Cedae: sabotagem ou sucateamento?
O governador Wilson
Witzel disse, na última
segunda-feira (20), acreditar que a
crise da água distribuída pela
Companhia Estadual de Águas e
Esgotos do Rio, a Cedae, foi uma
“sabotagem”. Segundo ele, a intenção
seria “manchar” a imagem da
companhia para o leilão de
concessão: “Eu
desconfio que houve uma sabotagem,
exatamente para manchar a gestão
eficiente que está sendo feita na
Cedae preparando ela para o leilão”.
O governador
não deu detalhes ou apresentou
provas de como teria ocorrido esta
suposta sabotagem no processo de
tratamento da água. Desde o início
do ano, consumidores da capital e de
outros seis municípios do Grande Rio
têm se queixado do cheiro, do gosto
e da coloração barrenta da água.
Já
para o
Sindicato dos Trabalhadores nas
Empresas de Saneamento e Meio
Ambiente do Rio de Janeiro e Região
(Sintsama-RJ),
a situação é fruto do desmonte que a
companhia vem enfrentando. “O
procedimento mais adequado e
democrático com relação a essa
questão da água seria a criação de
uma CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) sobre a Cedae, que
verificasse a fundo o que acontece
na empresa, que tem passado por um
desmonte nos últimos anos”, defende
a entidade.
Segundo o
Sintsama-RJ,
a Cedae realizou um PDV (Programa de
Demissão Voluntária) que retirou dos
quadros da companhia mais de 1.000
trabalhadores com conhecimento
acumulado, sem que houvesse concurso
público para substituí-los. “A Cedae
tem promovido demissões e
perseguições a trabalhadores e
dirigentes sindicais, sucateando a
empresa visando uma possível
privatização dos serviços. Em 2019,
demitiu 54 técnicos experientes, a
maioria engenheiros, sem qualquer
análise de impacto”.
Em março de 2019,
buscando reverter essas demissões, o
Sindicato dos Engenheiros do Estado
do Rio de Janeiro (Senge-RJ)
solicitou mediação ao Ministério
Público do Trabalho (MPT), além de
buscar na Justiça a reintegração dos
trabalhadores. “O Senge-RJ não abre
mão da defesa dos engenheiros da
Cedae”, afirmava o presidente do
sindicato, Olímpio dos Santos, à
época. Segundo ele, estavam “ferindo
de morte a inteligência e a
qualidade dos serviços que a empresa
presta ao consumidor, abrindo mão de
pessoas que têm experiência, memória
e qualificações estratégicas”.
De acordo com os
dirigentes do Sintsama-RJ,
o
governador Wilson Witzel já
disse que pretende vender a empresa
para fazer caixa para o estado,
“mesmo ela sendo lucrativa e
rendendo dividendos para o Rio de
Janeiro. Enquanto isso, no mundo, as
concessões para a iniciativa privada
estão sendo revertidas”.
Queda na qualidade
do serviço –
Para o Sindicato dos
Bancários do Rio, é sempre assim.
“Quando um governo quer entregar uma
estatal para empresas nacionais ou
estrangeiras, antes, começa a
demitir, a terceirizar e piorar a
manutenção dos equipamentos. Assim,
com a queda na qualidade do serviço,
justifica a privatização que é um
crime contra a população. É o que
vem acontecendo com a Cedae”.
“A empresa vem
passando por um profundo processo de
sucateamento, que teve início em
março do ano passado, quando o
presidente da estatal, Hélio Cabral,
a mando do governador Wilson Witzel,
demitiu ilegalmente 54 técnicos,
todos com papel importante no
funcionamento da empresa. Ou seja,
decisões estratégicas para o
funcionamento da Cedae estão
comprometidas porque técnicos
altamente capacitados para tomar
medidas rápidas a fim de sanar e até
mesmo evitar problemas foram
demitidos sumariamente. A crise
hídrica que afeta toda a população
fluminense poderia ter sido evitada
caso o corpo técnico estivesse
funcionando plenamente e se a
manutenção estivesse sendo feita
como mandam os protocolos do setor”,
ressalta a nota do Seeb-Rio.
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