Negociação entre
BNDES e funcionários
terá mediação do
TST
Partes vivem impasse
em relação a
associação de
funcionários e
demissões por justa
causa
Confira abaixo a
matéria de autoria
do jornalista Nicola
Pamplona publicada
na última
quinta-feira (24) na
Folha de S. Paulo.
“Rio de Janeiro –
Diante do impasse em
relação a cláusulas
do acordo coletivo
de trabalho,
funcionários do
BNDES (Banco
Nacional de
Desenvolvimento
Econômico e Social)
decidiram pedir ao
TST (Tribunal
Superior do
Trabalho) que abra
um procedimento de
mediação das
negociações entre as
partes.
O processo começará
na próxima segunda
(28), data em que os
funcionários
prometem uma
mobilização virtual
para tentar
pressionar a
diretoria do banco a
renovar cláusulas
referentes ao
funcionamento da
associação que reúne
os trabalhadores e a
demissões por justa
causa.
As cláusulas
econômicas do acordo
já foram aprovadas,
com reajuste de 1,5%
em 2020 e promessa
de ganho real (acima
da inflação) de 0,5%
em 2021. As
conversas sobre esse
ponto foram
desmembradas pelo
banco, para evitar
perdas econômicas
aos funcionários.
As negociações no
BNDES seguem padrão
já visto em outras
estatais durante o
governo Jair
Bolsonaro. Em 2019,
empregados da
Petrobras só
chegaram a acordo
com a empresa após
mediação do TST. Na
terça (22), após
decisão do tribunal,
os funcionários dos
Correios encerraram
a segunda greve em
dois anos seguidos.
No BNDES, a
data-base para
renovação do acordo
venceu no dia 31 de
agosto, mas foi
prorrogada em 30
dias pelo TST após
pedido da Contraf
(Confederação
Nacional dos
Trabalhadores do
Ramo Financeiro) e
da AFBNDES
(Associação dos
Funcionários do
BNDES), sob o
argumento de que o
banco demorou a
iniciar as conversas
e só apresentou
proposta perto do
fim do prazo.
No pedido de
mediação, eles dizem
que ainda aguardam
uma contraproposta
da direção do
banco.
"Exatamente para
privilegiar a
continuidade da
negociação coletiva
iniciada e não
negada – dificultada
no tempo pela
pandemia provocada
pela Covid-19 – é
que se busca a
mediação", escrevem
os advogados que
representam os
trabalhadores.
São três as
cláusulas de
divergência, diz o
texto. Uma delas,
segundo a AFBNDES,
retira a autonomia
da associação, ao
interromper a cessão
de funcionários, com
salários pagos pelo
banco, aos seus
dirigentes e
suspender a cobrança
de mensalidades na
folha de pagamento
dos trabalhadores.
Outra permitiria
demissões por justa
causa sem amplo
processo de defesa,
como o acordo atual
determina. O tema é
alvo de uma ação
judicial movida pelo
ex-funcionário
Gustavo Medeiro
Soares, que foi
desligado após
acusação de
vazamento de
informações
sigilosas, o que
nega ter feito.
"É uma cláusula de
proteção contra
demissão arbitrária,
que garante a
autonomia técnica
dos funcionários",
defende o presidente
da AFBNDES, Arthur
Koblitz. "Ele não
pode perder o
emprego sem um
processo para se
defender."
O banco não quis
comentar
oficialmente o
assunto. Mas a
gestão Gustavo
Montezano alega
internamente que a
associação é uma
entidade privada e,
por isso, os
salários e a
cobrança de
mensalidades deve
ser de sua
responsabilidade.
Segundo esse
raciocínio, o banco
teria obrigação de
ceder funcionários
apenas para os
representantes
cedidos à Contraf, o
sindicato que
representa seus
funcionários.
Com relação à
questão das
demissões, a
administração do
BNDES está propondo
um sistema de
avaliação de
desempenho com
critérios tanto para
promoções quanto
para desligamentos
por insuficiência. O
modelo estaria sendo
desenvolvido pela
nova diretoria de
Pessoas e Cultura do
banco.
Koblitz diz que o
comando do banco tem
resistido a
apresentar
contrapropostas para
essas cláusulas. "A
diretoria não faz
movimento. Já
assumiram que estão
dialogando,
conversando, só que
não tem movimento",
afirma.
A associação tem
protagonizado
embates com a gestão
de Montezano desde o
início do governo
Bolsonaro, que
assumiu prometendo
"abrir a
caixa-preta" do
banco, acusação que
é rechaçada pelos
funcionários do
BNDES.
Em 2019, a entidade
realizou algumas
manifestações contra
decisões da
diretoria, como a
demissão de Soares
ou a destituição de
uma funcionária de
carreira que ocupava
a superintendência
da área Jurídica
Operacional por
resistência ao
modelo de venda de
ações, em caso que
culminou com a
demissão de um
diretor.
O BNDES não comentou
o assunto até a
publicação deste
texto.”
Bota no pescoço
Após o fiasco da
busca da
caixa-preta, BNDES
parte para o ataque
aos funcionários e
sua associação
Confira
aqui
matéria de autoria
do jornalista Carlos
Drummond publicada
na revista
CartaCapital.
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