Já falamos demais da
ação covarde
e continuada
do governo
federal contra
o BNDES. Sem nem ao
menos esclarecer
ao
Congresso e
à
opinião pública de
que o
Banco
era parte do pacote
dessa
‘PEC
emergencial ou da
chantagem’,
tentaram acabar com
os repasses
previstos na
Constituição
para o BNDES.
Gostaríamos de
celebrar hoje a
vitória
da
ação determinada dos
empregados do BNDES,
que estiveram,
indiscutivelmente,
na vanguarda da luta
em defesa do Banco e
do desenvolvimento
do Brasil.
Esta ação foi
liderada pela
AFBNDES na imprensa
e no Congresso
Nacional.
E também esteve
configurada na
carta dos executivos,
atuais e passados,
incluindo
10
ex-presidentes,
aos congressistas.
Uma carta que ganhou
subscrição
inédita. Os
‘tenentes’
do BNDES (gerentes e
chefes),
numa ação
determinada em
defesa do Banco,
acabaram
pressionando e
ampliando a lista de
superintendentes que
acabaram por se
posicionar. A
minoria de
superintendentes
determinados se
transformou numa
grande maioria de 18
em 21. Não
conseguimos
nem de longe
esse apoio na
reforma da
Previdência,
quando estávamos sem
uma diretoria e sem
mesmo um presidente
empossado. Isso não
foi pouca coisa.
A ação também esteve
presente em
movimentos
individuais dos
empregados,
em
cartas que alguns
técnicos do Banco
enviaram ao
Congresso.
Contamos também com
a
rede de políticos
comprometidos com o
desenvolvimento,
de quem nos
aproximamos nos
últimos quatro anos
e meio de luta em
defesa do BNDES. Que
isso sirva de lição
para os
que enchem a boca
para repetir
bobagens
sobre
a
“partidarização”
da AF ou coisas do
gênero.
O destino do BNDES
vai ser decidido no
Congresso Nacional.
Defender o BNDES é
um ato político.
Como não? É também
um posicionamento
contra a atual
equipe econômica
–
e exige da AFBNDES
uma atuação, não
partidária, mas
política.
A AFBNDES vem
insistindo que o
objetivo do governo
é reduzir
drasticamente o
BNDES, podendo
claramente levar ao
fim da instituição
tal como a
conhecemos.
Isso
fica confirmado
pela
experiência
dramática
das duas últimas
semanas.
Em tuíte
recente,
o ex-secretário
Salim Mattar
–
ex-subordinado de
Guedes e ex-chefe de
Montezano
–,
não esconde sua
decepção.
Mattar
lamenta a manutenção
dos repasses
ao Banco,
argumentando
que seria
“uma
péssima alocação de
recursos e que vai
perpetuar o
BNDES”!
Há os que vão dizer:
Salim
Mattar
não está mais no
governo. Saiu porque
era muito radical…
Dá para entender
emocionalmente quem
prefere esconder de
si mesmo a verdade.
A verdade sobre o
atual governo e a
atual administração
do BNDES, uma vez
aceita, exige
compromisso,
militância e
resistência,
o que deixa muita
gente
desconfortável.
Quem está na
diretoria da
AFBNDES, entretanto,
e que se comprometeu
com a defesa do
BNDES, não tem a
opção de fechar os
olhos. E a verdade
hoje brilha com tal
intensidade que nos
surpreende
quem
consegue manter os
olhos cerrados.
A verdade é muito
diferente do que
visões
“moderadas”
estão dispostas a
aceitar. Mattar
expressa
simplesmente
a visão do atual
governo. Ao ser
muito claro sobre
essas
intenções, pode ser
que crie
embaraços ou
dificuldades
políticas que eles
prefeririam
evitar. Como
sabemos,
o
ministro
da Economia é adepto
a
dar abraços enquanto
secretamente coloca
granada no bolso dos
seus
adversários.
A diferença é
puramente tática.
Na
comparação, a de
Mattar, sem dúvida,
tem o mérito de ser
mais honrada.
Nada mais
consistente com a
tática de Guedes
do
que a tentativa de
acabar com os
repasses
constitucionais na
surdina. Contando,
é claro,
com a subserviência
e omissão da atual
administração do
BNDES. Há gente que
ainda não sabe
–
e esclarecemos: nada
foi feito pela área
responsável para
atuar no Congresso
com
o objetivo de
impedir o fim dos
repasses (desde que
estamos na AFBNDES
não tínhamos
testemunhado
omissão
tão grave, tanta
falta de compromisso
com o BNDES).
Não há razão para
surpresa.
O atual presidente
do BNDES já se
referiu aos repasses
constitucionais como
“mesadinha”,
no
célebre discurso
ao corpo funcional
sobre como seus
contatos com pessoas
ricas seriam
a saída para a
captação do BNDES
(ver editorial
“Coaching e o
desmonte do BNDES”,
VÍNCULO 1368, de
31/10/ 2019).
