo a
inflação recuado
7,95 pontos
percentuais em 12
meses até maio, este
é um momento crucial
para a autoridade
monetária decidir
pelo início do ciclo
de baixa da taxa de
referência, dando
fôlego à economia.
Nada justifica o
Brasil seguir com o
título de campeão
mundial de juros
reais”,
apelou a Fiesp.
(Veja nota abaixo).
“O remédio amargo,
adotado em condições
excepcionais para
conter um movimento
altista de preços, é
um veneno para a
atual realidade
econômica de
descompressão
inflacionária, com
demanda fraca,
câmbio em queda e a
expectativa de
contas públicas
controladas, graças,
inclusive, ao novo
regime fiscal em
fase final de
tramitação no
Congresso”,
continuou a
Federação das
Indústria do Estado
de S. Paulo.
A
CUT,
por sua vez, disse
que a decisão do
Copom de manter a
taxa básica de
juros, a Selic, “em
extorsivos 13,75%,
mesmo diante de um
cenário de queda da
inflação e melhoria
dos indicadores
macroeconômicos, é
um atentado ao
esforço do governo
para a reconstrução
do Brasil”.
“Não há por que
manter a taxa de
juros nesse patamar
elevado. A inflação
está sob controle, a
valorização do real
perante o dólar é
uma realidade, o
governo atua em
todas as frentes
para reconstruir o
Brasil, mas o Banco
Central tem agido
como um poder à
parte, na contramão
da vontade da
maioria da população
e dos poderes
constitucionais e
das reais
necessidades de um
país em
reconstrução”,
ressaltou a Central,
que defende a
retirada de Roberto
Campos Neto da
presidência do BC.
(Confira íntegra da
nota abaixo).
Boicote –
A equipe econômica
também reagiu mal à
decisão do Copom e
interpretou o
comunicado como um
"boicote" ao governo
Lula, que tem
cobrado o corte na
Selic para estimular
a atividade
econômica.
Segundo a
Folha de S. Paulo,
um dos pontos que
causou indignação é
o trecho do
comunicado do Copom
que cita "alguma
incerteza residual
sobre o desenho
final do arcabouço
fiscal", apesar de a
proposta ter
sido aprovada na
quarta-feira (21)
pelo Senado Federal
com poucas mudanças.
Embora a decisão do
BC tenha sido
divulgada antes da
votação, lembra o
jornal, o texto do
parecer já era
conhecido desde a
terça-feira (20).
“Havia uma
expectativa da
equipe econômica de
que o Banco Central
adotasse uma
mensagem mais
suave no documento,
abrindo a porta para
uma possível
flexibilização da
política monetária
já no mês de agosto
– o que foi
frustrado pelo texto
divulgado pela
autoridade
monetária”, destaca
a Folha.
O ministro Fernando
Haddad, que está
acompanhando o
presidente Lula em
viagem à Europa,
disse que o
comunicado do Copom
foi “muito ruim” e
que o BC está
contratando um
problema. “Nós
estamos contratando
um problema com essa
taxa de juros. É
isso que essa
decisão significa.
Está contratando
inflação futura e
aumento da carga
tributária futura
(...). Há um
descompasso entre o
que está acontecendo
com o dólar, com a
curva de juros, com
a atividade
econômica”.
Lula –
Ainda repercutindo a
decisão do Copom, o
presidente Lula, em
coletiva de
imprensa concedida
ontem (22) em Roma,
disse que o
presidente do
BC, Roberto Campos
Neto, joga contra a
economia brasileira
e que deve ser
cobrado pelo Senado,
que tem poder para
avalizar uma mudança
no comando da
instituição. "Eu
acho que esse
cidadão joga contra
a economia
brasileira. Não
existe explicação
aceitável para que a
taxa de juros esteja
em 13,75%. Não temos
inflação de demanda
no Brasil", afirmou
Lula.
"É irracional o que
está acontecendo no
Brasil. Você tem uma
taxa de juros de
13,75% com inflação
de 5%, ou seja, cada
vez que reduz meio
ponto a inflação,
aumenta o juro real
no país. Não é
possível tomar
dinheiro emprestado
para pagar 14% ao
ano, às vezes 18% ao
ano", acrescentou.
Nota da CUT
Senado precisa agir:
o Brasil está sendo
boicotado
“A decisão do Copom
(Comitê de Política
Monetária) do Banco
Central de manter a
taxa básica de
juros, a Selic, em
extorsivos 13,75%,
mesmo diante de um
cenário de queda da
inflação e melhoria
dos indicadores
macroeconômicos, é
um atentado ao
esforço do governo
para a reconstrução
do Brasil.
A autonomia do Banco
Central e a
manutenção de
Roberto Campos Neto,
um agente do então
governo Bolsonaro,
como presidente
dessa instituição
essencial à
regulação
macroeconômica,
beneficiam a minoria
de especuladores e
rentistas, em
prejuízo da classe
trabalhadora, quem
produz,
comercializa, presta
serviços, enfim, da
maioria da
população, que não
aguenta as altas
taxas de juros
praticadas do
Brasil.
