23 de julho de 2009

“O BNDES além da crise”
AFBNDES propõe debate sobre projetos que possam ir além do presente cenário nebuloso, seguindo a tradição nacional de ousar e se fortalecer na crise
Questão 2

Entre as proposições abaixo, qual mais se aproxima do modelo econômico que você considera que o Brasil deveria ter seguido a partir de meados dos anos 1990 e nesta década?  

a) Aperfeiçoamento do que foi feito de melhor até então, e que teve como princípios: privatização, meta de superávit primário, meta de inflação, juros reais positivos, câmbio flutuante, liberdade crescente no comércio exterior, fins dos monopólios estatais e liberdade de movimento de capitais.  

b) Adaptação dos atuais modelos chinês, indiano e argentino que geralmente compartilham os seguintes princípios: uso massivo de intervenção econômica, protecionismo ativista e forte, prioridade da manufatura sobre outros setores econômicos, câmbio fixo ou fortemente administrado, estatização ou forte uso de empresas estatais, controle de capitais, juros eventualmente abaixo ou próximos à inflação – mesmo em momentos de alto crescimento –, expansionismo fiscal, forte déficit público (se considerados os investimentos das estatais).

c) Uma combinação equilibrada que utilize pontos fundamentais de ambos os modelos.

André Nassif

Nenhum dos três quesitos. E faço a seguinte ressalva: não sou entusiasta do regime de metas de inflação. Acho que ele foi funcional no Brasil durante o período em que o país tinha piores indicadores macroeconômicos e forte memória inflacionária. Mas regimes de metas explícitas, antes que o país tenha indicadores fiscais sólidos, acabam engessando demais a política monetária, ainda mais num país com razoável abertura ao movimento de capitais de curto prazo. Mas sou favorável ao regime de flutuação cambial (com intervenções pragmáticas do Banco Central, para evitar forte volatilidade e sobrevalorização real, como faz a maioria dos países asiáticos que usam câmbio flutuante), com liberdade moderada dos fluxos de capital de curto prazo. A trindade regime de metas, câmbio flutuante e liberdade de capitais não permite maior independência relativa entre as políticas monetária e cambial. 

Fábio Giambiagi

O economista assinalou a letra “a”.


Gustavo Galvão


Alternativa “b’. Tem uma questão simples que as pessoas deixaram de se perguntar no Brasil nos últimos 25 anos, que é: quanto merece ganhar um cidadão brasileiro comum? Ele merece algum dia no futuro ganhar tanto quanto um cidadão norte-americano, pois é um ser humano igual? Se a resposta da última pergunta for sim, é fácil provar que o Brasil precisa se industrializar e não pode ficar dependente de exportação de commodities. Sem forte intervenção estatal é impossível se industrializar, especialmente em um mundo em recessão e com um concorrente como a China. A Argentina deve crescer este ano. O Brasil, não.