O senador Renan
Calheiros
protocolou, em 3 de
fevereiro, um
requerimento na
Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado
para que o
presidente do Banco
do Brasil, Fausto
Ribeiro, seja
convidado a prestar
esclarecimentos
sobre denúncias
veiculadas pelo
jornal Folha de
S.Paulo de
ingerência política
e restrição de
crédito para estados
liderados por
opositores do
governo Bolsonaro.
“Como se vê, a
utilização
personalista dos
recursos públicos
orçamentários, por
meio do chamado
orçamento secreto já
denunciada no STF,
agora é acrescida do
uso discricionário e
político dos
recursos dos bancos
públicos, como o BB,
com efeitos nefastos
no desenvolvimento
econômico
equilibrado dos
estados”, diz
Calheiros em um
trecho do
requerimento.
O senador faz
referência a uma
matéria veiculada
pela Folha de
S.Paulo no dia 29 de
janeiro. Nela, o
jornal apurou que,
em 2021, o BB
emprestou R$ 5,3
bilhões para os
estados, sendo dois
terços do montante
para aliados do
governo federal. A
reportagem também
destacou que o
vice-presidente de
Governo do BB,
Antônio Barreto, já
manifestou que o
banco estaria
viabilizando
operações em troca
de “boa relação” com
a gestão Bolsonaro.
Ao mesmo tempo, os
estados de Alagoas e
Bahia,
liderados por
opositores do atual
governo, tiveram
suas negociações de
crédito paralisadas
pelo banco, sem
maiores
justificativas.
Alagoas chegou a
acionar o BB no STF
para realizar o
empréstimo já
aprovado pela
Assembleia
Legislativa do
estado.
Desgaste da imagem –
“Ao contrário das
CPIs (Comissões
Parlamentares de
Inquérito), as
comissões
permanentes não têm
competência para
convocar qualquer
autoridade ou pessoa
para depoimento.
Elas só podem
convocar ministros
ou titulares de
instituições
diretamente ligadas
à Presidência da
República. No caso
de outras
autoridades ou
qualquer cidadão,
podem fazer apenas
um convite
solicitando o
comparecimento”,
explica o secretário
de Relações de
Trabalho da
Confederação
Nacional dos
Trabalhadores do
Ramo Financeiro
(Contraf-CUT),
Jeferson Meira.
“Então, mesmo com
esta
impossibilidade, a
motivação de um
requerimento
convidando o
presidente de uma
instituição
centenária e sólida
como o Banco do
Brasil, para dar
explicações tão
graves sobre tal
ingerência, já causa
um desgaste
gigantesco à imagem
do BB junto à
sociedade e ao
mercado. A
manipulação política
dos recursos do BB,
portanto, prejudica
todo o zelo e o
trabalho árduo dos
funcionários e
funcionárias da
instituição”,
avaliou.
Investigação no TCU
–
Na semana passada, a
pedido do Ministério
Público, o Tribunal
de Contas da União
(TCU) iniciou
uma investigação a
fim de apurar se o
Banco do Brasil está
cometendo ingerência
política na
concessão de
empréstimos para
estados e
municípios.
“Esperamos que a
investigação no TCU
caminhe e também que
a Comissão de
Assuntos Econômicos
do Senado aprove o
pedido de
requerimento de
Calheiros. Nós
também queremos
esclarecimentos de
Fausto Ribeiro.
Desde que Bolsonaro
assumiu o governo, o
movimento sindical
vem apontando a
ocorrência de
ingerências
políticas no BB”,
destacou o
coordenador da
Comissão de Empresa
dos Funcionários do
Banco do Brasil (CEBB),
João Fukunaga. “Os
bancos públicos têm
papel fundamental na
redução das
desigualdades entre
estados e
municípios. Aliado
às dotações
orçamentárias
anuais, o crédito
dessas instituições
é um instrumento
fundamental para o
desenvolvimento do
país”, pontuou.
Fonte:
Contraf-CUT |