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Edição nº1378 –
quinta-feira, 23 de janeiro
de 2020 |
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Pedido de desculpas aos
funcionários do BNDES |
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Após grande
repercussão na
imprensa do
resultado da
auditoria interna
que não apontou
evidências de
irregularidades
("influência
indevida, corrupção
ou pressão para
conceder tratamento
preferencial") em
oito operações do
BNDES com JBS, grupo
Bertin e Eldorado
Brasil Celulose, o
presidente do Banco,
Gustavo Montezano,
deu entrevista ontem
informando que a
auditoria nas contas
do Banco – a um
custo de R$ 48
milhões – foi
contratada entre
2017 e 2018, antes,
portanto, de sua
administração.
"Não foi essa
diretoria que
contratou a despesa.
Quando nós chegamos
em julho, o
relatório estava 90%
pronto. Só deixamos
eles terminarem e
demos divulgação",
afirmou Montezano,
que participa do
Fórum Econômico
Mundial, em Davos.
Ele negou a
possibilidade de ser
realizada uma
‘auditoria da
auditoria’.
De acordo com
Montezano, a notícia
de que o BNDES pagou
R$ 48 milhões pela
auditoria foi "mal
interpretada pela
sociedade", por isso
é necessário
explicar que a
divulgação do
relatório se trata
de uma ação de
transparência. "O
público qualificado
entendeu a mensagem,
entendeu que estamos
sendo transparentes.
O cidadão comum
também começou a
receber e entender
isso corretamente",
disse. "Nossa função
como executivo é
trabalhar para que o
Banco recupere sua
reputação, e isso já
está acontecendo".
A
fala do presidente
não é muito
diferente do que foi
dito em dezembro
passado, quando a
auditoria foi
oficialmente
divulgada: "Hoje,
entendemos que não
há mais nenhum
evento que requeira
esclarecimento. A
sociedade está com
informação de
qualidade,
substancial",
afirmou Montezano,
que tinha como uma
das metas de sua
gestão "explicar a
‘caixa-preta’ do
BNDES", como foi
informado às
Associações de
Funcionários do
Sistema BNDES em
audiência realizada
no mês de julho de
2019.
Reação da OAB –
O valor pago pela
auditoria e a
própria contratação
do escritório Cleary
Gopttlieb Steen &
Hamilton LLP
causaram celeuma. A
Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), por
exemplo, encaminhou
ofício ao BNDES em
que afirma ser
vedada a prática de
exercício de
advocacia por
estrangeiros ou
grupo econômico
estrangeiro no
Brasil através de
atuação direta ou
associada a
escritórios
nacionais.
Em nota distribuída
à imprensa
anteontem, a AFBNDES
defende que "se as
conclusões da
consultoria ajudarem
a redefinir o debate
público sobre o
BNDES, o valor gasto
na sua contratação
terá valido a pena.
É preciso debater
pública e
criticamente o BNDES
e as políticas
públicas que
orientam a
instituição em prol
do aperfeiçoamento
da instituição e
dessas políticas.
Esse debate é
crucial para o
futuro do país.
Chega de perder
tempo com discussões
vazias e discursos
demagógicos sobre
supostos malfeitos
completamente
destituídos de
evidências".
A
Associação também
destaca que o
relatório da
auditoria acaba de
uma vez por todas
com a história
fantasiosa da
"caixa-preta" do
BNDES – tese tão
cara ao presidente
Jair Bolsonaro
durante a campanha
eleitoral. Logo após
a vitória nas urnas,
o presidente eleito
se comprometeu a
determinar, no
início do mandato,
"a abertura da
caixa-preta do BNDES
e revelar ao povo
brasileiro o que foi
feito com seu
dinheiro nos últimos
anos".
Em 7 de janeiro do
ano passado, o
ministro da
Economia, Paulo
Guedes, ao dar posse
aos novos
presidentes do
BN-DES, Banco do
Brasil e Caixa
Econômica Federal,
repercutiu um tweet
do presidente Jair
Bolsonaro sobre
transparência nas
instituições
financeiras
públicas. "Com
poucos dias de
governo, não só a
caixa- preta do
BNDES, mas de outros
órgãos estão sendo
levantados (sic) e
serão divulgados
(sic). Muitos
contratos foram
desfeitos e serão
expostos (...)",
escreveu o
presidente da
República. Em sua
fala, Guedes afirmou
que o trabalho dos
presidentes das
instituições
passaria por "um
alinhamento com
Bolsonaro", que
estaria interessado
em acabar com
privilégios e abrir
as "caixas-pretas"
dos bancos.
Desculpas –
Em meio ao
noticiário da
semana, o economista
Carlos Thadeu de
Freitas, ex-diretor
do BNDES e
integrante do
Conselho de
Administração do
Banco, defendeu
que a diretoria peça
desculpas aos
fun-cionários da
instituição: "A
diretoria tinha que
pedir des-culpas aos
funcionários que
foram acusados e
tiveram que depor na
Polícia
Federal, como fez o
Castelo Branco na
Petrobrás". No ano
passado, o
presidente da
petrolífera, Roberto
Castello Branco,
enviou carta de
des-culpas a dois
mil empregados que
foram investigados
ou participaram de
processo de
investigações
internas.
