Movimento

Edição nº1453 – sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Negacionismo de Guedes revela ignorância estatística, diz ASSIBGE

Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE publica nota em resposta “ao delírio governamental e sua vontade de regressar ao mundo sem informações”

“No dia seguinte à malsucedida live de Bolsonaro, na qual o presidente buscou desacreditar o processo eleitoral, Paulo Guedes mimetiza o chefe, e com argumentos de espantosa fragilidade, ataca o IBGE.

Sob o argumento de que a instituição – vinculada ao Ministério da Economia – está na era da pedra lascada, não esconde seu desejo candente de restabelecer um tempo no qual os dados podiam ser escondidos. As saudades do governo Pinochet, no qual atuou, parecem lhe perturbar a alma.

Demonstrações públicas de ignorância e inépcia por parte de um ministro de Economia são bastante preocupantes. No caso de Paulo Guedes, porém, elas já não causam mais surpresa. Este sujeito que, apresentado como o coração do governo, nesta quadra já se revela como um mero protozoário da cena política, ou, talvez, um vírus.

O CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), é voltado para o controle de admissões e demissões de empregados do regime celetista, pelo que não contempla a totalidade do mercado de trabalho ao não tratar dos informais, os trabalhadores por conta própria e os servidores públicos. Cabe lembrar também que o CAGED passou por mudanças metodológicas e operacionais implementadas de forma atabalhoada (como seria de se esperar da atual gestão), provocando descontinuidade nos dados coletados.

Os dados de desocupação do IBGE, por outro lado, buscam retratar todo o conjunto do mercado de trabalho. A confusão propagada por Guedes, vinda, portanto, por uma figura da alta hierarquia da área econômica do governo, são reveladoras ou de indigência política, ou intelectual.

O IBGE é reconhecido pela excelência do quadro de servidores e goza da confiança do povo brasileiro. Resistirá aos ataques promovidos por esta caquistocracia que há de sucumbir aos bons ventos da democracia”.

Pedra lascada – No final da semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou o descasamento de dados do emprego calculados pela Pnad, do IBGE, com os números do Caged, medido pelo Ministério da Economia. Em entrevista à imprensa no Rio, Guedes disse que a Pnad está atrasada. A metodologia das pesquisas é diferente. A Pnad utiliza entrevistas por telefone para calcular a taxa de desemprego e abrange todos os setores da economia (formal e informal). Já o Caged utiliza dados informados pelas próprias empresas.

“As pesquisas do IBGE estão um pouco atrasadas, daqui a pouco vão ter que convergir para o que está acontecendo”, disse. “Ele (o IBGE) ainda está na idade da pedra lascada, baseado em métodos que não são os mais eficientes. Temos as informações diretas da empresa”, afirmou o ministro.

O IBGE divulgou na sexta-feira (30) que a taxa de desemprego ficou em 14,6% no trimestre encerrado em maio. Já os dados do Caged apontam para a criação de 1,5 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no 1º semestre do ano.

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