Impossível julgar ou
interpretar uma ação sem
contexto. Impossível
entender o contexto
quando se decide não se
informar, não ler o
VÍNCULO, não ler a
imprensa.
Nos editoriais do nosso
jornal, tomamos posições
sobre o que nos parecem
os fatos mais relevantes
que envolvem o BNDES.
Claro que o presidente
do Banco e sua diretoria
são protagonistas
constantes das histórias
que contamos aqui.
Claro, também, deveria
ser o entendimento de
que tomar posição
implica em julgamento
sobre as decisões desses
protagonistas.
Quais são as inspirações
últimas das posições que
tomamos? Com que
perspectiva examinamos
os fatos? Nada para
esconder aqui. Pelo
contrário, fomos desde a
primeira eleição da
atual diretoria da
AFBNDES abertamente
defensores dos
princípios que nos
orientam. Somos
desenvolvimentistas,
acreditamos que o BNDES
é a instituição central
dentro de qualquer
estratégia de
desenvolvimento. Somos,
como entidade da
sociedade civil,
defensores das
conquistas democráticas
do povo brasileiro e
inimigos dos que ameaçam
essas conquistas. Somos
preocupados com a
desigualdade social
vexaminosa que assola
nosso país. Por sua
desumanidade, em
primeiro lugar, mas
também pela ameaça que
representa à preservação
da democracia no Brasil.
Na nossa organização
interna – seja como
Associação, seja como
integrante do Banco, da
FAPES –, somos
defensores de uma
filosofia participativa,
de um Banco que estimule
a iniciativa e explore o
pleno potencial de seus
recursos humanos.
Finalmente, nos guiamos
na defesa dos direitos
adquiridos pelos
empregados do Banco ao
longo das negociações
realizadas entre a
administração e os
empregados.
Cabe a vocês julgarem o
quanto temos sido fiéis
a esses princípios, que
são gerais, abstratos,
mas cujas implicações
são mais ou menos
identificáveis em
situações concretas.
As dificuldades que
temos tido com a atual
diretoria do Banco, e as
temos tido, não provêm
de qualquer adesão a
outros princípios além
dos citados. Tivemos
divergências públicas
com outras
administrações, estamos
na nossa quinta, mas não
há comparação com as
dificuldades presentes.
Façamos uma lista de
posturas que nos parecem
inéditas, peculiares à
atual diretoria e à
filosofia que a inspira.
1. Do ponto de vista da
participação: interrompe
o diálogo com a AFBNDES.
Tenta impedir que
diretores ou
conselheiros da
Associação possam se
candidatar ao Conselho
de Administração do
Banco;
2. Do ponto de vista do
respeito aos direitos
dos empregados: demite
um empregado do Banco
sem dar-lhe direito à
ampla defesa, direito
previsto expressamente
no ACT, e desconsidera
as recomendações da
sindicância que examinou
o caso;
3. Do ponto de vista da
defesa do BNDES como
instituição central do
desenvolvimento
nacional: incapacidade
revelada, diante dos
fatos apurados, de se
pronunciar em defesa do
BNDES. Exemplos: a) a
atual diretoria não
publica os dados de
subsídio das operações
de comércio exterior,
simplesmente porque eles
não confirmam as teorias
amplamente disseminadas
sobre a existência e
montante desses
subsídios. Sonega-se
informação à opinião
pública: os subsídios
para as operações de
comércio exterior são
nulos ou muito baixos;
b) diante da conclusão
de que não há evidências
de má conduta, esquemas
de corrupção no BNDES, o
presidente resolve criar
uma teoria do "esquema
de corrupção legal", ao
invés de dizer com todas
as letras o que nenhuma
diretoria esteve mais
respaldada a dizer: NÃO
EXISTE "CAIXA-PRETA" NO
BNDES. E ainda se nega a
pedir desculpas aos
empregados acusados em
nome da instituição; c)
assiste passivamente ao
desmonte do Fundo
Amazônia, sem defender
os empregados que foram
intimidados e insultados
pelo ministro do Meio
Ambiente; d) desmobiliza
os funcionários do Banco
que cuidam da relação
com o Congresso, diante
das tentativas do
Ministério da Economia
de aleijar o Banco,
cortando fontes,
inclusive
constitucionais, de
recursos do BNDES; e)
toca de forma
atabalhoada a Área de
Mercado de Capitais,
dando total poder a
assessores externos,
divulgando teorias sem
acolhimento no corpo
técnico sobre o risco da
carteira da BNDESPar, se
negando a prestar
esclarecimentos
repetidamente
requisitados pela
AFBNDES.
A lista poderia aumentar
facilmente. Releiam os
princípios que
defendemos. São
extremistas? Não nos
parece. Mas são
princípios para nós. Se
não acreditássemos
neles, não estaríamos na
Associação. Como
estamos, não abriremos
mão deles.