Em entrevista ao
VÍNCULO, Adriana
Nalesso, presidente
do Sindicato dos
Bancários do Rio,
diz que governo
Temer não tem
qualquer compromisso
com os
trabalhadores: "Na
verdade, não tem
compromisso com os
brasileiros, só com
o capital". Segundo
Adriana, o desmonte
dos bancos públicos
está no roteiro do
plano que começou
com o impeachment.
VÍNCULO –
Bancários de todo o
país têm denunciado
o processo de
enfraquecimento do
BNDES como banco de
desenvolvimento e de
desmonte das funções
sociais da Caixa
Econômica Federal e
do Banco do Brasil.
O que fazer para
resistir a esses
ataques?
Adriana Nalesso –
O governo Temer tem
pressa para agir.
Ele precisa pagar, o
quanto antes, a
conta aos apoiadores
do golpe. O desmonte
dos bancos públicos
está no roteiro do
plano. O
enfraquecimento do
BNDES fatalmente
diminui os
investimentos no
país, abrindo espaço
para empresas
internacionais,
desestruturando a
indústria nacional.
A quem pode
interessar a
retirada das funções
sociais da Caixa
Econômica a não ser
aos bancos privados?
A população de baixa
renda vai ficar
completamente
desassistida e refém
de financiamentos
com juros
exorbitantes. O
mesmo acontece com o
financiamento
agrícola,
principalmente a
agricultura
familiar, para citar
um exemplo, em
relação à retirada
de ações sociais do
Banco do Brasil.
Precisamos e estamos
sempre alertando a
população sobre
esses absurdos
promovidos pelo
governo Temer.
Precisamos estar nas
ruas, ocupar o
Congresso, enviar
e-mails para os
parlamentares
pressionando,
frequentar reuniões
de discussão de
estratégias de
reação. A
resistência do
trabalhador é a sua
voz e a sua ação.
Fortalecer o
Sindicato para essa
luta é fundamental.
Um país não pode se
desenvolver sem
empresas nacionais
fortes e um sólido
sistema de
financiamento
público.
V –
Apesar do desgaste
causado pela
Operação Lava Jato e
pelas delações de
executivos da
Odebrecht, o governo
segue em frente com
os projetos de
reforma trabalhista
e de reforma da
Previdência Social,
que trazem perdas de
direitos para os
trabalhadores e para
a sociedade como um
todo. Como o
Sindicato dos
Bancários do Rio se
posiciona diante
desses projetos?
AN –
Desde o processo de
impeachment
vínhamos alertando
para os reais
interesses dos
envolvidos no golpe.
Alertamos que os
trabalhadores seriam
os principais
prejudicados. Agora,
as acusações de
corrupção atingem a
praticamente todos
os parlamentares que
estão envolvidos nos
projetos que retiram
direitos dos
trabalhadores.
Enquanto eles não
forem impedidos de
continuar exercendo
seu mandato, esses
ataques não vão
cessar. É muito
importante que os
trabalhadores façam
pressão, se
posicionem e
denunciem os
parlamentares que
estão votando contra
os direitos dos
trabalhadores. É
preciso mostrar
força para exigir
que alterações
profundas na
legislação,
inclusive com
mudanças na
Constituição, não
sejam feitas até que
as denúncias sejam
apuradas. Nós, do
Sindicato dos
Bancários do Rio,
estamos e vamos
continuar à frente e
aguerridos na luta
contra as perdas dos
nossos direitos
trabalhistas e
sociais.
V –
A terceirização traz
grandes prejuízos
para os
trabalhadores de
maneira geral e para
os bancários em
particular. Haverá
perdas generalizadas
com a precarização
de direitos
trabalhistas, com
menores salários e
ausência de
participação nos
lucros,
auxílio-creche e
jornada de seis
horas, por exemplo.
Como você vê as
campanhas salariais
daqui para a frente
neste ambiente
precarizado?
AN –
Fechamos um Acordo
Coletivo no ano
passado com validade
até 2018. Em um
ambiente trabalhista
hostil como o que
estamos vivendo,
podemos considerar
que tivemos avanços,
garantindo todas as
conquistas da
Convenção Coletiva
do Trabalho
prevista. Mas tenho
lembrado sempre à
categoria que isso
não significa que
não teremos campanha
agora em 2017. Ainda
temos muito o que
avançar nas
conquistas sociais,
por exemplo. Mesmo
com esse cenário
vamos continuar a
perseguir e exigir
nossos direitos. As
mesas de negociação
estão aí para
discutirmos e
mostrarmos a
importância das
bancárias e dos
bancários no
processo diário de
gestão dos bancos e
de como precisamos e
devemos ser
valorizados. A luta
é diária e só ela
nos garante.
V –
A greve geral
está marcada para o
dia 28 de abril em
todo o país. As
centrais sindicais
estão convocando os
trabalhadores para
paralisarem suas
atividades e irem às
ruas demonstrar sua
insatisfação com as
reformas do governo
Temer. Como o
Sindicato dos
Bancários do Rio
está se preparando
para o movimento?
AN –
Este será um dia
decisivo para a
defesa dos direitos
dos trabalhadores.
As ruas têm a chance
de dar um recado
claro aos
parlamentares e ao
governo. O Sindicato
dos Bancários do Rio
vem participando
ativamente de todos
os atos contra as
medidas do governo
Temer. Não só
participamos como
também estamos
promovendo e
incentivando
atividades como
debates sobre as
reformas
trabalhistas e da
Previdência e a
terceirização.
Fazemos regularmente
visitas nas agências
quando distribuímos
nosso material de
informação e
conversamos com as
bancárias e os
bancários sobre os
ataques dirigidos a
todos nós. Esse
governo já mostrou e
prova a cada dia que
não tem o menor
compromisso com a
classe trabalhadora.
Na verdade, não tem
compromisso com os
brasileiros, só com
o capital. Estamos
chamando não só a
nossa categoria, mas
todos os
trabalhadores para
irem às ruas no dia
28 de abril e
pararem o país
contra todos esses
ataques aos nossos
direitos.