Entre
as proposições abaixo, qual mais se
aproxima do modelo econômico que você
considera que o Brasil deveria ter seguido
a partir de meados dos anos 1990 e nesta década?
a)
Aperfeiçoamento do que foi feito de
melhor até então, e que teve como princípios:
privatização, meta de superávit primário,
meta de inflação, juros reais positivos,
câmbio flutuante, liberdade crescente no
comércio exterior, fins dos monopólios
estatais e liberdade de movimento de
capitais.
b)
Adaptação dos atuais modelos chinês,
indiano e argentino que geralmente
compartilham os seguintes princípios: uso
massivo de intervenção econômica,
protecionismo ativista e forte, prioridade
da manufatura sobre outros setores econômicos,
câmbio fixo ou fortemente administrado,
estatização ou forte uso de empresas
estatais, controle de capitais, juros
eventualmente abaixo ou próximos à inflação
– mesmo em momentos de alto crescimento
–, expansionismo fiscal, forte déficit
público (se considerados os investimentos
das estatais).
c) Uma combinação equilibrada que utilize pontos fundamentais de
ambos os modelos.
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André
Nassif
Nenhum dos três quesitos. E
faço a seguinte ressalva: não sou
entusiasta do regime de metas de inflação.
Acho que ele foi funcional no Brasil
durante o período em que o país tinha
piores indicadores macroeconômicos e
forte memória inflacionária. Mas regimes
de metas explícitas, antes que o país
tenha indicadores fiscais sólidos, acabam
engessando demais a política monetária,
ainda mais num país com razoável
abertura ao movimento de capitais de curto
prazo. Mas sou favorável ao regime de
flutuação cambial (com intervenções
pragmáticas do Banco Central, para evitar
forte volatilidade e sobrevalorização
real, como faz a maioria dos países asiáticos
que usam câmbio flutuante), com liberdade
moderada dos fluxos de capital de curto
prazo. A trindade regime de metas, câmbio
flutuante e liberdade de capitais não
permite maior independência relativa
entre as políticas monetária e cambial.
Fábio
Giambiagi
O economista assinalou a
letra “a”.
Gustavo
Galvão
Alternativa “b’. Tem uma
questão simples que as pessoas deixaram
de se perguntar no Brasil nos últimos 25
anos, que é: quanto merece ganhar um
cidadão brasileiro comum? Ele merece
algum dia no futuro ganhar tanto quanto um
cidadão norte-americano, pois é um ser
humano igual? Se a resposta da última
pergunta for sim, é fácil provar que o
Brasil precisa se industrializar e não
pode ficar dependente de exportação de commodities.
Sem forte intervenção estatal é impossível
se industrializar, especialmente em um
mundo em recessão e com um concorrente
como a China. A Argentina deve crescer
este ano. O Brasil, não.
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