EDITORIAL
CPIs do BNDES: mais uma frente de batalha

 
 
Uma situação esdrúxula. O acossado presidente da República se posiciona contra uma das instituições mais importantes do país e explora o ataque a ela como estratégia de sobrevivência política. Bem entendido, no caso de Michel Temer isso significa manter a coalizão política no Congresso Nacional que o protege dos tribunais e de eventual condenação.

Esse é o contexto político das CPIs que envolvem o BNDES – e o grupo de trabalho interno criado para cuidar delas não pode ignorá-lo sob risco de colocar a instituição em sério risco. Nesse sentido, repudiamos qualquer estratégia de atuação nas CPIs como a revelada em matéria do último domingo (17) no Estadão: "Banco vai admitir erros em CPIs no Congresso". Claro que não é porque o Banco não possa ter cometido erros, mas concretamente não há evidência do tipo de erro que a CPI quer encontrar em nenhum dos casos que até agora foram trazidos a público – a despeito de todo o estardalhaço com que foram tratados, de forma a manter a campanha de difamação que acompanha o BNDES desde o ano passado. A CPI quer encontrar alguma conexão do BNDES com práticas ilícitas, mesmo que nada de novo tenha sido colocado na mesa que justifique isso.

A AFBNDES tem estado alerta em relação ao tema. Conversamos com o presidente Paulo Rabello de Castro no dia 20 de junho sobre como andavam os preparativos para a CPI. À época, como a mídia noticiou, agia-se com o propósito de evitar sua instauração. Semana passada, quando ouvimos rumores de que a estratégia que viria a ser publicada no Estadão estava orientando os trabalhos do GT, procuramos imediatamente o presidente Rabello, infelizmente sem sucesso, para uma reunião.

Felizmente, segunda-feira tivemos a oportunidade de conversar com o novo coordenador do GT, o diretor financeiro Carlos Thadeu. São bem-vindas as contribuições do experiente diretor, sua disposição de dialogar e sua categórica rejeição à estratégia descrita no Estadão. Não temos dúvida de que uma orientação desastrosa foi abandonada, todavia ainda nos preocupa que o jogo já tenha começado, e o treinamento da nossa equipe ainda esteja incipiente. Há muito o que fazer para compensar o tempo perdido. Em particular, temos que mobilizar o conjunto de funcionários que esteve envolvido na última CPI. Defendemos também que o GT deve adotar duas orientações fundamentais: evitar a exposição desnecessária de funcionários do BNDES e apoiar de forma substantiva os que venham a depor.

Várias gerações passaram pelo Banco, o que somos hoje resulta de como os que nos antecederam responderam aos seus desafios. Esses variaram de importância e de natureza. Temos claro que hoje o grande desafio de nossa geração é defender o Banco dessa combinação potencialmente fatal de oportunismo político e fundamentalismo neoliberal que prevalece em Brasília. A AFBNDES convoca os funcionários a assumirem essa tarefa histórica. Façamos isso inspirados na convicção de que ao defender o BNDES estamos defendendo muito mais do que os nossos empregos. Do nosso ponto de vista, no momento sombrio que atravessa o país, defender o BNDES é a forma que temos de cumprir minimamente com o nosso papel na resistência mais ampla do povo brasileiro.

 
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AGENDA

Plenária sobre AJT acontecerá dia 29

Está confirmada para sexta-feira, 29 de setembro, às 14h, no Auditório do BNDES (S1 do Edserj), a plenária relativa ao Acordo de Jornada de Trabalho 2017-2019. Foi encerrado anteontem o prazo para o recebimento de dúvidas e sugestões a respeito do AJT. Mais de 60 mensagens foram enviadas pelos empregados, com muito assuntos convergindo. Já foi contratado, pelas Associações de Funcionários, um escritório que produzirá parecer jurídico sobre o tema.