Se de lá para cá o
aumento do
conhecimento sobre o
BNDES mudou sua
opinião,
não sabemos;
o que sabemos é que
foi incapaz de fazer
qualquer coisa em
defesa da
instituição que
preside.
O alinhamento do que
diz Mattar com o que
faz a atual
administração também
pode ser
visto
em relação
à
BNDESPAR.
Mattar disse,
em 2019,
que tinha que acabar
com a BNDESPAR
com o argumento
furado de que não
faz sentido banco de
desenvolvimento ter
braço de
participações (ver
VÍNCULO 1332, de
07/02/2019).
Apelando para
argumentos
pseudotécnicos, mas
talvez
menos
transparentemente
falsos
do que o de Mattar,
não é exatamente
isso
o
que estão fazendo
agora, com R$ 74
bilhões de ações
vendidas?
Se a opinião de
Mattar não é
suficientemente
convincente como
um vislumbre do que
pensa o governo, o
voto de Márcio
Bittar, o
senador
da
‘PEC
da chantagem
Emergencial’,
deixa muito clara a
baixa opinião sobre
os recursos que são
alocados no BNDES.
No seu
parecer,
o senador aceita as
emendas dos
senadores Jaques
Wagner, Paulo Paim e
Leila Barros, com o
seguinte argumento:
“De
todas as
desvinculações
promovidas pelo
Substitutivo
anteriormente, esta
é uma das mais
importantes em
termos de montantes
envolvidos e de
importância
institucional, pois
recupera uma parcela
significativa da
receita pública,
hoje restrita
exclusivamente a
operações
empresariais de
grande vulto e com
beneficiários em
geral de melhor
condição econômica,
para as aplicações
que sejam mais
importantes a cada
momento da história
econômica do país”.
Ou seja, vemos aqui
reiterado todo
o
argumento de que os
repasses para o
BNDES são para os
grandes empresários
e que por isso não
são meritórios
– a
mesma visão míope e
equivocada sobre o
papel de um Banco de
Desenvolvimento.
A mesma visão que
encontra eco
profundo na atual
diretoria do BNDES.
A mesma visão que
levou essa
administração a
celebrar a
transferência do
antigo fundo
PIS/PASEP para a
Caixa Econômica (e
ainda tenta vender
isso como uma
contribuição do
BNDES para debelar a
crise).
Felizmente,
o entendimento dos
movimentos sociais,
das centrais
sindicais,
do
Congresso
Nacional,
da opinião pública,
não coincide com o
do governo e eles
foram obrigados a
recuar pela pressão
política:
“Tal
qual na questão dos
pisos da educação e
da saúde,
percebemos, no
entanto, que esse
debate ainda não
está amadurecido na
sociedade brasileira
para que possamos
dar um passo nessa
direção. Dessa
forma, visando não
criar um óbice que
paralisaria as
importantíssimas
questões em
discussão nesta PEC,
decidimos por
retirar a proposta
de desvinculação de
recursos do
PIS/PASEP ao BNDES”.
(Parecer de Márcio
Bittar).
Que evidência maior
contra as visões
derrotistas que
consideravam que a
defesa do BNDES não
podia ser feita
porque havíamos
perdido a batalha na
opinião pública –
que tínhamos
que nos calar e
torcer para qualquer
diretoria que
fizesse algum afago
(excelentes técnicos
etc.), porque depois
poderia vir algo
pior, etc.
etc.
etc...
– do que ouvir do
governo que quer nos
destruir o
reconhecimento de
que não o faz porque
“esse
debate
ainda
não está amadurecido
na sociedade
brasileira”?
O BNDES ficou fora
da PEC junto com a
Saúde
e a
Educação!
A imagem do Banco é
muito melhor
na sociedade
do que os que nos
dirigem acreditam. O
povo brasileiro
persiste em
acreditar num país
melhor.
Clamamos
aos
nossos colegas para
que não baixem a
cabeça,
para que
continuem lutando em
defesa do BNDES.
O Brasil vive o
momento mais triste
da sua história,
mas
juntos
com o povo saberemos
juntar os cacos e
começar uma
caminhada nova rumo
a um
futuro que almejamos
de progresso e
justiça social.
Nossa missão, como a
de todo brasileiro
honrado, é
a
defender a
democracia e
a
vida nos próximos
dois anos.
Mas nós, empregados
do BNDES, temos
uma
missão particular
nessa tragédia:
nosso papel
fundamental é o de
preservar
o Banco. A
dedicação,
a
retidão e a
qualificação do
nosso trabalho
são
fundamentais,
mas não
bastam.
Temos que lutar
politicamente, nos
posicionar, nos
mobilizar, em
solidariedade uns
com os
outros e em defesa
do BNDES.
Até agora não nos
saímos mal.
Ainda temos pelo
menos dois anos de
luta pela frente.
Coragem e garra,
benedenses! |