A manutenção da taxa
Selic obriga o
governo a gastar
mais na negociação
dos títulos públicos
federais. Mantê-la
alta,
desnecessariamente,
prejudica o
investimento
produtivo e a
geração de emprego e
renda. Faz o governo
gastar bilhões com
juros e ficar com
menos recursos para
investir em saúde,
educação,
desenvolvimento
científico, moradia,
obras e fomentar o
investimento
produtivo.
Os investidores, por
sua vez, preferem a
especulação, com a
qual conseguem
ganhar muito fazendo
pouco, e deixam de
investir na
produção, comércio e
serviços, ou seja,
impedem o país de
gerar empregos.
As altas taxas de
juros aumentam os
preços, encarecem os
empréstimos e
empurram o consumo
para baixo. Reduzem
a capacidade de
consumo, enfraquecem
o comércio e
paralisam a
produção, impactando
negativamente nos
empregos.
Não há por que
manter a taxa de
juros nesse patamar
elevado. A inflação
está sob controle, a
valorização do real
perante o dólar é
uma realidade, o
governo atua em
todas as frentes
para reconstruir o
Brasil, mas o Banco
Central tem agido
como um poder à
parte, na contramão
da vontade da
maioria da população
e dos poderes
constitucionais e
das reais
necessidades de um
país em
reconstrução.
A CUT em unidade com
as demais Centrais
Sindicais foram para
as portas do Banco
Central, em capitais
em todo o país,
nesta quarta-feira
(20), denunciar os
juros extorsivos e
pressionar pela
redução da taxa. Com
a injustificável e
inaceitável
manutenção da Selic,
a pressão agora será
sobre o Senado, para
que retire da
presidência do Banco
Central um homem
que,
deliberadamente,
prejudica o Brasil,
que faz oposição ao
governo a partir de
uma instituição
essencial para o
crescimento
econômico
sustentável do país,
com geração de
emprego e renda.
A lei de autonomia
do BC, definida pela
Lei Complementar nº
179/2021, prevê que
o presidente do
Banco Central pode
ser substituído se
for considerado
inapto para cumprir
com os objetivos do
BC ou se renunciar.
Em caso de demissão,
é necessário o aval
do Senado Federal.
Campos Neto tem se
mostrado inapto, o
que exige ação do
Senado.
A Central Única dos
Trabalhadores
manifesta, mais uma
vez, seu veemente
repúdio a essa
postura inaceitável
do Banco Central e
conclama toda a sua
base, todas as
organizações da
sociedade brasileira
e poderes
constituídos para
que solicitem que o
Senado Federal tome
as medidas cabíveis
para retirar da
presidência do BC um
inimigo do Brasil”.
Nota da Fiesp
Momento é crucial
para o Banco Central
iniciar ciclo de
baixa da Selic
“Nesta quarta-feira
(21/6), o Comitê de
Política Monetária (Copom)
do Banco Central
anuncia a taxa de
juro básica Selic.
Depois de dez meses
com a Selic
estacionada em
13,75%, tendo a
inflação recuado
7,95 pontos
percentuais em 12
meses até maio, este
é um momento crucial
para a autoridade
monetária decidir
pelo início do ciclo
de baixa da taxa de
referência, dando
fôlego à economia.
Nada justifica o
Brasil seguir com o
título de campeão
mundial de juros
reais.
O remédio amargo,
adotado em condições
excepcionais para
conter um movimento
altista de preços, é
um veneno para a
atual realidade
econômica de
descompressão
inflacionária, com
demanda fraca,
câmbio em queda e a
expectativa de
contas públicas
controladas, graças,
inclusive, ao novo
regime fiscal em
fase final de
tramitação no
Congresso.
A realidade está
exposta pelos
próprios índices de
preços IPCA e IGP-M:
eles indicam uma
economia em franco
processo de
desaquecimento e
mesmo deflação.
Juros altos
despropositados
empobrecem o país.
Famílias e empresas
estão endividadas e
o crédito está caro
e escasso. Esse
ambiente hostil
compromete o futuro
do Brasil.
Embora o desempenho
do Produto Interno
Bruto no primeiro
trimestre tenha sido
uma boa surpresa, a
concentração desse
resultado em um
único segmento, a
agropecuária,
distorce a
compreensão da
situação da
economia. O setor de
serviços teve
atuação fraca, a
construção civil
recuou pelo segundo
trimestre, a taxa de
investimento caiu. A
indústria de
transformação
amargou a terceira
retração seguida – a
sétima nos últimos
dez trimestres.
Inflação estável,
com política
monetária adequada,
é condição para o
crescimento
econômico fluir
conforme o anseio
geral. A dinâmica
inflacionária está
contida. Resta
acertar a política
monetária, até para
termos tranquilidade
para darmos atenção
aos demais problemas
que impedem o
desenvolvimento
pleno do país”.
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