Na quinta-feira (5),
antes do webinar de
apresentação do
plano de retorno ao
trabalho presencial
pela administração
do Banco, a AFBNDES
divulgou a seguinte
nota aos empregados:
“O que deve
acontecer na
apresentação de hoje
e como conseguir
minimizar os danos
aos empregados do
BNDES
Vamos assumir o que
já circula em grupos
de benedenses. Temos
alguma razão para
acreditar que os
dados são
fidedignos.
O Edserj comporta um
número de 400 a 500
ocupantes com
relativa segurança.
Com esses números
teríamos uma
ocupação média nos
20 andares do prédio
de cerca de 20 a 25
empregados (por
andar). Nesse
patamar, a ocupação
máxima de elevadores
(no limite de 4
pessoas por viagem),
o uso seguro de
banheiros e da
garagem seria
viável.
Estão assumindo
também,
aparentemente com
base em informações
técnicas, que o
sistema de
ar-condicionado pode
ser programado para
fazer a troca de ar
numa frequência tal
que seria compatível
com a ventilação
necessária e a
qualidade do ar.
Isso seria ainda
mais factível tendo
até 500 pessoas no
prédio.
A previsão, não
sabemos com que
segurança estão
fazendo essa
projeção, é de que
em setembro os que
estariam aptos ao
retorno não
chegariam a
ultrapassar esse
limite. Não
chegaríamos a 500
pessoas no Edserj.
Importante salientar
que esses números
limites de ocupação
não se referem
apenas aos
empregados do BNDES,
mas ao número de
todos os ocupantes
do Edserj
(terceirizados,
prestadores de
serviço, visitantes
etc.)!
Finalmente, estariam
adiando o retorno de
imunossuprimidos,
pessoas com
comorbidade,
lactantes e
gestantes,
aparentemente para
novembro. Trabalham
sob a convicção de
que estaremos em
perfeita ordem, com
pleno controle da
pandemia, em
novembro.
Nossas recomendações
referendadas pela
enquete realizada na
semana passada
ainda sugerem que
uma série de outras
medidas deveriam ser
implementadas.
Considerações dos
grupos prioritários,
em particular dos
que possuem no seu
núcleo familiar
pessoas com
comorbidade, indicam
a necessidade de
“inspetores” que
garantam a aplicação
das normas. São
medidas de bom senso
que deveriam ser
incorporadas pela
administração sem
grande esforço.
Queremos,
entretanto, nos
concentrar em
algumas medidas mais
distantes do que
parece ter sido
absorvido pela
administração.
Em primeiro lugar, é
vital que a
administração
reconheça a
necessidade de
rodízio ou
escalonamento dos
empregados. O
retorno ao
presencial está
sendo feito sob
condições de extrema
incerteza. Ninguém
pode negar isso. A
administração está
confiante de uma
melhora progressiva
do combate à
pandemia até a
normalização do país
em novembro. Todo
mundo tem direito às
suas próprias
expectativas, MAS é
preciso e seria
imperdoável e
irresponsável não
considerar que essas
expectativas possam
ser frustradas.
Nas conversas que
tivemos com
representantes da
administração nos
foi assegurado que
os procedimentos de
retorno serão
dependentes da
evolução da
pandemia. Em tese,
portanto, é
concebível que o
retorno seja
suspenso com a
deterioração da
situação
epidemiológica. Mas
é possível ainda uma
situação
intermediária. Em
que o quadro da
epidemia não avance,
nem recue, a partir
de setembro. Se as
condições internas
do Edserj ou
externas da pandemia
não autorizarem uma
maior ocupação do
prédio, é
fundamental
instituir o rodízio
dos empregados, sob
pena de condenar os,
digamos, 400 que
retornarem em
setembro a continuar
trabalhando
presencialmente,
enquanto o restante
dos empregados que
estaria apto a
voltar ficaria em
casa. Isso não faz
absolutamente nenhum
sentido.
A administração
falhou profundamente
em não preparar uma
proposta de trabalho
híbrido durante esse
último ano e meio. É
imperdoável que não
comecem agora a
planejar esse
rodízio que tem
razões óbvias e de
mínimo bom senso
para ocorrer. Não
poderão dizer daqui
a duas semanas que
não foram avisados.
