Desde
pequeno eu ouço minha mãe
dizer que ninguém nem nada
nessa vida é perfeito (a
não ser Deus) e que, assim
como cada dedo da mão é
diferente um do outro,
também as pessoas são
diferentes entre si e o lado
bom disso é que essas
diferenças fazem com que
tanto os dedos como as
pessoas consigam fazer
juntos o que não
conseguiriam fazer sozinhos.
Essa
reflexão me ajudou a
aceitar de imediato a
existência de
imperfeições no novíssimo
prédio de escritórios do
BNDES no Rio de Janeiro, o
Ventura, mas confesso que
precisei de algumas semanas
para enxergar o lado bom das
diferenças entre esse novo
prédio e o bom e velho
Edserj.
Dizer
que o Ventura tem
imperfeições pode soar
estranho, à primeira vista,
pois afinal ele é, segundo
dizem, um dos mais modernos,
senão o mais moderno e
inteligente prédio do Rio
de Janeiro, mas pode-se
dizer que, quem tiver a
ventura de trabalhar nele,
terá a oportunidade de
viver, especialmente nos
primeiros dias, algumas
aventuras e desventuras em
série (parece plágio de
nome do filme, mas quem,
como eu, já trabalha ali,
entende o que estou
dizendo).
Então,
para quem for trabalhar no
Ventura, vão aqui algumas
dicas bem-humoradas, mas que
os mais prevenidos podem, se
quiser, levar a sério:
–
ao chegar pela primeira vez
no prédio novo, você
perceberá que, para se
movimentar dentro dele, é
necessário um certo
espírito de aventura; logo
de cara, talvez você fique
um pouco confuso com
relação ao andar em que
você está, pois parece que
o prédio possui dois
"térreos", sendo
que, na verdade, o
verdadeiro andar
"0" (zero) é o
que se tem acesso passando
pelas portas giratórias no
nível da calçada elevada
da Av. Chile, enquanto o
acesso para quem vem a pé
ou de carro pela Av. Chile
ou pela Av. Passos,
corresponde ao subsolo 2
(andar "-2") do
prédio (apesar de estar no
nível da rua!); se ficar
muito confuso, não se
acanhe e peça ajuda aos
seguranças (tem sempre um
por perto);
–
ao lado das portas
giratórias, você
encontrará algumas portas
de vidro com
puxadores/empurradores, mas
não se espante se, ao
tentar abri-las, constatar
que elas estão trancadas
(!); na verdade, é assim
que a maioria delas fica, na
maior parte do tempo, sem
nenhum aviso, explicação
ou sinalização; mas em
certos (na verdade,
incertos) horários algumas
portas são mantidas abertas
ou encostadas, mas
destrancadas, sendo
necessário usar o método
de tentativa e erro para
não ter que passar pelas
portas giratórias, que, cá
entre nós, além de
arcaicas e inadequadas para
serem usadas em caso de
escape, são extremamente
incômodas para quem vem com
bolsas e pacotes e se vê
obrigado a fazer uma
verdadeira ginástica para
entrar ou sair do prédio
(será para compensar a
ausência de ginástica
laboral?); não custa
avisar também que, para
quem vem do G1, às vezes,
são as portas giratórias
desse lado do prédio que
estão travadas e o jeito é
ir tentando todas as portas
de vidro até descobrir qual
é aquela que está
destrancada;
–
se logo no primeiro dia
você precisar fazer a
passagem da "Torre
Leste" para a
"Torre Oeste" ou
vice-versa, uma opção é
descer para o térreo,
passar pela catraca e entrar
de novo; outra opção, que
requer uma boa dose de
espírito de aventura, é
tentar fazer isso sem passar
pelo térreo, mas não se
apavore se em algum momento
ficar perdido, pois sempre
haverá um segurança para
lhe orientar e, depois de
repetir o caminho algumas
vezes, você acabará
ficando familiarizado com o
labirinto de corredores que
levam aos andares e locais
onde devem ser feitas as
baldeações de "ala
baixa" para "ala
alta" e a passagem
propriamente dita de um
prédio para o outro; não
adianta procurar por uma
sinalização que o oriente
nesse sentido, pois esta
simplesmente (ainda?) não
existe.