ENTREVISTA/ADRIANA NALESSO
"Trabalhadores precisam ir às ruas no dia 28 e parar o país"
 
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seeb/cut

Adriana: vamos continuar à frente e aguerridos na luta contra as perdas dos nossos direitos trabalhistas e sociais
 
 
Em entrevista ao VÍNCULO, Adriana Nalesso, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, diz que governo Temer não tem qualquer compromisso com os trabalhadores: "Na verdade, não tem compromisso com os brasileiros, só com o capital". Segundo Adriana, o desmonte dos bancos públicos está no roteiro do plano que começou com o impeachment.

VÍNCULO –
Bancários de todo o país têm denunciado o processo de enfraquecimento do BNDES como banco de desenvolvimento e de desmonte das funções sociais da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. O que fazer para resistir a esses ataques?

Adriana Nalesso – O governo Temer tem pressa para agir. Ele precisa pagar, o quanto antes, a conta aos apoiadores do golpe. O desmonte dos bancos públicos está no roteiro do plano. O enfraquecimento do BNDES fatalmente diminui os investimentos no país, abrindo espaço para empresas internacionais, desestruturando a indústria nacional. A quem pode interessar a retirada das funções sociais da Caixa Econômica a não ser aos bancos privados? A população de baixa renda vai ficar completamente desassistida e refém de financiamentos com juros exorbitantes. O mesmo acontece com o financiamento agrícola, principalmente a agricultura familiar, para citar um exemplo, em relação à retirada de ações sociais do Banco do Brasil. Precisamos e estamos sempre alertando a população sobre esses absurdos promovidos pelo governo Temer. Precisamos estar nas ruas, ocupar o Congresso, enviar e-mails para os parlamentares pressionando, frequentar reuniões de discussão de estratégias de reação. A resistência do trabalhador é a sua voz e a sua ação. Fortalecer o Sindicato para essa luta é fundamental. Um país não pode se desenvolver sem empresas nacionais fortes e um sólido sistema de financiamento público.

V – Apesar do desgaste causado pela Operação Lava Jato e pelas delações de executivos da Odebrecht, o governo segue em frente com os projetos de reforma trabalhista e de reforma da Previdência Social, que trazem perdas de direitos para os trabalhadores e para a sociedade como um todo. Como o Sindicato dos Bancários do Rio se posiciona diante desses projetos?

AN – Desde o processo de impeachment vínhamos alertando para os reais interesses dos envolvidos no golpe. Alertamos que os trabalhadores seriam os principais prejudicados. Agora, as acusações de corrupção atingem a praticamente todos os parlamentares que estão envolvidos nos projetos que retiram direitos dos trabalhadores. Enquanto eles não forem impedidos de continuar exercendo seu mandato, esses ataques não vão cessar. É muito importante que os trabalhadores façam pressão, se posicionem e denunciem os parlamentares que estão votando contra os direitos dos trabalhadores. É preciso mostrar força para exigir que alterações profundas na legislação, inclusive com mudanças na Constituição, não sejam feitas até que as denúncias sejam apuradas. Nós, do Sindicato dos Bancários do Rio, estamos e vamos continuar à frente e aguerridos na luta contra as perdas dos nossos direitos trabalhistas e sociais.

V – A terceirização traz grandes prejuízos para os trabalhadores de maneira geral e para os bancários em particular. Haverá perdas generalizadas com a precarização de direitos trabalhistas, com menores salários e ausência de participação nos lucros, auxílio-creche e jornada de seis horas, por exemplo. Como você vê as campanhas salariais daqui para a frente neste ambiente precarizado?

AN – Fechamos um Acordo Coletivo no ano passado com validade até 2018. Em um ambiente trabalhista hostil como o que estamos vivendo, podemos considerar que tivemos avanços, garantindo todas as conquistas da Convenção Coletiva do Trabalho prevista. Mas tenho lembrado sempre à categoria que isso não significa que não teremos campanha agora em 2017. Ainda temos muito o que avançar nas conquistas sociais, por exemplo. Mesmo com esse cenário vamos continuar a perseguir e exigir nossos direitos. As mesas de negociação estão aí para discutirmos e mostrarmos a importância das bancárias e dos bancários no processo diário de gestão dos bancos e de como precisamos e devemos ser valorizados. A luta é diária e só ela nos garante.

V – A greve geral está marcada para o dia 28 de abril em todo o país. As centrais sindicais estão convocando os trabalhadores para paralisarem suas atividades e irem às ruas demonstrar sua insatisfação com as reformas do governo Temer. Como o Sindicato dos Bancários do Rio está se preparando para o movimento?     

AN – Este será um dia decisivo para a defesa dos direitos dos trabalhadores. As ruas têm a chance de dar um recado claro aos parlamentares e ao governo. O Sindicato dos Bancários do Rio vem participando ativamente de todos os atos contra as medidas do governo Temer. Não só participamos como também estamos promovendo e incentivando atividades como debates sobre as reformas trabalhistas e da Previdência e a terceirização. Fazemos regularmente visitas nas agências quando distribuímos nosso material de informação e conversamos com as bancárias e os bancários sobre os ataques dirigidos a todos nós. Esse governo já mostrou e prova a cada dia que não tem o menor compromisso com a classe trabalhadora. Na verdade, não tem compromisso com os brasileiros, só com o capital. Estamos chamando não só a nossa categoria, mas todos os trabalhadores para irem às ruas no dia 28 de abril e pararem o país contra todos esses ataques aos nossos direitos.

(*) Texto publicado na edição 1243, em 20/4/2017.

 
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