Em segundo lugar, é
essencial que o
Edserj não permita a
entrada de não
vacinados. A AFBNDES
e os sindicatos
querem participar
das discussões sobre
o que fazer com os
colegas que resolvam
não se vacinar.
Certamente, haverá
consequências para
os que optem pela
não vacinação. A
Associação está
disposta a chegar a
um acordo sobre isso
com a administração.
Hoje o anúncio de
que esses colegas
estarão afastados do
prédio é condição
fundamental para a
segurança dos que
terão que retornar.
Em terceiro lugar, a
segurança a
priori das
condições do prédio
precisa ser
confirmada a
posteriori e
frequentemente.
Precisaremos de
testagem em massa
dos que estejam
ocupando o prédio
para avaliar se o
que foi planejado
está dando certo.
Empresas privadas
chegam a testar a
cada dois dias seus
empregados. O BNDES
pode fazer o mesmo.
Em quarto e último
lugar, é fundamental
que a AFBNDES tenha
acesso às
informações sobre o
funcionamento do
Edserj e das
estatísticas que o
Banco vai usar para
monitorar a evolução
da pandemia. Os
empregados do Banco
confiam na AFBNDES e
ficariam muito mais
tranquilos tendo
assegurada essa
transparência.
Sobre a falta de
motivos e o equívoco
da convocação do
retorno ao trabalho
presencial
Vários colegas têm
nos enviado dados
sobre o desempenho
do Banco durante a
pandemia. Tanto do
lado da despesa
quanto da realização
das metas, colocadas
pela administração,
o resultado parece
de incontestável
economia, de um
lado, e de sucesso,
de outro.
Pedimos em vários
editoriais do
VÍNCULO, nas rodadas
de negociação do
Acordo de Jornada de
Trabalho (AJT) e na
conversa com o
Subcomitê de
Contingência que
fizessem um balanço
do desempenho do
BNDES durante esse
período de
teletrabalho e nos
trouxessem razões
que pudessem motivar
o retorno ao
trabalho presencial
quando ainda estamos
longes de debelar a
pandemia de Covid-19.
Caberia à
administração
apontar quais
entregas não foram
realizadas. O que
não foi entregue a
contento e qual a
relação disso com o
trabalho remoto.
Não ouvimos um único
comentário sobre
isso da
administração.
Nenhuma resposta nas
reuniões, nenhum
posicionamento aos
empregados através
de comunicados.
Cabe aqui uma
explicação da nossa
posição. Mais de uma
vez, inclusive na
imprensa, deixamos
claro que o BNDES
foi apequenado pela
atual administração.
Dissemos, por
exemplo, que seu
papel poderia ter
sido muito maior no
enfrentamento à
pandemia.
Denunciamos o
empenho da
diretoria, na
verdade sua maior
prioridade, em
desmobilizar os
ativos do BNDES no
meio da maior crise
econômica e
sanitária do país.
Porém, é preciso que
fique extremamente
claro: não temos,
absolutamente,
qualquer razão para
acreditar que essa
atuação apequenada,
medíocre, decorreu
das restrições
operacionais
colocadas pelo
trabalho remoto.
Muito pelo
contrário. Nas áreas
onde houve
prioridade apontada
pela administração,
o empenho dos
empregados do BNDES
foi notável. Para
dar um exemplo, vejam
o desempenho dos
colegas do FGI. As
garantias prestadas
pelo FGI
viabilizaram
financiamentos de
cerca de R$ 90
bilhões
(consideravelmente
maiores que os
desembolsos do
BNDES)! Isso
envolveu tremendo
esforço físico,
prontidão e mesmo
exaustão dos nossos
colegas.
Esse é apenas
um exemplo de
desempenho
extraordinário na
nossa organização
durante o período de
teletrabalho.
Poderíamos dar
facilmente outros.
