O presidente do
BNDES, Paulo Rabello
de Castro, abriu a
audiência pública ao
lado do senador
Lindbergh Farias,
presidente da
Comissão Mista, e do
deputado Betinho
Gomes, relator da
matéria. Rabello de
Castro disse que a
MP 777 leva a duas
discussões
fundamentais e
paralelas que não
podem ser perdidas
de vista: a
utilização
indiscriminada de
subsídios implícitos
na economia
nacional; e a
questão dos
investimentos de
longo prazo, que
historicamente não
têm tido condições
de financiamento com
a celeridade e
acessibilidade que
necessitariam –
notadamente em
infraestrutura e em
grandes operações
industriais. Segundo
ele, o Brasil é um
país sem
investimentos: "A
taxa de investimento
mal cobre a
depreciação do
capital produtivo
nacional. Um país
que não consegue
rever seu custeio e
corta em cima da
única conta
discricionária, que
é o investimento, é
um país
infelicitado".
Ao tratar dos dois
temas, o presidente
fez questão de
ressaltar a missão
do BNDES
"umbilicalmente"
ligada ao esforço de
fazer o Brasil
atingir taxas mais
expressivas de
crescimento
econômico, com
desenvolvimento
regional, geração de
emprego e melhoria
da distribuição da
renda e do capital
nacionais. Rabello
também destacou que
a preocupação com os
subsídios implícitos
"é inteiramente
compartilhada pela
atual presidência do
BNDES" e defendeu o
debate democrático
sobre a TLP.
Ainda falando sobre
o crescimento do
subsídio,
especialmente nos
anos de 2015 e 2016
(na ordem de R$ 120
bilhões), ele buscou
explicar a que
estaria associado
este fenômeno:
"Basicamente a uma
relativa rigidez da
TJLP na faixa de 7%
vis-à-vis uma
taxa de juros (e,
portanto, de
captação)
extremamente
elevada, decorrente
do combate
momentâneo à
inflação que parecia
desgovernada". E, em
seguida, perguntou:
"Este foi um erro
decorrente da
formulação do
subsídio, de
execução de política
por parte do BNDES?
Ou foi um erro de
política econômica
em consequência de
uma exagerada
prática de taxa de
juros excessivamente
agressiva, porque
muito acima da taxa
de juros justa
(neutra), incluídos
os custos do chamado
risco Brasil e da
expectativa de
valorização
cambial?" Segundo o
presidente do Banco,
"esse excesso de
subsídio decorre de
outro subsídio que
estaria sendo
alocado ao setor
rentista da
sociedade". Por fim,
Rabello de Castro
afirmou que os
subsídios contidos
no uso da TJLP foram
mais ou menos
compensados pelo
fluxo positivo de
tributos e
dividendos
resultantes das
políticas de fomento
do BNDES.
Choque de ideias
– Vídeos da
audiência pública,
divididos em cinco
partes, já estão
disponíveis no canal
do BNDES no YouTube
e trazem o choque de
opiniões dos
participantes da
reunião em relação à
polêmica MP 777. De
um lado, defendendo
a iniciativa
governamental,
estavam Fabio
Kanczuk, secretário
de Política
Econômica do
Ministério da
Fazenda, Carlos
Viana, diretor de
Política Econômica
do Banco Central, e
os economistas e
professores Armando
Castelar e José
Márcio Camargo, da
PUC-Rio.
De outro lado,
defendendo a
continuidade da TJLP
como taxa de
referência nos
financiamentos do
BNDES ou mesmo
propondo alterações
no texto da MP (com
a garantia da TJLP
para recursos
originários do FAT e
TLP para recursos do
Tesouro), estavam o
economista e
pesquisador José
Roberto Afonso, do
Ibre/FGV, Arthur
Koblitz, 2º
vice-presidente da
AFBNDES (confira, na
seção
Opinião),
Antonio José Alves
Junior, professor do
Departamento de
Ciência Econômica da
UFRRJ, Humberto
Barbato,
presidente-executivo
da Associação
Brasileira da
Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee),
José Velloso Dias
Cardoso,
presidente-executivo
da Associação
Brasileira da
Indústria de
Máquinas e
Equipamentos (Abimaq),
Felipe Sauto,
diretor-executivo do
Instituto Fiscal
Independente(IFI),
ligado ao Senado
Federal,e o
presidente interino
do Clube de
Engenharia,
Sebastião Soares.
Após as falas, 10
integrantes do
plenário puderam
fazer perguntas e se
manifestar sobre o
tema.
Consulta pública –
Permanece aberta, no
site do Senado, a
consulta pública
sobre a MP 777.
Lá qualquer cidadão
pode opinar se
concorda ou não com
a proposição. O
movimento a favor da
MP está se
fortalecendo e os
defensores da TJLP e
do BNDES como
instrumento de
desenvolvimento
precisam responder à
altura.
No site "Precisamos
falar sobre o
BNDES", criado pela
AFBNDES, há link
para a página de
cada parlamentar que
integra a Comissão
Mista (http://www.precisamosfalarsobreobndes.com.br/ficatjlp).
É
importante que haja
o envio de mensagens
aos congressistas
(por e-mail) com a
cobrança do voto
contrário à
iniciativa
governamental.
A Medida Provisória
777 recebeu 40
emendas de deputados
e senadores. Sua
tramitação terá
continuidade no
início de agosto,
após o recesso
parlamentar. Já
prorrogado, o prazo
de vigência da MP se
esgota em 7 de
setembro. Ainda está
prevista a
realização de duas
audiências.