Nota das Associações sobre matéria paga do governo federal, publicada em 5/10/2016, com ataques ao BNDES
 
 
As Associações de Funcionários do Sistema BNDES (AFBNDES, AFFINAME e AFBNDESPAR) vêm expressar sua perplexidade à matéria paga publicada em 5/10/2016 pelo governo federal em diferentes jornais com ataques descabidos ao BNDES.

O BNDES segue e executa as orientações estratégicas dos distintos governos, mas isso não se sobrepõe ao rigor técnico que a análise de cada operação deve ter.

A independência técnica marca historicamente a relação do BNDES com cada governo. Por isso, causou surpresa que a publicação da matéria tenha individualizado o BNDES, além de amplificar uma visão claramente distorcida e enviesada de sua atuação, se assemelhando a correntes e boatos comuns em redes sociais. A matéria ignora informações relevantes sobre a atuação do BNDES:

O BNDES nunca financiou projetos de infraestrutura no exterior em detrimento dos investimentos no Brasil. O Banco desde os anos de 1990 faz parte do sistema brasileiro de apoio às exportações de bens de capital e bens e serviços de engenharia, no esteio das práticas das mais destacadas agências nacionais e multilaterais de crédito ao comércio exterior.

As exportações financiadas pelo BNDES e por essas agências geram emprego, renda e divisas para os respectivos países exportadores. A produção local associada às exportações movimenta a cadeia produtiva do país exportador, especialmente MPMEs. No Brasil, a produção local associada às exportações financiadas pelo BNDES movimenta uma cadeia produtiva de 3.500 empresas, das quais 2.700 são MPMEs.

As atividades financiadas geram empregos, renda e divisas para o Brasil. O BNDES financia as exportações brasileiras fazendo desembolsos em reais e dentro do país. Ao gerar divisas (em dez anos, o saldo comercial foi de mais US$ 20 bilhões), o financiamento às exportações aumenta o potencial de crescimento da economia brasileira e, portanto, a capacidade de suprir as carências de infraestrutura.

Os dados de desembolso do BNDES desmitificam por completo a visão de que financiar exportações retira recursos da infraestrutura nacional. O BNDES tem uma carteira com mais de 300 operações de project finance voltados para a infraestrutura nacional. Os desembolsos para infraestrutura entre 2007 e 2015 atingiram quase R$ 600 bilhões, a valores de dezembro de 2015. No ano passado, os desembolsos representaram 40% do total. O financiamento às exportações respondeu por cerca de 4,5% dos desembolsos totais do BNDES. De fato, nunca concorreram com o investimento no Brasil.

Quanto ao apoio às empresas de menor porte, o BNDES não só as apoia como faz isso com melhores condições financeiras do que as praticadas para grandes empresas. O banco realiza mais de 1 milhão de operações por ano, sendo mais de 95% delas com micro, pequenas e médias empresas. No início da década de 2000, as empresas de menor porte absorviam cerca de 20% do total de desembolsos. Nos últimos anos, a proporção é de cerca de um terço. Excluídos os setores em que as MPMEs não têm atuação relevante (infraestrutura, administração pública e exportação), o desembolso para as empresas de menor porte tem sido de quase 50% do total de desembolsos do Banco.

O Cartão BNDES, utilizado por empresas de menor porte para aquisição de insumos e itens de investimentos, teve um crescimento real de seus desembolsos, saltando de R$ 750 milhões, em 2007 (atualizados para dezembro de 2015), para R$ 11,3 bilhões, em 2015. Nos últimos anos, o BNDES incorporou mais de 250 mil empresas como novos clientes.

O BNDES é uma instituição sólida e a mais transparente do setor financeiro brasileiro. As decisões do BNDES são tomadas de forma impessoal e técnica, depois da avaliação de ao menos duas equipes de análise e dois colegiados, num processo que passa pelo exame de pelo menos 50 pessoas.

O BNDES sempre esteve aberto ao debate. Sua excelência está ligada, entre outras coisas, à permanente disposição para se aperfeiçoar. Mas entendemos que não há disputa política ou promoção de medida legislativa que justifique um governo atacar uma instituição internacionalmente respeitada como o BNDES, obra de distintas gerações, de diferentes inclinações políticas, em mais de 60 anos.

As Associações, representantes dessa burocracia pública, já levaram à Diretoria do Banco o sentimento de perplexidade e insatisfação diante do que entendeu como um ataque à imagem da instituição. Temos a expectativa de que, diante das consequências sentidas pelo quadro funcional e dos danos à imagem da instituição, a Diretoria irá se manifestar brevemente (o que já foi feito).

Rio de Janeiro, 6 de outubro de 2016.

 
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AGENDA

Empregados elegerão, ainda este ano, novo integrante para Conselho do Banco

Eleita no segundo semestre de 2013 para o Conselho de Administração do BNDES, a chapa “Benedense tem Voz”, integrada por William George Saab (titular) e Carlos Alberto de Souza (suplente), está finalizando seu mandato. Nova eleição será realizada ainda este ano. O edital de convocação será publicado em breve.

A eleição de empregados para o Conselho do Banco era uma antiga reivindicação do corpo funcional benedense – tema, inclusive, de uma das cláusulas da Pauta de Reivindicações de 2012. O pleito é feito com voto direto, secreto e facultativo.

O representante dos empregados é eleito, junto com um suplente, entre os empregados ativos. Ele tem as mesmas atribuições dos demais membros do Conselho, mas não pode participar de discussões e deliberações sobre assuntos que envolvam relações sindicais, remuneração, benefícios e vantagens, inclusive matérias de previdência complementar e assistenciais – hipóteses em que fica configurado o conflito de interesses. Após eleito e empossado, o representante dos empregados continua a exercer suas atividades profissionais ordinárias.