Agregadamente, as
evidências
disponíveis são
impressionantes. Os
desembolsos do
BNDES, cerca de R$
65 bilhões, foram
maiores em 2020 do
que em 2019. Os
Indicadores
Corporativos (KPI’s)
fixados pela
administração em
itens como
“Contratações em
Infraestrutura”,
“Fábrica de Projetos
e Desestatização”,
“Volume de
Contratações por
empregado”,
“Resultado de
Operações de Crédito
e Repasses por
empregado”, entre
outros, atingiram a
marca de 135%
(contra 77% em 2019,
92% em 2018, 100% em
2017).
Do lado da economia
em despesas, devem
ser destacadas as
expressivas reduções
no consumo de luz,
água, custos
prediais e de
telefonia.
O silêncio da
administração às
nossas indagações
não nos surpreendeu.
Decisões imotivadas,
mal explicadas,
arbitrárias, são
marcas registradas
dessa administração.
A lista dessas
decisões todos
conhecem. Sem tentar
ser exaustivo, ela
inclui demissão,
mudanças no Acordo
Coletivo de Trabalho
(ACT), novas
propostas para o AJT,
interferência nas
eleições para
representante dos
empregados no
Conselho de
Administração (CA),
liquidação da
carteira da
BNDESPar, devolução
de empréstimos ao
Tesouro antes do
determinado pelo
Tribunal de Contas
da União (TCU).
Alguém poderia
imaginar que quando
estivéssemos
tratando da vida e
da saúde dos
empregados do BNDES
haveria outro
comportamento. E
havia alguma base
para essa
expectativa. Até que
tivemos o
Comunicado do dia 25
de junho.
Naquela comunicação
estava a marca
registrada da
diretoria.
Comunicação sem
ouvir os empregados,
sem motivação, sem
explicação, sem
nenhum esforço de
persuasão. A
assinatura formal
foi dos
superintendentes, no
âmbito do Subcomitê
de Contingência, mas
a assinatura na
forma e conteúdo era
claramente de uma
diretoria que não se
identifica com a
Casa que comanda,
que segue apenas a
busca por alguma
aprovação dos seus
chefes. Alguma razão
para ser notada e
reconhecida por seus
superiores de
Brasília.
No plano da
pandemia, os temores
dos empregados do
BNDES são muito bem
fundamentados.
Apesar dos anúncios
do prefeito do Rio
de Janeiro de
retomada da
normalidade a partir
de setembro,
amplamente
criticados pelos
órgãos de imprensa e
por especialistas,
estamos todos
receosos da difusão
na nova cepa (delta)
do coronavírus. Por
onde passou, gerou
surto de novos
casos: na Europa, na
Ásia (inclusive na
China), nos Estados
Unidos e na América
Latina (México, por
exemplo). Onde essa
nova variante muito
mais contagiosa se
difundiu, o surto de
novos casos gerou
grande ocupação da
rede hospitalar com
todos os problemas
decorrentes que
conhecemos muito
bem. Mas seu impacto
em termos de morte
foi bastante
diferenciado. Onde
mais de 50% ou 60%
da população havia
sido completamente
imunizada (duas
doses de vacina), o
crescimento de
mortes foi baixo.
Onde a imunização
era baixa, os novos
casos levaram a
surto de mortes tão
impressionante
quanto em outros
momentos de pico da
doença.
No Brasil temos
ainda a vergonhosa
marca de apenas
cerca de 20% da
população
completamente
imunizada. No Rio,
esse indicador é
ainda menor e as
evidências da
difusão da cepa
delta é
particularmente
preocupante em
relação ao resto do
país.
Com o avançar da
imunização da
população mais
idosa, o vírus tem
atingido
crescentemente os
mais jovens,
inclusive crianças.
Que a APEC levante o
número de colegas
que possuem filhos
em idade escolar.
Crianças essas que
ainda estão fora de
qualquer
planejamento de
vacinação.
Os riscos e a
ausência de
motivação da decisão
da diretoria a
respeito do retorno
ao trabalho
presencial tornam
muito compreensíveis
a perplexidade de
praticamente todos
os empregados do
BNDES, como mostrou
a enquete realizada
pela AFBNDES na
semana passada.
Nossa posição não
poderia ser outra. A
decisão mais sensata
– que foi tomada
pelo IBGE, CVM,
FAPES, Itaú, Vale e
por tantas outras
organizações
públicas e privadas
– era adiar o
retorno ao trabalho
presencial.” |