VÍNCULO – Hoje
será lançada, no
Sindicato dos
Bancários do Rio, a
Frente Parlamentar
Mista em Defesa dos
Bancos Públicos. O
Sindicato também
está indo às
agências bancárias
com caravanas em
defesa dessas
instituições. Fale
um pouco dessa
mobilização, que
busca ampliar esse
debate junto aos
clientes e à
sociedade de maneira
geral.
Adriana –
As pessoas ainda têm
pouco conhecimento
das políticas
públicas
implementadas pelos
bancos públicos.
Entregando esses
bancos para a
iniciativa privada,
os programas sociais
com certeza vão ser
abandonados. Nenhum
banco privado tem
interesse em
conceder, por
exemplo, crédito
imobiliário com
juros mais baixos à
população mais
carente. Outro
exemplo é o
financiamento da
agricultura
familiar. Estamos
levando esse debate
para a sociedade.
Quando fazemos
visitas aos bancos
conversamos também
com os clientes
alertando sobre a
importância de
defender os bancos
públicos. Com a
privatização deles,
toda a sociedade vai
ficar refém de um
sistema financeiro
apenas privado. É
importante lembrar
que os bancos
públicos tiveram um
papel relevante na
crise de 2008. O
governo, através
dessas instituições,
reduziu a taxa de
juros, criou
subsídios com o
objetivo de fomentar
o crédito e
minimizar os
impactos em nosso
país.
V – A
troca da taxa de
juros do BNDES, com
a aprovação da
Medida Provisória
777, e os pedidos de
devolução antecipada
de recursos ao
Tesouro Nacional,
que vieram para o
Banco como
empréstimo em meio à
crise de 2008, são
uma ameaça ao futuro
do órgão como
propulsor do
desenvolvimento
nacional. Como estão
os ataques dirigidos
ao Banco do Brasil e
à Caixa Econômica
Federal?
Adriana –
O Banco do Brasil,
desde dezembro de
2016, já fechou 570
agências no Brasil.
No exterior, em
países como Portugal
e França, está
acontecendo o mesmo.
Algumas subsidiárias
da Caixa Econômica,
como as loterias,
estão na lista das
57 empresas a serem
privatizadas pelo
governo Temer. Vale
lembrar que, de 2011
a 2016, foram
arrecadados R$ 60
bilhões pelas
loterias, sendo que,
desse total, R$ 27
bilhões foram
destinados a
programas sociais.
Só em 2016, mais de
R$ 6,1 bilhões
tiveram essa
destinação. O
esporte nacional,
outro beneficiado
pelas loterias,
recebeu mais de R$
950 milhões e o
Programa de
Financiamento
Estudantil (FIES)
recebeu cerca de R$
1,2 bilhão. No caso
do BNDES, o fim da
Taxa de Juros de
Longo Prazo com a
aprovação da Medida
Provisória 777, que
altera as taxas de
juros deixando-as
próximas das
adotadas pelo
mercado, desestimula
a economia do país,
pois as indústrias,
por exemplo, não
terão canais para
obter empréstimos a
juros mais baixos.
VÍNCULO – A
Contraf-CUT e os
Sindicatos de
Bancários do Rio,
São Paulo e Brasília
ingressaram com
representação no
Ministério Público
Federal questionando
a legalidade da
devolução antecipada
ao Tesouro de R$ 100
bilhões feita pelo
BNDES em dezembro de
2016. Para as
entidades, trata-se
de uma pedalada
fiscal, pois essa
devolução é ilegal
ao ferir o artigo
37, inciso II, da
Lei de
Responsabilidade
Fiscal. A devolução
antecipada desses
recursos significa
para o país abrir
mão de importante
instrumento para a
recuperação da
economia e da
empregabilidade.
Como você vê avalia
tudo isso?
Adriana –
Nosso país passa por
um momento muito
crítico. O Brasil
tem capacidade de
recuperar sua
economia. Porém,
essas ações do
governo
inviabilizam, por
exemplo, o
investimento em
infraestrutura e a
concessão de
financiamento à
indústria, o que
poderia ajudar na
recuperação
econômica.
Importante ressaltar
que os
financiamentos para
a indústria a juros
mais baixos
estimulam a produção
e, consequentemente,
possibilitam o
aumento dos postos
de trabalho. A
diminuição dos
recursos do BNDES
também impacta os
investimentos em
infraestrutura, que
são tão necessários
para atender as
demandas internas e
externas do país.
VÍNCULO – Como
está a organização
do movimento do dia
3 de outubro em
defesa das empresas
estatais, do
patrimônio público e
da soberania
nacional?
Adriana –
O processo de
organização ainda
está em construção.
Inclusive, no dia 21
de setembro teremos
reunião do Comitê
Nacional de Defesa
das Empresas
Públicas no
Sindicato dos
Bancários do Rio. O
que posso afirmar é
que várias
instituições e
organizações da
sociedade civil
confirmaram
presença. Acredito
que será um grande
dia para marcarmos a
nossa insatisfação
com o governo Temer,
que não pode
entregar o
patrimônio público,
que é do povo
brasileiro.