De acordo com o
Boletim de
Conjuntura do Dieese
(abril/maio de
2021), a pandemia de
covid-19 trouxe
vários desafios.
“Nos países que
agiram a partir de
preceitos
científicos e com
planejamento público
e adotaram
procedimentos como
testagem e vacinação
em massa,
lockdowns
seletivos aliados a
estímulos fiscais
consistentes e
efetivos, a economia
caminha para a
recuperação em 2021,
ao mesmo tempo em
que caem as taxas de
mortalidade”.
No Brasil,
infelizmente, as
medidas indicadas
pelas autoridades
sanitárias e
organizações
nacionais e
internacionais foram
negligenciadas
sistematicamente. “O
governo federal nada
fez para prevenir o
contágio e a
propagação do vírus:
não realizou a
testagem em massa,
não restringiu
atividades e nem
mesmo comprou
vacinas. Em relação
à imunização, o país
chegou a rejeitar a
compra de um lote de
100 milhões de doses
de vacinas em 2020.
Recentemente, numa
reunião da
Organização
Mundial de Saúde
(OMS), o atual
ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga,
apelou para que os
países que possuem
doses excedentes de
vacinas façam
doações ao Brasil.
Agora, o governo
também corre atrás
para comprar as 100
milhões de vacinas,
só que ao preço
majorado em R$ 1
bilhão”, destaca o
Dieese.
O Brasil, que
representa cerca de
3% da população
mundial, virou,
juntamente com a
Índia, o
epicentro da
pandemia. Segundo
estimativas do
Instituto de
Métricas e Avaliação
em Saúde (IHME, na
sigla em inglês), da
Universidade de
Washington, os
números reais,
somadas as
subnotificações, são
significativamente
piores, o que
significa que o país
pode alcançar meio
milhão de mortos por
Covid-19 ainda no
primeiro semestre de
2021. “As medidas
sanitárias e
emergenciais para
mitigar o impacto da
pandemia são lentas,
tardias e,
atualmente, menos
efetivas do que as
tomadas no ano
passado. Segundo
estimativa do Made
(Centro de Pesquisa
em Macroeconomia das
Desigualdades), da
Universidade de
São Paulo
(USP), a redução do
auxílio emergencial
elevará a quantidade
de pessoas pobres e
extremamente pobres
no Brasil. Os
pobres, estimados em
61,1 milhões de
pessoas, terão que
sobreviver com R$
15,63, e os
extremamente pobres,
19,3 milhões de
pessoas, com R$
5,40. Essa população
supera o
número de ocupados
no Brasil”, informa
o departamento
intersindical.
Segundo o Dieese, “o
gasto médio diário
do Executivo Federal
no combate à
pandemia de covid,
nos primeiros 100
dias de 2021,
equivale a modestos
8,3% do gasto médio
diário do ano
passado. Dito de
outra forma, o
desembolso médio
diário do governo
entre 13 de março e
31 dezembro de 2020
foi 12 vezes maior
do que em 2021, até
10 de maio. O
governo também vetou
R$ 200 milhões que
seriam investidos em
pesquisa de vacina
nacional contra a
covid-19,
desenvolvida por
cientistas da
Faculdade de
Medicina de
Ribeirão Preto, da
Universidade de São
Paulo (USP),
e atrasou a entrada
em vigor de um
reduzido
auxílio emergencial
e do Programa de
Manutenção do
Emprego e da Renda,
renovado com valores
irrisórios que vão
de R$ 150,00 a R$
350,00. Este último
valor, destinado a
famílias chefiadas
por mães,
equivale a pouco
mais de 55% do valor
de uma cesta básica
suficiente para
alimentar uma pessoa
adulta
por um mês em São
Paulo. Coibiu também
a verba destinada à
continuidade das
obras da Faixa 1 do
programa
“Casa Verde e
Amarela”
(originalmente
“Minha Casa,
Minha Vida”),
cujo orçamento,
inicialmente
previsto pelo
Congresso Nacional
em R$ 1,540 bilhão,
foi praticamente
zerado, para R$ 27
milhões -
redução de R$ 1,513
bilhão, ou 98,2%”.
A pandemia, segundo
os técnicos do
Dieese, ainda vai
ter muitos
desdobramentos na
saúde e também nas
áreas social e
econômica. “Nesse
sentido, os
indicadores de
velocidade e a
abrangência do
contágio do vírus,
bem como
da vacinação, são
variáveis
importantes para os
cenários de curto e
médio prazo de
crescimento
econômico. Somam-se
a essas incertezas a
instabilidade e as
tensões políticas
promovidas
diariamente
pelo governo federal
contra o Congresso
Nacional, o
Judiciário e as
instituições, de
modo geral.
Nesse momento, uma
Comissão Parlamentar
de Inquérito no
Senado apura
irregularidade e má
condução de ações
para conter a
pandemia no país. Se
agentes públicos
serão
responsabilizados,
ainda é
difícil saber”
Para acessar a
íntegra do Boletim
de Conjuntura,
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