Desde
o final do Século
XX, com a crescente
preocupação sobre o
futuro do planeta, a
degradação ambiental
e o crescimento
desordenado, a
sociedade vem
repensando os
padrões de
desenvolvimento. Em
1972, em Estocolmo,
ocorre a Primeira
Conferência Mundial
sobre o Homem e o
Meio Ambiente da
Organização das
Nações Unidas (ONU),
criando uma nova
forma de pensamento
– tanto para os
Estados, quanto para
a sociedade: a de
que o problema
ambiental existe e
que era preciso
agir.
É em 1987, com o
relatório "Nosso
Futuro Comum"
(também conhecido
como "Relatório
Brundtland"),
resultado do
trabalho da Comissão
Mundial da ONU sobre
o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, que
se consolida a noção
de Desenvolvimento
Sustentável como
aquele "que satisfaz
as necessidades
presentes, sem
comprometer a
capacidade das
gerações futuras de
suprir suas próprias
necessidades".
O conceito de
desenvolvimento
sustentável
pressupõe que o
crescimento
econômico observe,
obrigatoriamente, as
necessidades e
aspirações humanas,
presentes e futuras,
em relação aos
sistemas sociais,
econômicos e
ecológicos. Passados
mais de 30 anos do
Relatório Brundtland,
o desenvolvimento
sustentável é
paradigma
estabelecido e
irreversível,
presente no discurso
e na prática de
organizações,
empresas, estados,
sociedades, no
âmbito local ao
global.
A ideia de
sustentabilidade
deve ser intrínseca
a qualquer noção de
desenvolvimento
econômico,
compreendendo, entre
outros elementos, o
fortalecimento da
capacidade de
resiliência dos
sistemas ecológicos
– garantindo a
manutenção dos
recursos naturais
indispensáveis à
economia e à
sobrevivência, hoje
e no futuro –, a
equidade social na
repartição dos
benefícios, o
respeito ao escopo
territorial e
regional, a
manutenção do
patrimônio cultural,
entre muitos outros
fatores relevantes.
Não por acaso, a
consultoria da
Roland Berger traz o
desenvolvimento
sustentável como uma
das megatendências.
A pauta da
sustentabilidade tem
emergido nos grandes
bancos de
desenvolvimento –
atores fundamentais
para financiar o
setor público e
privado para a
consecução dos
Objetivos de
Desenvolvimento
Sustentável. São
exemplos o KfW – um
dos doadores do
Fundo Amazônia,
China Development
Bank, Banco Mundial
e o Banco
Interamericano de
Desenvolvimento.
Este também é o caso
do BNDES – um dos
principais
financiadores do
desenvolvimento
sustentável no país
– em seu escopo mais
amplo: possui
política
socioambiental
consolidada; apoia
projetos de
saneamento, gestão
de resíduos, geração
de energia renovável
e promoção da
eficiência
energética,
restauração
florestal e inclusão
social; sendo também
gestor da parte
reembolsável do
Fundo Clima e do
Fundo Amazônia, para
o qual captou
doações
internacionais da
ordem de US$ 1,2
bilhão, que são
destinadas a ações
de conservação
florestal, produção
sustentável e
combate ao
desmatamento.
Em momento de
reposicionamento
estratégico e
ressignificação do
papel do Banco, onde
se faz presente a
importância de
transformação, é
necessário que o
BNDES construa e
consolide sua
identidade como o
Banco do
Desenvolvimento
Sustentável do
Brasil, não só como
estratégia de
melhoria da
qualidade de vida e
de manutenção de
recursos para a
economia no futuro,
mas também como
vantagem competitiva
e diferenciação,
permitindo aumentar
sua inserção global.
Isto é
particularmente
relevante ao ter em
conta o foco no
cliente, uma vez que
sociedade e
mercados,
principalmente ao
considerar o escopo
global, cada vez
mais demandam
práticas
sustentáveis.
O consumidor dos
mercados globais se
torna cada vez mais
exigente, sendo a
componente ambiental
uma variável
relevante para a
inserção de nossos
produtos agrícolas
nesse mercado. Não é
mero acaso que já
exista, por exemplo,
um pacto setorial
como a "moratória da
soja", em que
associações de
indústrias e de
exportadores do
‘agrobusiness’ se
comprometeram que a
partir de 2006 não
comercializariam nem
financiariam a soja
produzida em áreas
desmatadas no Bioma
Amazônia após essa
data. Este arranjo
institucional
privado surgiu como
resposta ao
questionamento de
grupos
ambientalistas e de
clientes que
passaram a exigir a
observância de
princípios
sustentáveis para o
cultivo e a
comercialização da
soja.
As florestas são
essenciais para o
regime das chuvas.
Um dos diferenciais
do Brasil é o seu
setor agropecuário,
que se beneficia da
abundância de boas
terras e água, tendo
se consolidado como
grande gerador de
riquezas para o
país, com grande
peso em nossa pauta
de exportações.
Segundo estudos, boa
parte da chuva que
se precipita no
Sul/Sudeste/Centro-Oeste
resulta de umidade
trazida por
correntes aéreas que
vêm da Amazônia. E a
floresta funciona
como uma grande
bomba hidráulica
pelo fenômeno
chamado de
evapotranspiração,
que lança na
atmosfera a umidade
que os chamados
"rios voadores"
trazem para
beneficiar as
regiões mais ao sul.
Somente como
provocação sugere-se
imaginar um cenário
em que não exista
mais a floresta
Amazônica. Isto é,
qual seriam os
impactos sobre nossa
produção agrícola no
centro-oeste, nos
canaviais de São
Paulo, nas
plantações de soja
do Paraná e do Rio
Grande do Sul? E
ainda, quais seriam
as consequências
para nossa matriz
energética
fortemente
dependente do
"combustível água",
que roda as
hidrelétricas
instaladas em bacias
como as do Rio Tietê
ou Paraná?
A conservação
florestal e o
fomento da
sustentabilidade
estão, portanto,
intimamente
relacionados
(especialmente no
caso do Brasil) com
a redução dos riscos
sistêmicos de nossa
economia.
Para fortalecer a
identificação do
BNDES como vetor de
inclusão social e
sustentabilidade
ambiental, são
oportunidades o
apoio a ações que
promovam a mitigação
das mudanças
climáticas, a
eficiência
energética, a
geração de energia
renovável, a
mitigação de
impactos negativos
das grandes obras, a
universalização do
saneamento, a
alteração da matriz
de transporte
individualista para
transporte público
de massa, a
ampliação do uso de
modais mais
eficientes para o
transporte de carga,
o aumento da
produtividade
agropecuária (sem
desconsiderar
aspectos
relacionados à sua
sustentabilidade, à
qualidade e sanidade
dos alimentos e ao
bem-estar dos
animais); e, por
fim, o
reconhecimento das
florestas e sua
biodiversidade como
ativos em
biotecnologia,
geração de renda e
serviços
ecossistêmicos
essenciais.