Em primeiro lugar,
sua atuação nas
audiências mostra
que o relator
deveria ser o mais
interessado na
continuação das
audiências. Incapaz
de tecer comentários
sobre o tema ou
mesmo fazer
perguntas por conta
própria, ficou claro
para quem esteve nas
audiências que ele
apenas lia, aos
expositores,
questionamentos que
outros o haviam
submeti-do. Essa
impressão pode ser
conferida por
qualquer um que
assista aos vídeos
das audiências
ocorridas em
Brasília e no Rio,
no Auditório do
BNDES, disponíveis
na internet.
Essa impressão
também pôde ser
confirmada no
encontro que tivemos
com o relator,
divulgado por ele
mesmo no Twitter.
Gentilmente, o
deputado nos recebeu
e ficamos
conversando por um
tempo razoável. Mas
conversa não é a
melhor descrição do
que se passou. Na
oportunidade, ele
nos disse que não
tinha uma opinião
prévia sobre o tema,
apenas gostaria de
ouvir. Aparentemente
nos ouvia com
atenção, mas, assim
como nas audiências,
não se arriscou a
fazer qualquer
pergunta, a tecer
qualquer comentário
sobre o que
dissemos.
Na verdade, não
achávamos que
deveríamos esperar
de um parlamentar
que o mesmo falasse
ou agisse como um
técnico, um
economista, mas
esperávamos alguma
curiosidade, algum
interesse genuíno na
matéria – alguma
preocupação com o
tema. Sinceramente,
nada disso ocorreu.
Seria essa a forma
de transmitir
isenção?
Como todos sabem, as
audiências foram bem
divididas. O caráter
controverso do tema
ficou evidenciado na
divisão de opiniões
entre acadêmicos;
nos posicionamentos
diversos da
burocracia e de
setores privados –
de um lado,
representantes da
indústria e dos
funcionários do
BNDES; de outro,
representantes do
mercado financeiro e
representantes do
Banco Central e do
Ministério da
Fazenda. O que
Betinho pode ter
concluído desse
debate? Seu
relatório traz
rigorosamente a
opinião defendida na
exposição de motivos
da MP 777 – sem nada
acrescentar.
Reproduz, na
íntegra, argumentos
dos expositores da
MP. Ao invés de
dialogar com os que
se opuseram à MP, o
deputado preferiu
atacar espantalhos.
Não recebemos e não
sabemos de nenhum
pedido de
esclarecimento que
Betinho tenha feito
aos que criticaram a
TLP.
Betinho Gomes é
filho de um político
progressista do
Nordeste. É
proveniente de uma
região relativamente
industrializada de
seu estado. É triste
que nada disso seja
revelado no seu
relatório. A
importância da
atuação do BNDES em
Pernambuco é
conhecida por toda a
população local. Em
que pensou o relator
ao decidir seu voto?
Que conexões
partidárias o
fizeram se
posicionar a favor
da MP? Será que
somos os únicos que
achamos estranha sua
troca de mensagens,
por Twitter, com o
ex-diretor em
quarentena do BNDES
Vinícius Carrasco?