A política externa
brasileira regrediu
a olhos vistos nos
últimos dois anos. É
o que aponta o
diplomata Adhemar
Bahadian, convidado
da
websérie Brasil
Amanhã,
do Clube de
Engenharia. “Nesse
período deixamos de
ter uma política
centrada nos
dispositivos
constitucionais de
1988 e passamos a
fazer uma política
desorganizada,
retrógrada, que
colocou o país em
armadilhas
diplomáticas com
nossos principais
aliados e parceiros
comerciais”, afirma
Bahadian. Para ele,
nenhuma iniciativa
relevante foi tomada
no âmbito do
desenvolvimento
econômico, e o
alinhamento submisso
aos EUA não trouxe
contrapartidas.
Segundo o diplomata,
trata-se de um novo
direcionamento que
tem ligações diretas
com a Emenda
Constitucional do
Teto dos Gastos,
aprovada em 2016.
Isso porque, apesar
da propaganda de ser
um mero ajuste
fiscal, na prática a
emenda significou o
rompimento com os
direitos sociais da
Constituição de
1988, arrastando o
Brasil novamente
para uma posição
neoliberalista e
submissa.
“Sem soberania
interna, que
significaria a
promoção dos
direitos sociais,
não é possível uma
posição soberana
junto aos demais
países. Com a
pandemia, a
insustentabilidade
desse modelo ficou
explícita: não só as
desigualdades foram
escancaradas, mas
também a necessidade
de investimento
público”, ressalta.
Adhemar Bahadian é
diplomata
aposentado, tendo
atuado no Itamaraty
por 45 anos. Foi
embaixador do Brasil
em Roma e
representante do
país junto à
Organização Mundial
do Comércio (OMC).
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