Não satisfeito
com a grave
crise instalada
na UFRJ, entre
outras
universidades
federais, o
deputado
Anderson Moraes
(PSL) protocolou
na última
terça-feira (25)
um projeto na
Assembleia
Legislativa do
Rio de Janeiro (Alerj)
com o objetivo
de autorizar a
extinção da
Universidade do
Estado do Rio de
Janeiro, a Uerj.
O texto ainda
estabelece a
cessão onerosa
dos bens móveis
e imóveis para a
iniciativa
privada. O
deputado propõe
também que os
bens que não
puderem ser
vendidos sejam
transferidos
para outras
universidades
estaduais, como
a Fundação
Centro
Universitário da
Zona Oeste do
Rio de Janeiro (UEZO)
e a Universidade
Estadual do
Norte Fluminense
Darcy Ribeiro (UENF).
Há poucos dias,
o parlamentar
esteve na Uerj e
arrancou uma
faixa fixada no
Pavilhão João
Lyra Filho,
com a frase:
“Vacina no
braço, comida no
prato! Contra a
destruição do
serviço
públicos. Fora
Bolsonaro e
Mourão”.
O ato foi
postado nas
redes sociais do
deputado. No
vídeo, ele
ameaça os
seguranças do
campus e diz que
vai arrancar
qualquer faixa
que tenha
posições
políticas
diferentes das
suas. Poucos
dias depois,
protocolou o
projeto que pede
a dissolução da
universidade.
Como
justificativa ao
projeto de lei,
Moraes diz que
“é nítido o
aparelhamento
ideológico de
viés socialista
na Universidade,
com clara
censura ao
pensamento
acadêmico de
outras linhas de
visão de
mundo”.
O parlamentar
ainda argumenta
que a
universidade é
um dos órgãos
estaduais que
mais causa
impacto no
orçamento do
estado. Segundo
ele, cada aluno
da Uerj teria um
custo mensal de
R$ 4.523,
excluindo o
Hospital Pedro
Ernesto, o que
elevaria para
mais de R$ 5 mil
por aluno.
Para o deputado
estadual Waldeck
Carneiro (PT),
presidente da
Comissão de
Ciência e
Tecnologia da
Alerj, a ação do
parlamentar na
universidade
fere os
preceitos de
liberdade de
expressão e a
autonomia
universitária.
“Já o projeto de
lei, é
constrangedor”,
afirmou. “É tão
estapafúrdia
essa proposta
que nem sei se
ela deveria
entrar em
debate, mas de
qualquer maneira
é importante
lembrar que a
Uerj é uma das
principais
universidades do
Brasil e da
América Latina.
É um orgulho
para o Rio e o
Brasil. São
tempos muito
sombrios em que
se constata a
possibilidade
que uma proposta
como esta seja
formalmente
protocolada”,
complementou.
O presidente da
Alerj, André
Ceciliano (PT),
também repudiou
a apresentação
do projeto de
lei. Ele
garantiu que o
texto não será
votado.
“Enquanto eu for
presidente, não
vota. É
inconstitucional
e isso seria
atribuição do
Poder
Executivo”,
disse exaltando o
papel da
universidade na
educação
brasileira.
O presidente da
Comissão de
Educação da
Alerj, deputado
estadual Flávio
Serafini,
celebrou a
decisão da
presidência: “A
proposta de
extinguir a Uerj
por meio de um
projeto de lei,
além de ser um
surto
autoritário, é
absurda, pois
seria um
retrocesso para
o estado. A
medida também é
inconstitucional,
já que a
existência da
Uerj é prevista
no artigo 309 da
Constituição
estadual. Este
anúncio é mais
uma demonstração
do que o projeto
bolsonarista
gostaria de
fazer com o Rio
e com as nossas
universidades do
que uma ameaça
real”.
Nota da
Reitoria da Uerj
– Para o
reitor da Uerj,
Ricardo Lodi
Ribeiro, “além
de violar a
Constituição do
Estado, a
proposta ignora
a extrema
importância da
Universidade
para a população
fluminense, que
conta com ensino
público e
gratuito,
inclusivo e de
qualidade, assim
como uma
estrutura de
pesquisa de
ponta, que nos
colocam nas
primeiras
posições dos
rankings
nacionais e
estrangeiros. E
também na
extensão: nossa
Instituição é,
hoje, a
principal
agência de
políticas
públicas
estaduais, além
de referência na
saúde e, em
especial, no
combate à
Covid-19, por
meio do
atendimento a
pacientes de
alta e média
complexidade,
testagem e
vacinação da
população
fluminense”.
Segundo Lodi, “a
tentativa de
extinguir a Uerj
revela a
existência de
setores da
sociedade, com
representação
política, que
empreendem uma
guerra cultural
contra a
ciência, baseada
no
irracionalismo
irresponsável,
cujos resultados
já são sentidos
pelo povo
brasileiro na
sabotagem ao
enfrentamento da
Covid-19. Atacar
a Uerj é uma
forma vil de
suprimir os
direitos do
enorme
contingente de
pessoas que têm
suas vidas
transformadas
pela atuação da
Universidade”
(acesse a nota
da Reitoria da
Uerj
aqui)
Em 27 de maio,
o Sindicato dos
Trabalhadores
das
Universidades
Públicas
Estaduais do Rio
de Janeiro (Sintuperj)
publicou
“Manifesto em
defesa da Uerj
pública,
gratuita, de
qualidade e
socialmente
referenciada,
com autonomia e
liberdade de
pensamento e
cátedra” (acesse
aqui).
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