“No dia
seguinte à malsucedida live de Bolsonaro, na
qual o presidente buscou desacreditar o
processo eleitoral, Paulo Guedes mimetiza o
chefe, e com argumentos de espantosa
fragilidade, ataca o IBGE.
Sob o
argumento de que a instituição – vinculada
ao Ministério da Economia – está na era da
pedra lascada, não esconde seu desejo
candente de restabelecer um tempo no qual os
dados podiam ser escondidos. As saudades do
governo Pinochet, no qual atuou, parecem lhe
perturbar a alma.
Demonstrações
públicas de ignorância e inépcia por parte
de um ministro de Economia são bastante
preocupantes. No caso de Paulo Guedes,
porém, elas já não causam mais surpresa.
Este sujeito que, apresentado como o coração
do governo, nesta quadra já se revela como
um mero protozoário da cena política, ou,
talvez, um vírus.
O CAGED
(Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), é voltado para o controle de
admissões e demissões de empregados do
regime celetista, pelo que não contempla a
totalidade do mercado de trabalho ao não
tratar dos informais, os trabalhadores por
conta própria e os servidores públicos. Cabe
lembrar também que o CAGED passou por
mudanças metodológicas e operacionais
implementadas de forma atabalhoada (como
seria de se esperar da atual gestão),
provocando descontinuidade nos dados
coletados.
Os dados de
desocupação do IBGE, por outro lado, buscam
retratar todo o conjunto do mercado de
trabalho. A confusão propagada por Guedes,
vinda, portanto, por uma figura da alta
hierarquia da área econômica do governo, são
reveladoras ou de indigência política, ou
intelectual.
O IBGE é
reconhecido pela excelência do quadro de
servidores e goza da confiança do povo
brasileiro. Resistirá aos ataques promovidos
por esta caquistocracia que há de sucumbir
aos bons ventos da democracia”.
Pedra lascada
–
No final da semana passada, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, criticou o
descasamento de dados do emprego calculados
pela Pnad, do IBGE, com os números do Caged,
medido pelo Ministério da Economia. Em
entrevista à imprensa no Rio, Guedes disse
que a Pnad está atrasada. A metodologia das
pesquisas é diferente. A Pnad utiliza
entrevistas por telefone para calcular a
taxa de desemprego e abrange todos os
setores da economia (formal e informal). Já
o Caged utiliza dados informados pelas
próprias empresas.
“As pesquisas
do IBGE estão um pouco atrasadas, daqui a
pouco vão ter que convergir para o que está
acontecendo”, disse. “Ele (o IBGE) ainda
está na idade da pedra lascada, baseado em
métodos que não são os mais eficientes.
Temos as informações diretas da empresa”,
afirmou o ministro.
O IBGE divulgou na sexta-feira (30) que a
taxa de desemprego ficou em 14,6% no
trimestre encerrado em maio. Já os dados do
Caged apontam para a criação de 1,5 milhão
de postos de trabalho com carteira assinada
no 1º semestre do ano. |