Para quem acha que
há má vontade da
AFBNDES com a atual
direção do
Ministério da
Economia ou com a
Presidência do
BNDES, por favor,
preste atenção nas
informações abaixo.
Se você não sabe...
Durante a tramitação
da PEC da
Previdência, o
relator Samuel
Moreira (PSDB-SP)
conversava
regularmente com o
BNDES, até que, uma
semana antes de
apresentar seu
parecer, o deputado
desapareceu,
evitando qualquer
comu-nicação com o
Banco. Quando
apresentou seu
relatório, o mesmo
continha a
famigerada emenda de
supressão dos
re-passes
constitucionais ao
BNDES. Os recursos,
na visão do
Ministério da
Economia e do
relator, seriam mais
ne-cessários à
Previdência Social.
Pois temos
informações que nos
permitem afirmar
que, sem dúvida, a
manobra foi toda
pensada no
Ministério da
Economia em
combinação com o
relator.
Felizmente, o
relator Samuel
Moreira e o governo
federal perderam na
comissão que
analisava a matéria.
Recuaram e
mantiveram o que
vinham propondo no
início da discussão:
o congelamento do
percentual dos
repasses para o
BNDES no valor que
prevaleceu durante o
governo Temer: 28%.
O governo perdeu,
mas não desistiu. Na
Medida Provisória
889, aproveitou um
ponto incluído no
artigo 239 da
Constituição: que o
PIS/Pasep, além de
financiar os
programas de
investimento do
BNDES, o pagamento
do abono salarial e
o seguro desemprego,
poderia ser usado
para dar conta de
"outras despesas da
Previdência".
A MP 889, voltada
para tratar de
saques do FGTS,
incluiu um
importante "jabuti"
para aproveitar a
oportunidade aberta
com a PEC da
Previdência e tomar
recursos do BNDES:
acabar com o artigo
da Lei 8.019, de
1990, que
estabelecia que os
recursos do FAT
alocados para o
BNDES (FAT
Constitucional)
poderiam ser
devolvidos apenas no
caso de déficit no
pagamento do seguro
desemprego e do
abono salarial. O
texto original da MP
889 deixava
inteiramente sob
decisão
discricionária do
ministro da Economia
a determinação dos
critérios e
metodologias segundo
os quais os recursos
do Banco teriam que
ser devolvidos. Com
a autorização
presente no artigo
239, poderia o
ministro estabelecer
devoluções para
reduzir o déficit da
Previdência.
Para se ter uma
ideia do que isso
significaria, o FAT
Constitucional é de
cerca de R$ 260
bilhões, o déficit
da Previdência
estimado pelo
governo para 2019 é
da ordem de R$ 300
bilhões. Resumo da
história: a MP 889
daria autorização
para o governo tomar
todo o recurso do
FAT alocado no
BNDES.
Mas o governo perdeu
na Comissão Mista da
MP 889 (ver mais
à página 2). O
relator aceitou
restringir os
poderes de alocação
do ministro e as
devoluções do BNDES
podem apenas ser
usadas para cobrir o
eventual déficit do
seguro desemprego e
do abono salarial
(que hoje estão na
casa dos R$ 13
bilhões).
O ministro da
Economia perdeu, mas
não desistiu. Na
última terça-feira
(5), o governo
apresentou mais duas
Medidas Provisórias:
do Pacto Federativo
e a Emergencial. Na
primeira, propõe-se
a re-dução do
repasse
constitucional para
o BNDES de 28% para
14%; e na segunda, a
suspensão completa
de tais repasses por
dois anos.
Em nenhuma dessas
MPs o BNDES foi o
alvo. O governo não
teve coragem de
declarar o inimigo,
como fez na MP 777
que aca-bou com a
TJLP. Tentaram e
tentam acabar com o
Banco plantando
"jabutis". São
covardes. Sabem que
não têm mandato para
acabar com o BNDES e
querem destruir o
Banco por baixo dos
panos.
Com base nessas
informações, como
você julga um
presidente do BNDES
que instrui sua
equipe a não
defender os
interesses do Banco
no Parlamento? (A
proposta do BNDES é
a proposta do
Ministério da
Economia). E que
defende numa
plenária na Casa que
o BNDES não precisa
desses recursos? Que
utiliza discursos
motivacionais, de
autoajuda, para
dizer que de algum
jeito vamos captar
recursos de gente
muito rica que está
preocupada com a
"base", porque não
quer ver seus carros
pegando fogo, e que
não confia no
governo. Essas
pessoas existem, nos
é assegurado, porque
o presidente conhece
algumas delas.
Qual deveria ser a
posição de uma
Associação de
Funcionários
comprometida em
defender o BNDES?
Aliás, quem estava
defendendo o BNDES
no Congresso na
tramitação da PEC da
Previdência e agora
na da MP 889?
Vamos defender todas
as propostas que
qualquer
administração do
BNDES traga e que
melhore o Banco. Não
descartamos qualquer
administração, a
priori, por
motivos políticos ou
ideológicos. Mas
tampouco nos
calaremos diante
daqueles enviados
para destruir o que
consideramos uma
máquina
institucional da
qual o povo
brasileiro não pode
abrir mão. Temos
certeza de que somos
patriotas. E temos
sérias dúvidas sobre
aqueles que
escolheram enveredar
pelo caminho da
destruição do BNDES.