Editorial

Edição nº1380 – quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Princípios e desentendimentos

Impossível julgar ou interpretar uma ação sem contexto. Impossível entender o contexto quando se decide não se informar, não ler o VÍNCULO, não ler a imprensa.

Nos editoriais do nosso jornal, tomamos posições sobre o que nos parecem os fatos mais relevantes que envolvem o BNDES. Claro que o presidente do Banco e sua diretoria são protagonistas constantes das histórias que contamos aqui. Claro, também, deveria ser o entendimento de que tomar posição implica em julgamento sobre as decisões desses protagonistas.

Quais são as inspirações últimas das posições que tomamos? Com que perspectiva examinamos os fatos? Nada para esconder aqui. Pelo contrário, fomos desde a primeira eleição da atual diretoria da AFBNDES abertamente defensores dos princípios que nos orientam. Somos desenvolvimentistas, acreditamos que o BNDES é a instituição central dentro de qualquer estratégia de desenvolvimento. Somos, como entidade da sociedade civil, defensores das conquistas democráticas do povo brasileiro e inimigos dos que ameaçam essas conquistas. Somos preocupados com a desigualdade social vexaminosa que assola nosso país. Por sua desumanidade, em primeiro lugar, mas também pela ameaça que representa à preservação da democracia no Brasil. Na nossa organização interna – seja como Associação, seja como integrante do Banco, da FAPES –, somos defensores de uma filosofia participativa, de um Banco que estimule a iniciativa e explore o pleno potencial de seus recursos humanos. Finalmente, nos guiamos na defesa dos direitos adquiridos pelos empregados do Banco ao longo das negociações realizadas entre a administração e os empregados.

Cabe a vocês julgarem o quanto temos sido fiéis a esses princípios, que são gerais, abstratos, mas cujas implicações são mais ou menos identificáveis em situações concretas.

As dificuldades que temos tido com a atual diretoria do Banco, e as temos tido, não provêm de qualquer adesão a outros princípios além dos citados. Tivemos divergências públicas com outras administrações, estamos na nossa quinta, mas não há comparação com as dificuldades presentes. Façamos uma lista de posturas que nos parecem inéditas, peculiares à atual diretoria e à filosofia que a inspira.

1. Do ponto de vista da participação: interrompe o diálogo com a AFBNDES. Tenta impedir que diretores ou conselheiros da Associação possam se candidatar ao Conselho de Administração do Banco;

2. Do ponto de vista do respeito aos direitos dos empregados: demite um empregado do Banco sem dar-lhe direito à ampla defesa, direito previsto expressamente no ACT, e desconsidera as recomendações da sindicância que examinou o caso;

3. Do ponto de vista da defesa do BNDES como instituição central do desenvolvimento nacional: incapacidade revelada, diante dos fatos apurados, de se pronunciar em defesa do BNDES. Exemplos: a) a atual diretoria não publica os dados de subsídio das operações de comércio exterior, simplesmente porque eles não confirmam as teorias amplamente disseminadas sobre a existência e montante desses subsídios. Sonega-se informação à opinião pública: os subsídios para as operações de comércio exterior são nulos ou muito baixos; b) diante da conclusão de que não há evidências de má conduta, esquemas de corrupção no BNDES, o presidente resolve criar uma teoria do "esquema de corrupção legal", ao invés de dizer com todas as letras o que nenhuma diretoria esteve mais respaldada a dizer: NÃO EXISTE "CAIXA-PRETA" NO BNDES. E ainda se nega a pedir desculpas aos empregados acusados em nome da instituição; c) assiste passivamente ao desmonte do Fundo Amazônia, sem defender os empregados que foram intimidados e insultados pelo ministro do Meio Ambiente; d) desmobiliza os funcionários do Banco que cuidam da relação com o Congresso, diante das tentativas do Ministério da Economia de aleijar o Banco, cortando fontes, inclusive constitucionais, de recursos do BNDES; e) toca de forma atabalhoada a Área de Mercado de Capitais, dando total poder a assessores externos, divulgando teorias sem acolhimento no corpo técnico sobre o risco da carteira da BNDESPar, se negando a prestar esclarecimentos repetidamente requisitados pela AFBNDES.

A lista poderia aumentar facilmente. Releiam os princípios que defendemos. São extremistas? Não nos parece. Mas são princípios para nós. Se não acreditássemos neles, não estaríamos na Associação. Como estamos, não abriremos mão deles.

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