Na semana passada,
diversas entidades –
entre elas a AFBNDES,
as Associações dos
Empregados de Furnas
(ASEF) e da
Eletrobrás (AEEL) e
a Associação dos
Engenheiros da
Petrobras (AEPET) –
repercutiram matéria
publicada pela
Agência Sportlight
de Jornalismo
Investigativo,
em 24 de abril,
relacionada à
Eletrobras. Segundo
a reportagem, a
estatal pagou quase
dois milhões de
reais a uma
assessoria de
imprensa "para ser
mal falada".
Tratada oficialmente
como
"desestatização" ou
"democratização do
capital", a
privatização da
Eletrobras –
prioridade do
governo federal –
teria recebido forte
impulso em 20 de
setembro de 2017,
quando a estatal
assinou contrato com
a RP Brasil
Comunicações, do
grupo FSB
Comunicação, a maior
assessoria de
imprensa do país,
para que a
assessorasse, sem
licitação, "na
comunicação relativa
ao projeto do
acionista
majoritário de
desestatização da
empresa".
A Eletrobras,
buscando mobilizar a
opinião pública em
favor da
privatização da
empresa, traçou como
estratégia a
divulgação de um
cenário de mazelas e
problemas da
estatal, segundo a
apuração do repórter
Lúcio de Castro:
"Para tal, era
preciso acionar os
chamados formadores
de opinião,
imprensa, soltar
notas em colunas de
jornais, municiar
comentaristas
econômicos, pautar a
mídia em geral,
mostrando sempre um
cenário que tornasse
urgente tal
privatização,
acelerada pela
pressa do governo
federal em
concretizar o
negócio".
A polêmica se dá em
torno do objeto do
contrato ECE-DJS
1252/2017, obtido
pela reportagem via
Lei de Acesso à
Informação (LAI):
"Assessorar a
Eletrobras na
comunicação relativa
ao projeto de
acionista
majoritário de
desestatização da
empresa".
Em resposta à
Sportlight, a
estatal nega esse
viés e afirma que no
contrato está
ressaltada a
necessidade de se
"preservar a imagem
positiva da
empresa", embora
reconheça que a
divulgação "não
omite dados
negativos como
prejuízos
financeiros ou
dívida bruta
superior a R$ 45
bilhões".
Pelo plano desenhado
no contrato,
sustenta a
reportagem, foi
feita uma "análise
do cenário",
passando em seguida
para o chamado
"mapeamento dos
stakeholders", ou
seja, definição de
quem é o público
estratégico alvo das
mensagens a serem
enviadas. Em
seguida, veio a
"mobilização dos
influenciadores",
item discriminado
com custo de R$ 170
mil dentro do R$ 1,8
milhão do projeto
total.
Além da execução de
uma pesquisa de
opinião pública para
verificar a
popularidade do
plano de
privatização ao
custo de R$ 120 mil,
o contrato entre
Eletrobras e FSB
prevê que os
pagamentos entre
contratante e
contratada seriam
feitos quando da
"entrega dos
relatórios mensais
elaborados pela
contratada
correspondentes à
consolidação dos
resultados
alcançados".
Sportlight solicitou
esses relatórios por
meio de novo pedido
de Lei de Acesso à
Informação, mas o
acesso aos
documentos foi
negado. A Eletrobras
também negou acesso
a informações sobre
o processo de
escolha da
assessoria.
Campanha negativa do
Ministério – Em 2 de
maio, a Associação
dos Empregados de
Furnas (ASEF)
publicou nota
denunciando a ação
do Ministério de
Minas e Energia,
que, seguindo o
mesmo caminho da
direção da
Eletrobras, deu sua
contribuição na
campanha de
depreciação e
desqualificação da
empresa e de seus
empregados com
mensagens negativas
em perfis oficiais
presentes nas redes
sociais, como o
Twitter: "A ASEF
repudia qualquer
generalização sobre
o perfil e a
qualidade dos
empregados de Furnas
como tem sido feito
de forma
irresponsável (pelo
Ministério de Minas
e Energia)".
Também em nota
oficial, a
Associação dos
Empregados da
Eletrobrás (AEEL)
afirma que "o que
faz a conta de luz
aumentar são os
altos encargos e
tributos na conta de
luz, como o ICMS,
por exemplo; são
erros de
planejamento do MME
com decisões
operacionais mais
custosas aos
consumidores; são os
atrasos em obras de
várias usinas que
têm controladores
privados e impactam
o setor; e também a
estiagem e seus
efeitos sobre os
reservatórios; o
risco hidrológico;
as bandeiras
tarifárias; as
mudanças no marco
legal com efeitos
‘em cadeia’ e a
judicialização.
Nenhuma dessas
causas é
responsabilidade da
Eletrobras ou de
seus trabalhadores e
trabalhadoras, mas
sim do governo, do
MME e do presidente
Wilson Pinto Junior!
A campanha
difamatória dos
entreguistas visa
justificar o
injustificável,
induzir o leitor ao
erro e a dilaceração
do papel e da
relevância da
Eletrobras para a
segurança energética
do Brasil".
A AFBNDES prestou
solidariedade à
Associação dos
Empregados de Furnas
e aos funcionários
do grupo Eletrobrás,
ao mesmo tempo em
que denunciou o
ataque desmedido e a
política de desmonte
que atingem as
empresas estatais e
o setor público de
maneira geral:
"Desde 2017, a
empresa sofre com a
divulgação de um
cenário de mazelas
que não corresponde
à realidade. Agora,
o Ministério de
Minas e Energia dá
sua contribuição na
campanha de
depreciação da
estatal e de seus
empregados".
Confira, a seguir,
algumas das
mensagens divulgadas
pelo Ministério de
Minas e Energia no
Twitter:
– "Você paga caro
pela energia por que
a Eletrobras é
ineficiente, está
endividada e ainda
assim sustenta
funcionários
caríssimos (com
salários muito mais
altos que a média
nacional e mundial)
#RumoaModernizaçãoDaEletrobras".
– "Sabe porque sua
conta de luz está
alta? Porque você
assumiu desde 2012
um reajuste de 499%
na sua tarifa, tendo
ainda milhares de
funcionários
desnecessários da
Eletrobras (e de
suas distribuidoras)
e outros cheios de
privilégios
recebendo salários
fora do padrão".
– "Faça chuva ou
faça sol, você
sempre paga caro
pela energia
elétrica. Com a
modernização da
Eletrobras, essa
história de mudar a
cor da bandeira vai
acabar. #RumoaEletrobrasDoFuturo".
Audiência pública –
Na próxima
sexta-feira (11), a
partir das 10h, será
realizada, na
Assembleia
Legislativa do
Estado do Rio,
audiência pública
contra a
privatização da
Eletrobras. Na
oportunidade haverá
o lançamento da
Frente Parlamentar
em Defesa do Setor
Elétrico.