Em entrevista à
GloboNews na tarde
de terça-feira (21),
o presidente da
AFBNDES, Arthur
Koblitz, ressaltou
que o re-sultado da
auditoria interna se
soma ao
posicionamento da
Justiça Federal, que
rejeitou denúncia do
Ministério Público
Federal contra os
empregados do Banco.
"Nós temos que
superar essa fase de
discutir o BNDES
como se fosse um
caso de polícia, um
caso criminal. Não
há evidências da
existência de
esquema de corrupção
ou de tráfico de
influência no
Banco", finalizou.
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VERSÃO IMPRESSA |
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(arquivo em PDF) |
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MOVIMENTO |
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Cedae: sabotagem ou
sucateamento?
O
governador Wilson Witzel
disse, na última
segunda-feira (20),
acreditar que a crise da
água distribuída pela
Companhia Estadual de
Águas e Esgotos do Rio,
a Cedae, foi uma
“sabotagem”. Segundo
ele, a intenção seria
“manchar” a imagem da
companhia para o leilão
de concessão: “Eu
desconfio que houve uma
sabotagem, exatamente
para manchar a gestão
eficiente que está sendo
feita na Cedae
preparando ela para o
leilão”. O governador
não deu detalhes ou
apresentou provas de
como teria ocorrido esta
suposta sabotagem no
processo de tratamento
da água. Desde o início
do ano, consumidores da
capital e de outros seis
municípios do Grande Rio
têm se queixado do
cheiro, do gosto e da
coloração barrenta da
água.
Já
para o
Sindicato
dos Trabalhadores nas
Empresas de Saneamento e
Meio Ambiente do Rio de
Janeiro e Região (Sintsama-RJ),
a situação é fruto do
desmonte que a companhia
vem enfrentando. “O
procedimento mais
adequado e democrático
com relação a essa
questão da água seria a
criação de uma CPI
(Comissão Parlamentar de
Inquérito) sobre a Cedae,
que verificasse a fundo
o que acontece na
empresa, que tem passado
por um desmonte nos
últimos anos”, defende a
entidade.
Segundo o
Sintsama-RJ,
a Cedae realizou um PDV
(Programa de Demissão
Voluntária) que retirou
dos quadros da companhia
mais de 1.000
trabalhadores com
conhecimento acumulado,
sem que houvesse
concurso público para
substituí-los. “A Cedae
tem promovido demissões
e perseguições a
trabalhadores e
dirigentes sindicais,
sucateando a empresa
visando uma possível
privatização dos
serviços. Em 2019,
demitiu 54 técnicos
experientes, a maioria
engenheiros, sem
qualquer análise de
impacto”.
Em março
de 2019, buscando
reverter essas
demissões, o Sindicato
dos Engenheiros do
Estado do Rio de Janeiro
(Senge-RJ) solicitou
mediação ao Ministério
Público do Trabalho (MPT),
além de buscar na
Justiça a reintegração
dos trabalhadores. “O
Senge-RJ não abre mão da
defesa dos engenheiros
da Cedae”, afirmava o
presidente do sindicato,
Olímpio dos Santos, à
época. Segundo ele,
estavam “ferindo de
morte a inteligência e a
qualidade dos serviços
que a empresa presta ao
consumidor, abrindo mão
de pessoas que têm
experiência, memória e
qualificações
estratégicas”.
De acordo
com os dirigentes do Sintsama-RJ,
o
governador Wilson Witzel
já disse que pretende
vender a empresa para
fazer caixa para o
estado, “mesmo ela sendo
lucrativa e rendendo
dividendos para o Rio de
Janeiro. Enquanto isso,
no mundo, as concessões
para a iniciativa
privada estão sendo
revertidas”.
Queda
na qualidade do serviço
–
Para o
Sindicato dos Bancários
do Rio, é sempre assim.
“Quando um governo quer
entregar uma estatal
para empresas nacionais
ou estrangeiras, antes,
começa a demitir, a
terceirizar e piorar a
manutenção dos
equipamentos. Assim, com
a queda na qualidade do
serviço, justifica a
privatização que é um
crime contra a
população. É o que vem
acontecendo com a Cedae”.
“A empresa vem passando
por um profundo processo
de sucateamento, que
teve início em março do
ano passado, quando o
presidente da estatal,
Hélio Cabral, a mando do
governador Wilson Witzel,
demitiu ilegalmente 54
técnicos, todos com
papel importante no
funcionamento da
empresa. Ou seja,
decisões estratégicas
para o funcionamento da
Cedae estão
comprometidas porque
técnicos altamente
capacitados para tomar
medidas rápidas a fim de
sanar e até mesmo evitar
problemas foram
demitidos sumariamente.
A crise hídrica que
afeta toda a população
fluminense poderia ter
sido evitada caso o
corpo técnico estivesse
funcionando plenamente e
se a manutenção
estivesse sendo feita
como mandam os
protocolos do setor”,
ressalta a nota do
Seeb-Rio. |
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